Erosão avança sobre praias de três ilhas de Belém e prejudica moradores e banhistas

Um dos locais mais críticos é na praia do Paraíso; prefeitura elabora estudo para poder decretar situação de emergência nos pontos identificados

Dilson Pimentel
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A Prefeitura de Belém está elaborando um relatório detalhado e atualizado para sinalizar os pontos de riscos de erosão e deslizamentos de encostas nas ilhas de Outeiro, Cotijuba e Mosqueiro. O intuito desse estudo é decretar situação de emergência nos pontos identificados no documento, para viabilizar a adoção de medidas preventivas contra possíveis desabamentos e acidentes ocasionados pelo deslizamento de encostas.

Uma das mais afetadas é a praia do Paraíso, onde trabalha o caseiro Clóvis Rodrigues, o “Bira”, 67 anos. “O problema aumenta nessa época. E já começou. As primeiras águas já fizeram isso”, disse, mostrando os estragos que as águas causam na orla da praia.

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“A tendência é vir cada vez mais pra cima. Essa erosão afeta a gente, porque a pessoa quer descer (para ir na praia) e não tem condição. Famílias, pessoas idosas. Aí eles procuram outro canto”, contou. Morando na área há mais de 40 anos, Bira disse que, a cada ano, a erosão avança mais. "Tem que colocar um muro de arrimo nessa beirada”, aconselha.

Ele também pesca. Mas tem medo de exercer esse trabalho. “Quero descer de noite para a minha pescaria. Mas, de repente, com a minha idade, eu caio em cima de uma pedra dessas (que ficam expostas por causa da força das águas). E aí?”, perguntou.

A equipe da Prefeitura de Belém, que está fazendo aquele levantamento, é composta por técnicos de diversas secretarias municipais e liderada pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil Municipal (Comdec).

image Estragos causados pela força das águas na orla da praia do Paraíso (Igor Mota/O Liberal)

 

Concluídos, os relatórios seguem para avaliação da Procuradoria Geral do Município (PGM), que vai elaborar o decreto de emergência que deverá ser assinado pelo prefeito Edmilson Rodrigues. Segundo o titular da Defesa Civil, Claudionor Corrêa, a partir dos resultados desses relatórios e decretando situação de emergência nas áreas sinalizadas pela equipe técnica, a Prefeitura de Belém terá mais condições de negociar recursos junto ao governo federal para realizar as medidas preventivas necessárias.

Além da Defesa Civil, a equipe da Prefeitura de Belém responsável pelo levantamento das áreas de risco nas ilhas é composta de técnicos das Secretarias Municipais de Meio Ambiente (Semma), Urbanismo (Seurb), Saneamento (Sesan), Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) e Agências Distritais de Outeiro e Mosqueiro.

"Erosão vem progredindo cada vez mais”, diz caseiro

Também trabalhando na praia do Paraíso, o também caseiro Gileno José Rocha, 44 anos, comentou essa situação: “A gente é responsável por esse bar aqui há 4 anos. E essa erosão vem progredindo cada vez mais, principalmente nessas águas grandes, de janeiro a março. E vem destruindo. Antigamente tinha uns 10 metros pra fora dessa beirada. E tá chegando cada vez mais próximo a residências, bares”, contou. “Nosso bar está fechando por causa da erosão, que vai tomando conta cada vez mais. E se aproximando da rua”, afirmou.

Gileno completou: “De emergência, tem que ser feito um muro de proteção para que a gente possa permanecer protegido. A natureza vem com suas águas fortes, têm as chuvas fortes e vai desmoronando a orla da praia do paraíso. É um risco para quem frequenta. A praia do paraíso é muito frequentada por famílias, com crianças, que buscam lazer. Como um idoso vai descer para tomar um banho aqui? Não tem como. Não tem acesso à praia por causa da erosão.

Na semana passada, Adenilton Vieira, 41, foi com a família (esposa e três filhos, de 9, 6 e 1 ano e um mês) para a praia do Paraíso. “A gente percebe que vai caindo mesmo. Tanto que já teve um caso de acidente aqui”, disse. “Por causa da erosão, a gente não fica mais embaixo das árvores, na sombra, como ficava antigamente. A gente traz sombrinhas para não ficar no sol”, contou. Ele afirmou que é preciso fazer uma espécie de barricada para conter o avanço das águas. “A natureza está forte e cada dia que passa vai ‘comendo’ essa parte da praia”, disse.

image O autônomo Nil Vale fala sobre a erosão na praia do Marahú, em Mosqueiro (Igor Mota/O Liberal)

Situação também é preocupante na praia do Marahú, em Mosqueiro

Ainda no Paraíso, um dos lugares mais procurados pelos banhistas em Mosqueiro, o vendedor ambulante José Dantas Garcia, mais conhecido como José Moreira, 52 anos, também comentou sobre esse problema. “A água é muito forte e tá caindo a calçada, tá caindo tudo”, disse. “É preciso olhar mais para essa área que está com um risco muito grande de desabar”. Nesse trecho, há um muro de arrimo, mas, mesmo assim, a erosão abriu uma cratera no local.

O também ambulante Francieldo Linhares, 42 anos, disse que a situação “tá meio crítica. Precisa de uma reforma urgente, porque senão vai cair a orla toda. E essa praia é tão bonita”. “Faz cinco anos que fizeram isso aqui (a proteção). Tá precisando de uma outra reforma, porque a água está avançando. Olha o buracão”, afirmou.

A situação também é preocupante na praia do Marahú. A exemplo da praia do Paraíso, não há qualquer placa alertando para as erosões. Um frequentador desavisado poderia, inclusive, sofrer um acidente, porque, à distância, a erosão se mistura com a vegetação. Morando em Mosqueiro há 35 anos, o autônomo Nil Vale, 37, conhece bem essa praia. “A situação da praia nossa é uma calamidade. Essa parte aqui da orla, antes, era muito mais pra lá (em direção ao rio e afastada da orla)”, disse. “Uma praia linda como essa abandonada pelo nosso poder público”, contou. Ele trabalhou nessa praia como garçom durante alguns anos. “Tem que fazer um muro de arrimo”, afirmou.

 

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