Eleições 2022: Pesquisas erraram resultados das urnas também no segundo turno
De 8 institutos, apenas 2 chegaram bem próximo do resultado oficial

Semelhante ao verificado no primeiro turno das Eleições 2022, institutos de pesquisas de intenção de votos erraram no comparativo ao resultado oficial do pleito do segundo turno, neste domingo (30), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pelo resultado oficial, com 99,99% das urnas apuradas, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve 50,90% dos votos, correspondendo a 60.345.825 votos, enquanto o candidato Jair Bolsonaro (PL), levou 49,10% dos votos, ou seja, 58.206.322 votos.
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Entre as pesquisas de intenção de votos, para o segundo turno, considerando somente os votos válidos, divulgadas por oito institutos a um dia do pleito de 30 de outubro, o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria, antigo Ibope), foi o que mais ficou longe do resultado real, enquanto que a Paraná Pesquisa foi a que mais se aproximou. De uma maneira geral, antes da votação, foi indicada uma distância entre os candidatos variando de 0,8 a 8 pontos percentuais, mas, na verdade, ela ficou em 1,1%, ou seja, a disputa foi muito acirrada.
O Ipec/Globo indicou que Lula teria 54,0% dos votos e Bolsonaro, 46,0%, totalizando 8 pontos percentuais de diferença. Essa pesquisa foi feita de 27 a 29 de outubro, de forma presencial e com 2,0 de margem de erro e confiança de 95%. Porém, o resultado nas urnas foi bem diferente.
A Atlas cravou 53,4% para Lula contra 46,6% para o atual presidente e foi realizada entre 26 e 29 de outubro. Pela pesquisa, a diferença entre os dois seria de 6,8%, mas foi de 1,1%.
Já o DataFolha apontava como resultado Lula com 52,0% e Bolsonaro com 48,0% dos votos, sendo a diferença entre eles de 4,0%. A pesquisa foi presencial, entre 28 e 29 de outubro, com 2,0 de margem de erro. Essa margem de erro indica um resultado bem próximo do que ocorreu na votação deste domingo. Semelhante prognóstico foi feito pela Quaest/Genial, inclusive, com os mesmos percentuais de votos e diferença entre os candidatos.
Mais perto
Quem chegou mais perto de "cravar" o resultado da votação do segundo turno das Eleições 2022 foram dois institutos: o Paraná Pesquisas, com levantamento feito entre 26 e 28 de outubro, de forma presencial, com 2,0 de margem de erro, indicando; Lula com 50,4% e Bolsonaro com 49,6%, e diferença de 0,8%. A pesquisa da MDA/CNT, feita de forma presencial de 26 a 28 de outubro, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais, apontou: Lula com 51,1% a 48,9%, com diferença de 2,2%.
Câmara e Senado terão CPI dos Institutos de Pesquisa
Logo após os erros dos institutos de pesquisa no primeiro turno das eleições deste ano, começaram as movimentações no Congresso Nacional para apurar as supostas irregularidades que possam ter sido cometidas pelas empresas.
Na última semana, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) informou que conseguiu as 171 assinaturas necessárias em apoio a um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar institutos de pesquisas eleitorais na Câmara dos Deputados. “Conseguimos coletar as 171 assinaturas necessárias para a CPI dos Institutos de Pesquisa. Aguardamos agora a instalação na Câmara dos Deputados. Obrigado a todos que assinaram e ajudaram na divulgação”, escreveu
Pelo texto da proposta, o pedido é que se institua a comissão para “investigar o uso político dos institutos de pesquisas eleitorais a fim de influenciar o resultado das eleições em favor de determinados candidatos, partidos ou espectro político”.
No Senado, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) também já coletou assinaturas suficientes para a instalação de uma CPI para apurar os sistemas de realização de pesquisas eleitorais de intenção de voto pelas principais empresas e institutos do país, além de aferir as causas das “expressivas discrepâncias entre as referências prognósticas, principalmente de curtíssimo prazo, e os resultados apurados”.
Projeto de regulamentação tramita com urgência na Câmara
A Câmara dos Deputados aprovou neste mês, por 295 votos favoráveis e 120 votos contrários, o requerimento de urgência para o Projeto de Lei 96/2011, do deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), que amplia multas a institutos de pesquisa e altera o conceito de pesquisa fraudulenta. Com informações da Agência Câmara.
A urgência permite que a proposta seja incluída na Ordem do Dia do Plenário, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adiantou que será votada uma outra proposta sobre regulamentação das pesquisas eleitorais e que esse novo texto será alvo de uma ampla rodada de negociações com os líderes de todos os partidos.
“Nós estamos votando um requerimento de urgência de um projeto mais antigo, e nada tem a ver com o mérito do que vai ser discutido. Nós fizemos um compromisso hoje com os líderes da base e com os líderes da oposição para sentarmos e dialogarmos sobre o texto de mérito desse projeto. Depois do texto resolvido, ele vem a Plenário quando tiver o mínimo possível acordado”, explicou.
Lira disse ainda que vai negociar o texto com o Senado. “Não haverá açodamento, mas tem que haver um start com relação à disposição de trazer esse assunto com a urgência que ele requer, dado o histórico das últimas três ou quatro eleições”, declarou.
Regulamentação
Apensado a este projeto está o PL 2567/2022, do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que pune os responsáveis por pesquisa eleitoral com números divergentes, acima da margem de erro, dos resultados oficiais das eleições.
Ricardo Barros afirmou que a pesquisa eleitoral interfere na escolha do eleitor e, por isso, o tema precisa ser regulamentado. “Eu mesmo já fiz pesquisas que perguntaram aos eleitores se ele mudaria o voto de acordo com a pesquisa divulgada na véspera, e a resposta de 3,4% dos entrevistados é que sim. É uma cultura do brasileiro não perder voto”, disse.
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