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Conheça curiosidades sobre o Halloween e como a festa conquistou Belém

Lazer, trabalho, história, cultura popular... o Dia das Bruxas do paraense reúne cada vez mais elementos que tornam a festa muito mais acessível

O Liberal

Fantasias assustadoras e festas temáticas com decorações de tirar o fôlego são os sinais de que a temporada das “gostosuras e travessuras” está aberta. O Halloween (Dia das Bruxas), comemorado no dia 31 de outubro, é culturalmente celebrado nos Estados Unidos e é marcado por crianças que se fantasiam de monstros e saem à procura de doces. Atualmente, a festa tem sido cada vez mais reproduzida em diferentes lugares do mundo e o Pará não fica de fora.

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Apesar de o tema estar sendo inserido, gradativamente, nas festas paraenses, poucas pessoas conhecem de fato a história da tradição do Halloween, que tem uma série de contornos oficiais e não oficiais. O nome da festividade seria uma abreviação da expressão "All Hallows' Eve", pela junção das palavras "hallow", que significa "santo", e "eve", que significa "véspera", pois ocorre no dia anterior à celebração do Dia de Todos os Santos.

Historiadores acreditam que a festa, celebrada há mais de 3 mil anos, tenha surgido do festival celta de Samhain (termo que significa "fim do verão"). O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro em homenagem ao "Rei dos Mortos". Além da comemoração do fim do verão, comemorava-se a passagem do ano celta, que tinha início no dia 1º de novembro.

Os celtas acreditavam que, no início do inverno, os mortos visitavam suas casas. Mas também surgiam assombrações que poderiam amaldiçoar animais e colheitas. Por esse motivo, eram usadas fantasias com objetivo de afastar os maus espíritos. Somente durante a Idade Média a Igreja começou a condenar o evento, e daí surgiu o nome “Dia das Bruxas”.

O antropólogo João Simões, da Universidade Federal do Pará (UFPA), em uma entrevista previamente publicada sobre a data "Sexta-Feira 13", destacou que é uma condição humana viver no mistério, do mistério e para o mistério. Tanto que se cria teorias do nascimento do Universo.

"Nós somos seres simbólicos e damos significado ao mundo. Partimos, sempre, de crenças, além de conhecimentos comprovados, para desenvolver nossa capacidade de sobrevivência e adaptação ao resto da natureza. As crenças populares estruturam o imaginário coletivo e social”, observa, para falar sobre como uma festividade, cercada de símbolos, atravessa gerações.

 

Ressignificação do Halloween no Pará e no Brasil

No Brasil, mesmo com a influência estadunidense, a festa tem ganhado novas formas. Em 2003, com Projeto de Lei Federal n.º 2.762, a data comemora também o Dia do Saci. O projeto busca resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Dia das Bruxas.

"Nesse período das festas de Halloween, o mercado de festas aquece. Essa tradição está se difundindo de forma exponencial no Brasil, no Pará e de forma mais específica, em Belém. A procura por festas cada vez mais caracterizadas e personalizadas e a participação da sociedade está popularizando esta tradição do Halloween em festas familiares, círculos de amigos e, especialmente, condomínios”, explica Ferlana Oliveira Váz, dona de uma empresa de decoração em Belém.

Ferlana ressalta que as características estadunidenses destas festas influenciam as decorações, porém a cultura local também é levada em consideração. “Não há como negar as influências nortistas ou mesmo paraenses nas decorações. O fato é que cada vez mais nossas festas de Halloween estão inseridas de forma importante e divertida na sociedade paraense. Tanto adultos quanto as crianças se divertem”, conclui.

Como forma de ressignificar o Halloween e valorizar a cultura paraense, no dia 31 de outubro, o projeto Cortejo Visagento mobiliza diversas pessoas, que saem pelas ruas do bairro do Guamá em comemoração ao Dia da Matinta - personagem folclórico das assombrações da região Norte. O Cortejo é uma iniciativa do Espaço Cultural Nossa Biblioteca e integra o projeto "Guamá Tricentenário".

Os participantes usam fantasias variadas, porém a intenção é estimular o uso de fantasias que referenciam as lendas paraenses. Esta é a terceira edição do projeto, que tem como local de concentração o cemitério Santa Izabel. Há inclusive oficinas de maquiagem —  que simulam ferimentos e outras coisas sinistras para as fantasias de terror —, que transcendem a data e se tornam fonte de renda, como explica Alana Lima, mediadora da oficina de maquiagem de ferimentos do Cortejo. Para se divertir, muita gente pode usar coisas que se tem em casa.

image Se preparando para aventuras sinistras do Cortejo Visagento, uma turma fez uma oficina de maquiagem para simular ferimentos e dar sustos por aí neste Halloween (Sidney Oliveira / O Liberal)

Cortejo do Guamá começou como "protesto" contra o Halloween

“O cortejo foi pensado como um projeto que iria contra com o Halloween. Podemos chamar de ressignificação da data, pois em vez de ser um evento que abraça uma comemoração que não tem relação com a nossa cultura, ele faz uma exaltação voltada para a cultura paraense de visagem. Acredito que quem não tem memória e nem história acaba perdendo a sua identidade. Infelizmente aqui no Brasil temos essa construção cultural de valorização mais de fora do que de dentro, principalmente da cultura estadunidense e europeia. Acho que temos que saber equilibrar as coisas, não temos que focar só no de fora e esquecer nossas tradições assim como não temos que nos fechar”, explica uma das organizadoras do evento, a estudante de letras Tereza Oliveira.

No dia do evento, o uso de fantasias fica sendo de livre escolha para quem quiser ir. Porém, as crianças que participam das oficinas disponibilizadas pelo projeto são incentivadas a fazerem uso de fantasias em referência a contos da região, como: a Cobra grande, matinta, Yara e outros. As oficinas variam e vão desde contação de história, maquiagem de ferimentos, confecção de máscaras e adereços visagentos, até oficinas de expressão corporal. Haverá ainda um concurso de fantasia, que leva em consideração a fantasia e a performance ao longo do trajeto.

(Bruna Ribeiro, estagiária, sob supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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