Ciclistas relatam perigos diários em circular pela avenida João Paulo II, em Belém

Semob afirma que, na avenida João Paulo II, além das rondas diárias, a via também é fiscalizada por radares e câmeras de videomonitoramento

Dilson Pimentel
Foto: Carmem Helena/O Liberal
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Os ciclistas que pedalam pela avenida João Paulo II, em Belém, relatam os perigos que enfrentam diariamente nessa via. “É muito perigoso aqui porque ninguém respeita ninguém”, conta o pintor Ednilson Rocha, 54 anos, reclamando da conduta de muitos motociclistas. “É que eles sempre passam na faixa do ciclista. Não respeitam. Eu acredito que o motociclista tirou carteira para andar em uma via e não numa ciclovia”, afirmou.

Na noite de quinta-feira (15), Maria Sirleia Rodrigues Brasil morreu após ser atingida por uma motocicleta na via, no bairro Guanabara, em Ananindeua, na Grande Belém. A vítima, bastante conhecida em grupos de pedal, estava em uma bicicleta, acompanhada de cerca de outros 15 ciclistas na hora do acidente.

Conforme o relato de colegas de Sirleia, a batida foi tão forte que chegou a quebrar o quadro da bike em que ela estava. A Polícia Civil, em nota, informou nesta sexta (16) que "perícias foram solicitadas e testemunhas estão sendo ouvidas para auxiliar nas investigações".

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O pintor Ednilson disse ainda que redobra a atenção para não ser atropelado. “A gente procura sempre usar as proteções, os cuidados. Mas, mesmo assim, a gente está sujeito a sofrer acidentes”, afirmou. Ele afirmou que enfrentou situações perigosas envolvendo condutores de motos. “Várias vezes. Eles passaram na minha frente, não respeitaram e foram embora. Eu quase caí na sarjeta”, completou. Nesta terça-feira, ele pedalava de São Brás, em Belém, até sua casa, na Cidade Nova, em Ananindeua, um percurso que fez em pouco mais de uma hora.

O pedreiro Idemárcio Santos, 45 anos, também pedala muito pela avenida João Paulo II, pois usa a bicicleta para o trabalho. “Eu ando de bicicleta. Moto é muito perigoso. E tem que andar com muito cuidado”, contou. “É porque eles querem cortar a frente do ciclista, eles não obedecem. E o ciclista, às vezes, não está preparado e aí vai e acontece um acidente”, disse.

Pouco antes de começar a entrevista com Idemárcio, uma moto passou ao lado dele, na ciclofaixa da av. João Paulo II. Ele afirmou que é preciso ter muito cuidado e "redobrar a atenção”.

Pintor Ednilson Rocha, 54 anos: "motociclistas sempre passam na faixa do ciclista" Pintor Ednilson Rocha, 54 anos: "motociclistas sempre passam na faixa do ciclista" (Foto: Carmem Helena/O Liberal)

Cinco ciclistas morreram e 152 ficaram feridos em 2023

De janeiro a agosto de 2023, foram registrados 157 acidentes envolvendo ciclistas em Belém, resultando em 152 feridos e 5 óbitos. Os dados são da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob).

A Semob acrescenta que, de acordo com o Relatório Estatístico de Acidentes de Trânsito em Belém, produzido pelo órgão, a partir de dados do Departamento de Trânsito do Pará (Detran), em 2022 foram registrados 320 acidentes envolvendo ciclistas, resultando em 307 feridos e 13 óbitos.

A autarquia informa que ainda está consolidando, junto ao Detran, os dados de sinistros de trânsito ocorridos de setembro a dezembro de 2023 e de janeiro a agosto de 2024.

A Semob informou ainda que mantém fiscalização regular com agentes de trânsito em rondas diárias na cidade, principalmente nos corredores com faixas exclusivas para ciclista, além de blitz com o apoio do guincho e da fiscalização eletrônica, com radares e câmeras de videomonitoramento, para coibir infrações de trânsito na cidade e garantir a segurança viária. Mediante flagrante de infração de trânsito, os agentes da Semob aplicam a devida autuação.

O pedreiro Idemárcio Santos, 45 anos, afirma que é preciso muito cuidado ao pedalar na avenida João Paulo II O pedreiro Idemárcio Santos, 45 anos, afirma que é preciso muito cuidado ao pedalar na avenida João Paulo II (Foto: Carmem Helena/O Liberal)

Ações de educação para o trânsito também é uma das competências da Semob, com o intuito de diminuir a ocorrência de sinistros, envolvendo ciclistas e a todos os envolvidos no trânsito: ciclista, pedestre, motociclista e os condutores em geral, bem como, direcionadas aos estudantes de escolas da rede pública e privada.

No caso da avenida João Paulo II, além das rondas diárias, a via também é fiscalizada por radares e câmeras de videomonitoramento. A Semob reforça que trafegar nas ciclofaixas e ciclovias é infração gravíssima, conforme o art. 193 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), somando 7 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do condutor e multa de R$ 293,47 triplicada, totalizando R$ 880,41.

A via em questão já recebeu ação educativa direcionada aos condutores e ciclistas para orientar sobre o uso adequado e respeito a esses espaços exclusivos aos ciclistas. Os ciclistas também são orientados, por questão de segurança, a usar as ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas. Na ausência desses espaços, é importante trafegar pelo acostamento e sempre pedalar na mão da via.

Os agentes de educação para o trânsito também orientam sobre uso de roupas claras, refletivas ou chamativas, para que o ciclista seja visto pelos condutores, e sinalizar sempre com a mão a direção para onde irá virar. É importante, também, o uso de itens de segurança como capacete, óculos ou viseira, joelheira e cotoveleira, pois protegem em casos de sinistros de trânsito.

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