Procissão fluvial centenária celebra São Pedro nas águas da Ilha de Mosqueiro, em Belém
Evento religioso e cultural é mantido por famílias de pescadores há mais de 100 anos

Uma das mais tradicionais manifestações de fé da região ribeirinha paraense ganhou as águas da Ilha de Mosqueiro, distrito de Belém, na manhã deste domingo (29/06), durante a procissão fluvial em homenagem a São Pedro, padroeiro dos pescadores. Com barcos enfeitados por flores, bandeirolas e tecidos coloridos, os fieis percorreram a Baía do Sol para marcar o Dia de São Pedro, celebrado com alegria e devoção.
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A celebração é centenária: são 107 anos de tradição na ilha. A programação teve início ainda cedo, por volta das 7h, com um café da manhã no Terminal Hidroviário de Mosqueiro, reunindo moradores, turistas e integrantes de colônias de pescadores da região.
Logo após, as embarcações se deslocaram para o Porto do Pelé, no furo do Maracajá, ponto de partida da procissão fluvial. O trajeto pelas águas durou cerca de duas horas e terminou no mesmo terminal, por volta das 11h.
A organização da festividade é feita pela Paróquia São Pedro Pescador, localizada na Baía do Sol, com apoio da Subprefeitura de Mosqueiro e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Belém. Segundo o subprefeito do distrito, tenente-coronel Renato Brandão, a festa tem origem em 1918 e carrega um forte valor simbólico para os moradores da ilha.
“São 107 anos de uma festa que nasceu com Isabel Palheta e a Colônia de Pescadores local, em um período em que a pesca já era a base da economia da ilha. A devoção a São Pedro surgiu justamente como uma forma de pedir proteção e prosperidade para o trabalho no mar”, explicou o subprefeito.
Ele destacou que, além da procissão fluvial, a programação inclui missas, apresentações culturais, pequenas procissões nos bairros e eventos na orla do Areão.
A procissão deste ano contou com dezenas de embarcações de pequeno e médio porte, todas ornamentadas com muito cuidado pelos fieis. Entre elas, estava a do grupo de pescadores “Fígados de Aço”, que acompanha a festividade há gerações. O atual presidente do grupo, Francisco Vieira, de 46 anos, contou que a tradição foi herdada da mãe, uma das responsáveis por manter viva a devoção.
“A festividade é muito boa, é uma tradição que vem da minha mãe. Ela que era dona da festividade, e a gente continua com esse amor por São Pedro. Hoje vamos acompanhar de rabeta, e nosso barquinho está enfeitado com bandeirolas, com bebida, tudo representando a festa junina e a nossa equipe”, disse Francisco, enquanto preparava a embarcação para o trajeto.
A coordenadora geral da festividade, Vanda Palheta, de 54 anos, destacou que a procissão fluvial representa o ponto alto da celebração em honra a São Pedro. Segundo ela, este é o momento de maior emoção para os devotos e para sua família, que há mais de um século mantém viva a tradição na Ilha.
“Esse é o ápice da nossa festividade, é o dia Dele, o momento em que a gente agradece e louva a importância de São Pedro na nossa história. São anos de devoção que começou com a minha avó, passou pela minha mãe, e agora, estão nas mãos dos filhos”, afirmou Vanda.
Ela também celebrou o retorno da banda de São Caetano de Odivelas, ausente há dez anos por conta da saúde da mãe. Para Vanda, a presença do grupo musical representa uma grande emoção e uma homenagem especial.
O percurso pelas águas foi acompanhado por cânticos, orações e saudações ao santo, em um clima de confraternização. Ao final da procissão, a programação seguiu com celebrações religiosas, como a missa no Santuário Nossa Senhora do Ó, na Vila.
Também serão realizadas outras pequenas procissões em bairros como Vila e Maracajá, além de atrações culturais que movimentaram a orla do Areão durante o restante do domingo.
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