Belém e Ananindeua amanhecem cobertas por fumaças pelo terceiro dia consecutivo
Moradores da grande Belém relataram que a fumaça se intensificou desde a última noite de terça-feira (03)

Pelo terceiro dia consecutivo, bairros de Belém e Ananindeua amanheceram com odor e neblina de fumaça. Na manhã desta terça-feira (4), em alguns pontos da capital paraense, foi possível observar ruas cobertas pela nuvem esbranquiçada de fumaça. Imagens registradas no bairro de São Brás e Jurunas mostram carros, ônibus e pedestres trafegando em meio a pouca visibilidade causada pela fumaça.
Registros mostram pedestres atravessando a faixa na avenida Almirante Barroso, próximo ao Bosque Rodrigues Alves, em meio a neblinas de fumaça. Desde segunda-feira (02), muitos moradores da capital se queixam das manhãs esfumaçadas.
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Na noite da última terça-feira (03), internautas relataram que a fumaça se intensificou por volta das 22h. Muitos moradores passaram a registrar a situação e fazer alguns alertas quanto à inalação da fumaça.
Até o momento, os registros nas redes sociais feitos - logo nas primeiras horas do dia - mostram a neblina de fumaça nos bairros de Nazaré, Pedreira, Umarizal, Marco, Curió-Utinga, Jurunas, Guamá e São Brás.
A reportagem tenta contato com a Prefeitura de Belém e a Prefeitura de Ananindeua para apurar como monitoram a situação da fumaça nos municípios.
O que disse o Corpo de Bombeiros?
Na última terça-feira (03), o Corpo de Bombeiros Militar do Pará e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informaram que neste verão amazônico a estiagem e outros fenômenos climatológicos cooperam para o surgimento dessa “nuvem de fumaça”, entre eles os incêndios. "Entretanto, apesar de colaborarem para o fenômeno, os incêndios não são determinantes para a existência de fumaça", detalha a nota dos Bombeiros.
Sesma
Acerca da fumaça na RMB, a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) informou, na terça-feira (3), que não cabe a esse órgão o monitoramento desse processo. E comunicou que, com relação ao atendimento à problemas de saúde, por causa da inalação da fumaça, a rede de urgência e emergência da capital, composta pelas Unidades de Pronto Atendimento da Marambaia, Terra Firme, Jurunas, Sacramenta e Icoaraci, além dos Hospitais Pronto Socorro Municipal "Mário Pinotti" e "Humberto Maradei", segue funcionando no regime de "porta aberta" para atendimento a possíveis casos de agravamento por problemas respiratórios em virtude da fumaça. Mas, como informou, a Sesma reitera que não registrou aumento significativo no número de atendimentos a esses casos até o momento.
Ananindeua
Diante do problema ambiental verificado na Região Metropolitana de Belém, há três dias registrando um odor forte e fumaça branca que atinge moradores nas casas e vias públicas, a Prefeitura de Ananindeua anunciou, nesta quarta-feira (4), que passa a adotar medidas emergenciais para atender a população. Dessa forma, a gestão ambiental coloca em funcionamento um consultório móvel no bairro de Águas Lindas.
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) "está acompanhando os impactos da fumaça gerada por foco de incêndio proveniente do lixão do Aurá, que tem prejudicado os moradores de bairros próximos", informou a Prefeitura.
"As duas policlínicas (do lado sul e do lado norte) estão em alerta no atendimento espontâneo. E agora, levaremos o atendimento pra mais perto da população. O consultório móvel irá atender na comunidade “área dos correios” em Águas Lindas".
Serviços
A ação emergencial na "área dos Correios Águas Lindas" envolve atendimento médico, serviços de enfermagem, nebulização, farmácia e entrega de máscaras.
Esses serviços passam a funcionar no local nesta quinta-feira (5) e na sexta-feira (6), das 8h às 17h, na Estrada da Águas Lindas, entre rua Independência e rua Amazonas. Nesse perímetro, concentra-se o maior número de moradores afetados pela fumaça gerada por focos de incêndio no Lixão do Aurá, situado no município de Belém.
"Além da iniciativa itinerante, toda a Rede Municipal de Saúde (UPas, Ubss e Policlínicas) está em alerta para a demanda espontânea de casos envolvendo problemas respiratórios", reforça a gestão municipal.
Desde o fim de semana, quando começou a ocorrência dos focos de incêndio, a Prefeitura de Ananindeua tem prestado apoio ao Corpo de Bombeiros com equipes da Defesa Civil. E o CRAS Santana do Aurá tem servido de ponto de apoio à população do entorno.
Cuidados
O médico pneumologista André Nunes Filho destaca-se que se trata de poluição, ou seja, os chamados "particulados na atmosfera". Pelo tipo de particulado (fuligem, micropoluentes) e pela concentração dele, isso poderá ter maior ou menor implicação na saúde das pessoas. "Logicamente, quem está por perto das fontes emissoras vai sofrer mais. As crianças, as pessoas idosas, os alérgicos e pessoas com doenças cardíaca e renal estão mais vulneráveis e poderão vir a sofrer as consequências", ressalta. Ele orienta a quem está perto da fonte da fumaça a usar máscaras de proteção.
Em outros países e outras regiões do Brasil mais industrializadas, como frisa o pneumologista, situações como essa tomam muitas vezes uma proporção muito grande, aumentando o número de procura aos hospitais de pronto-socorro, com as pessoas doentes, principalmente as idosas. Isso não se verifica em Belém.
Mas, "a poluição nunca é bem-vinda, não importa de qual ordem, e a poluição atmosférica é pior porque você não tem como fugir dela. É claro que você deve se afastar das fontes, estar em um ambiente arejado ou climatizado e limpo. No caso de irritação nos olhos, deve-se usar colírio; as pessoas podem ter irritação na pele, é necessário se hidratar e tomar cuidados, sobretudo, com as pessoas mais vulneráveis", como pontua André Nunes.
(Vitória Reimão, estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do caderno de Cidades)
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