Defesa nega envolvimento de Heleno em discussões sobre golpe e critica uso de agenda como prova

Advogado afirma que general não participou de reuniões sobre Estado de Sítio e contesta interpretação de caderno apreendido.

Jéssica Nascimento
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No segundo dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, a defesa do general Augusto Heleno afirmou que ele não participou de reuniões em que se discutiu a decretação de Estado de Sítio ou de Defesa.

O advogado Matheus Milanez declarou que Heleno não esteve presente nos encontros entre Bolsonaro e o alto comando das Forças Armadas, onde teriam sido debatidas minutas com propostas de ruptura institucional. 

“Nenhum militar foi procurado pelo general Augusto Heleno, nenhum militar foi pressionado, nenhum”, afirmou o defensor.

Agenda é alvo de questionamento

Milanez também criticou o uso, por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR), de uma agenda pessoal apreendida na casa do general. Segundo a acusação, a caderneta conteria anotações que colocam em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral e demonstrariam intenções golpistas. A PGR chegou a se referir ao material como uma “caderneta golpista”.

A defesa, no entanto, sustenta que o caderno contém apenas reflexões pessoais, que nunca foram compartilhadas com terceiros. Milanez afirmou que as anotações tratam de temas eleitorais e partidários sem relação com qualquer plano de ruptura democrática.

Ele também acusou a Polícia Federal de induzir a PGR ao erro ao apresentar páginas da agenda fora de ordem, criando ligações artificiais entre anotações sem relação entre si. Um exemplo citado foi a suposta intenção de pressionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para desobedecer decisões do Supremo, algo que, segundo o advogado, jamais aconteceu. Como prova, mencionou o depoimento do então advogado-geral da União, Bruno Bianco.

Outro trecho da agenda dizia que “é válido continuar a criticar as urnas eletrônicas”. Milanez argumentou que, em 2022, esse era um debate amplamente presente no país e não pode ser interpretado como prova de conspiração.

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Julgamento prossegue com defesas

O julgamento foi retomado às 9h desta quarta-feira (3/9), com as sustentações orais das defesas de Jair Bolsonaro e de outros três réus. O ex-presidente, no entanto, não compareceu ao Supremo. Seu advogado, Celso Vilardi, afirmou que Bolsonaro está bem, mas se ausentou por razões de saúde.

Na abertura do julgamento, na terça-feira (2/9), o ministro Alexandre de Moraes defendeu a soberania nacional e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusou os réus de arquitetarem um plano para anular o resultado das eleições de 2022.

 

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