Advogado de Bolsonaro contesta delação de Mauro Cid e critica acordo firmado com a PGR
Defesa afirma que colaboração premiada tem versões contraditórias e não deveria ser usada como base da acusação.

No segundo dia de julgamento sobre a suposta tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, o advogado Celso Vilardi voltou a criticar a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Vilardi questionou a validade do acordo firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que garantiu a Cid a possibilidade de penas mais brandas em troca de colaboração com as investigações.
A defesa de Bolsonaro argumenta que o delator apresentou versões contraditórias ao longo dos depoimentos e que isso compromete a credibilidade da delação. Segundo Vilardi, “não é possível sustentar uma acusação com base em um relato tão instável”.
Outros advogados de réus no processo também defendem que o acordo de colaboração seja anulado, alegando que Cid foi pressionado por ameaças de prisão. Já os representantes legais de Cid negam qualquer coação, afirmando que os múltiplos depoimentos ocorreram a pedido da Polícia Federal e da própria PGR, com o objetivo de esclarecer pontos adicionais.
A própria PGR, em suas alegações finais, reconheceu que Cid teve um “comportamento contraditório” e cometeu “omissões” nos depoimentos, motivo pelo qual defendeu uma redução menor nas penas inicialmente previstas.
Durante o julgamento, o advogado Démostenes Torres — que representa o réu Garnier Santos — chegou a chamar a delação de “jabuticaba”, expressão usada para se referir a algo que só existe no Brasil. Vilardi reagiu:
“Não é uma jabuticaba. É algo que não existe aqui e em nenhum lugar do mundo.”
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A sessão foi retomada às 9h desta quarta-feira (3/9), com as sustentações orais das defesas de Jair Bolsonaro e de outros três réus. O ex-presidente não acompanhou sua defesa no plenário. Segundo o advogado Celso Vilardi, Bolsonaro está bem, mas não compareceu por razões de saúde.
O primeiro dia do julgamento, realizado na terça-feira (2/9), foi marcado por discursos firmes em defesa da democracia. O ministro Alexandre de Moraes destacou a importância da proteção ao Estado Democrático de Direito, enquanto o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou os réus como responsáveis por uma tentativa de subverter o resultado das eleições de 2022.
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