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Parauapebas: agente de trânsito vai a júri nesta terça (20) por feminicídio

Diógenes Samaritano é acusado de agredir a esposa Dayse Dyana e jogá-la do segundo andar da residência do casal, em Parauapebas, sudeste do Estado

Tay Marquioro
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Nesta terça-feira (20), o agente de trânsito Diógenes dos Santos Samaritano vai a julgamento sob a acusação de feminicídio. Ele é o principal suspeito da morte da esposa, Dayse Dyana Sousa e Silva, de 35 anos. O início do julgamento está marcado para as 8 horas, no Fórum Criminal, no bairro da Cidade Velha, em Belém, e será presidido pelo juiz Cláudio Hernandes Silva Lima, da 4ª Vara do Tribunal de Júri de Belém. O julgamento deve ser transmitido pelo site www.tjpa.jus.br.

Dayse foi encontrada morta no dia 31 de março de 2019, na casa onde morava com o companheiro, no bairro Parque dos Carajás, em Parauapebas, sudeste do Estado. De acordo com as informações levantadas pela Polícia Científica, a vítima foi agredida e atirada, já desacordada, pela janela do segundo andar da residência. Dayse deixou um filho que, atualmente, tem nove anos e mora com a avó materna. Diógenes está sob custódia, cumprindo prisão preventiva.

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Na época do crime, a defesa de Diógenes chegou a sustentar a tese de que a vítima teria se jogado da janela. Mas, para o Ministério Público, os laudos periciais descartam essa hipótese. A altura da queda, cuja janela estava no segundo pavimento, não chegava a quatro metros de altura, o que levou a perícia a levantar a suspeita de feminicídio. Além disso, os sinais de agressões e violência física no corpo da vítima também embasaram as conclusões da Polícia Científica.

A mãe de Dayse, que é advogada, revela que o velório da filha ocorreu com caixão fechado e que vinha evitando ver qualquer imagem da filha morta, mas que acabou vendo na última semana as fotos da perícia anexadas no processo. "Apenas os peritos e advogados entraram na casa. Eu não a vi nem no chão, nem no caixão. Mas aí, na última semana, eu estava lendo algumas páginas do processo no sistema [do Judiciário] e acabei encontrando essas fotos", conta Wilma Lemos. "Foi como se meu corpo todo entrasse em curto-circuito. Imagina, minha filha toda machucada, seus olhos e boca deformados, tamanha violência desse homem. A gente cria uma filha com todo o carinho, com todo o amor, para ser tratada desse jeito, ser agredida dessa maneira?”, desabafou Wilma.

A decisão pela realização do julgamento em Belém casou indignação nos amigos e familiares de Dayse. A mãe da vítima teme que os jurados, na capital, não tenham a dimensão do que se passou e que à morte de Dayse. O desaforamento do caso para Belém, na avaliação da família, também impossibilita que a participação de familiares, amigos e movimentos sociais que, por diversas vezes, já se mobilizaram pedindo por justiça no caso. Apesar disso, Wilma está confiante.

“Que a Justiça faça seu papel de punir esse ato cruel, esse ato violento, em que a minha filha teve a vida ceifada. Porque a gente vê isso quase todos os dias e, se nós não tivermos a atitude de cobrar do Judiciário, vai ficar impune. E esses agressores vão continuar sem uma severa punição. Porque eles não se acovardam, passam por cima até da lei. Então essa é uma punição pedagógica”, assevera a advogada. “Frágil ou não, a mulher precisa ser respeitada, precisa ter a vida preservada. A mulher gera vidas e nós estamos ceifando tantas mulheres, principalmente no sul e sudeste do Pará. Nós temos que acabar com essa violência”.

Outro crime

Em 2021, Diógenes Samaritano já havia sido condenado por outro crime: cobrança de propina. Os indícios desta prática foram colhidos durante as investigações da morte de Dayse, quando a polícia encontrou na residência do casal uma farta documentação. Durante as abordagens, Diógenes apreendia ilegalmente carteiras de habilitação e documentos de veículos com alguma pendência com o Departamento de Trânsito (Detran) e só devolvia mediante o pagamento de uma espécie de “resgate” pela vítima. Como ele ainda está recorrendo dessa sentença, ainda não pôde ser exonerado do cargo no órgão.

Procurado pela reportagem de O Liberal para comentar o caso, o Departamento de Trânsito do Estado do Pará informou "que o servidor foi afastado das atividades". "Conforme previsto na legislação vigente, o Detran aguarda a conclusão do processo judicial para tomar as medidas cabíveis. O Detran ressalta que não compactua com qualquer desvio de conduta", diz o comunicado.

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