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Pesquisa inédita auxilia pacientes de TEA em atividades da vida diária

Iniciativa é de terapeuta ocupacional da UFPA e está em andamento há mais de 4 anos

Eduardo Rocha

Para uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), não é tão simples realizar atividades da vida diária, como tomar banho, fazer as refeições, escovar os dentes e se vestir, por exemplo. No entanto, como parte das pesquisas sobre esse transtorno de desenvolvimento, pontuado por dificuldade de fala, de interação social e com padrões de comportamento repetitivos, um estudo inédito e alentador vem da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio da adoção da técnica de videomodelação. Esse procedimento possibilita que o paciente possa justamente concretizar as atividades do dia a dia  a partir da observação e imitação de uma pessoa orientadora, modeladora das ações a partir de ações ensinadas em um vídeo.

Essa pesquisa é desenvolvida há quatro anos e meio, sob a coordenação de Mariane Sarmento da Silva Guimarães, terapeuta ocupacional, mestre e doutora em Teoria e Pesquisa do Comportamento, pela UFPA, e professora da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade.

“A videomodelação é uma ferramenta de ensino em que um aprendiz (no caso da minha pesquisa de doutorado, uma criança com TEA e dos projetos que desenvolvo atualmente) assiste a um vídeo em que um modelo executa determinada ação e, posteriormente, ela tem a oportunidade de realizar a mesma ação (imitar o modelo)”, explica a professora. “Na minha pesquisa e nos meus projetos, a proposta é utilizar a videomodelação para ensinar Atividades da Vida Diária (AVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) para crianças com TEA, considerando que são habilidades que, de acordo com a literatura, geralmente estão em déficit nessa população”, pontua.

AVD e AIVDs, como destaca Mariane Sarmento, são categorias de ocupações, que incluem "coisas que as pessoas precisam, querem ou se espera que façam". As AVDs são atividades orientadas para o cuidado com o próprio corpo e realizadas a partir de uma rotina, como tomar banho, higiene, vestir-se e outras. As AIVDs são atividades para apoio à vida diária em casa e na comunidade, como cuidar de pets e fazer compras.

O objetivo da proposta, como explica a professora, “é justamente proporcionar a independência dessa criança; uma das demandas principais da criança com TEA é a dependência em atividades da vida diária, e, então, o objetivo é proporcionar à criança por meio dessa ferramenta”. A partir dos 2 ou 3 anos de idade, já se pode ensinar habilidades a uma criança; o que vai depender é se o menino ou menina já tem condições, repertório para aquela habilidade. Por exemplo, tomar banho sozinha não é pertinente a uma criança nessa faixa etária. Então, vai depender da faixa etária dela para se escolher a habilidade a ser ensinada também, como reitera a professora.

O projeto está em fase de implantação, funcionando na Unidade de Saúde do Telégrafo, onde a criança passa por avaliação, para serem, então, definidas as principais demandas dela e disponibilizados os vídeos.

Coordenação de políticas para o autismo: como acessar serviços

No atendimento a pessoas com TEA,  a Coordenação de Políticas para o Autismo (CEPA), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) mantém, entre outros serviços a CIPTEA: Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, criada pela Lei Romeo Mion, a carteira garante acesso integral e prioritário aos serviços públicos e privados; o NATEA: Núcleo de Atenção ao TEA, primeiro modelo de atendimento baseado em Análise do Comportamento Aplicada no SUS, com 300 novas vagas, inaugurado em dezembro de 2020 já fez mais de 7 mil atendimentos; LEI 9.214/21: Retirou prazo de validade de Laudo Médico que ateste TEA; Capacitação: foram formados 500 servidores públicos no programa Capacitar para Incluir: Um olhar para o Autismo.

Outras ações são a atualização das placas de prioridade com o símbolo do Autismo nas 36 secretarias do Estado e é promovido o Festival de Talentos Artísticos de Pessoas com Autismo (Tealentos) em 60 municípios, em parceria com a Secretaria de Cultura do Pará (Secult), Fundação Cultural do Pará (FCP) e Secretaria de Comunicação (Secom).

Nas ações da CEPA, a equipe orienta as famílias sobre a rede assistencial, processo diagnóstico e tirar eventuais dúvidas. São realizadas ações itinerantes nos municípios do Estado, para a escuta e acolhimento das demandas das famílias.  Informações em: 4006-4262 e 98480-7741 (WhatsApp).

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