O que a expulsão da Maria do BBB 22 tem a ensinar sobre a raiva?
Entenda mais sobre aspectos psicológicos da raiva e o que pode estar por trás de um episódio de “descontrole”

Na última segunda-feira, a cantora e atriz Maria, participante do Big Brother Brasil 2022, protagonizou uma cena que levou à sua expulsão do reality show: ao aplicar o “castigo” do “jogo da discórdia” em Natália, outra integrante da casa, despejando um balde de água na sister, Maria atingiu a cabeça de Natália com o objeto. Internautas e organizadores do programa interpretaram o gesto como um ato de violência. Desde então a tag #mariaexpulsa começou a circular pelas redes sociais, até se concretizar com a saída de Maria do programa, na última terça (15).
Após o ocorrido, Maria expressou que seu gesto foi “sem querer” e, depois da prova, comentou com o brother Vinícius: “Estou chateada pela minha atitude. Ela me deixou com muito ódio. Não raciocinei e fui agressiva com ela. Na hora, eu peguei [o balde] com raiva, de qualquer jeito. Já é a segunda vez que eu sou agressiva com uma pessoa”.
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O que a psicologia diz sobre a raiva?
Do ponto de vista da saúde mental, a psicóloga Luísa Terzi explica que a raiva não é, em si mesmo, um sentimento negativo, mas um dos mais mal aplicados e expressados pelo ser humano. “A raiva não é necessariamente um sentimento ruim. Na verdade, ela pode ser algo que nos faz sair do lugar, nos mover adiante, num bom sentido. Sabe a expressão ‘na força do ódio'?, ela demonstra esse poder de realização que a raiva tem, quando aplicamos o sentimento de forma correta, mas é algo muito difícil de fazer”.
Na maioria das vezes, segundo Luísa, reagimos mal ao sentimento de raiva por não conhecermos os limites e gatilhos que podem nos levar a comportamentos impulsivos: “As pessoas podem ter ‘gatilhos’ que acionam a raiva de maneira mais ou menos consciente. Como, por exemplo, ao ouvir alguém falando alto com você, você pode, inconscientemente, se lembrar de quando seu pai levantava a mão contra você, e isso faz você tomar uma atitude agressiva em resposta à outra pessoa. Você pode não ter consciência disso, por isso, psicoterapia e autoconhecimento são importantes”, comenta Luísa.
A psicóloga Suellen Saraiva também aponta memórias e emoções reprimidas como fatores que podem estar por trás da dificuldade de alguém lidar com a raiva. “Esse sentimento está muito ligado à nossa infância, aos nossos padrões de comportamentos. Nós fomos educados através de determinados conteúdos de violência. Muitas vezes apanhamos pela frustração do adulto. Então a criança cresce entendendo que esse comportamento pode ser reproduzido”, explica.
Suellen também comenta sobre como a raiva e a frustração estão ligadas a um menor grau de inteligência emocional: “nas minhas escutas em consultório, eu observo a baixa tolerância à frustração, que desencadeia a raiva e respostas impulsivas. Essa ‘perda do controle’ é a resposta do nosso cérebro a algo que nos frustrou, e depois a gente se arrepende e diz que ‘foi sem querer’. Isso é uma clara ausência de autoconhecimento e inteligência emocional”.
Por outro lado, a psicóloga Luísa aponta que existem, sim, algumas situações em que o “descontrole” é mais literal: “existem situações em que a pessoa perde, de fato, o controle sobre as suas atitudes, como na psicose e no ataque de pânico, por exemplo, mas esses são casos específicos que precisam de um diagnóstico para se afirmar”.
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Como lidar com a raiva de forma saudável?
Segundo a psicóloga Suellen, é possível se educar para lidar com a raiva, através de um processo que promova a inteligência emocional. Para isso, “é preciso reconhecer nossas emoções e gatilhos e aprender a lidar com eles, reorientando nossas atitudes”, orienta.
Luísa Terzsi também concorda que autoconhecimento é a raiz do controle sobre a raiva e acrescenta que até mesmo a prática de atividade física pode ajudar nesses casos, permitindo à pessoa conhecer seus limites e seu nível de força, ajudando a tomar consciência sobre seus sentimentos e seu próprio corpo. “O autoconhecimento, em geral, é o mais importante dentro do processo”, comenta. “Mas precisamos lembrar que, no caso do BBB, é um jogo, que eleva os níveis de estresse. Se a pessoa não tiver autoconhecimento, a raiva pode surgir com mais força e agressividade e a pessoa fica muito mais suscetível à agressão”, conclui.
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