Nova ponte sobre o rio Moju está aberta ao tráfego

Obra foi entregue esta manhã pelo governador. Reabertura foi às 12h55

Dilson Pimentel
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O governador Helder Barbalho inaugurou, nesta sexta-feira (31), a Ponte União, nova denominação da Ponte Rio Moju, que desabou em abril do ano passado. Às 11h45, ele descerrou a fita, marcando o ato de inauguração. E convidou um operário para participar desse momento. Às 12h55, foi anunciada a liberação da ponte para a população, confirmou o cerimonial.

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"Primeiro, a gratidão por todos os que trabalharam aqui. O resultado, a rapidez, a eficiência e a entrega dessa ponte é fruto do trabalho de muita gente. Esta ponte devolve a interligação entre as regiões, tranquiliza as pessoas que necessitam usar deste equipamento e fortalece o desenvolvimento econômico  do nosso Estado", afirmou Helder. Em seguida, o governador e as demais autoridades, entre os quais o senador Jader Barbalho, caminharam pela ponte. O governador  descerrou ainda duas placas com os nomes dos operários que trabalharam na obra. 

O nome da ponte é um símbolo de comprometimento com a sociedade, que trabalhou junto para conseguir este feito e um reconhecimento do Estado a todos os órgãos que se uniram para devolver à população, o mais rápido possível, e com segurança redobrada, um dos mais importantes elos da malha viária do Pará. Também participaram da inauguração o vice-governador Lúcio Vale, além de outras autoridades e prefeitos da região.

image Governador inaugurou obra ao lado de operário (Igor Mota)

Recorde em tempo de obras


Mesmo com a complexidade do projeto, a ponte União foi entregue em tempo recorde, foram nove meses de trabalho e sete meses de obras e nenhum acidente de trabalho registrado. A construção do trecho de 268 metros da ponte gerou 550 empregos diretos e 450 indiretos. No canteiro de obras, os profissionais trabalharam em três turnos para garantir celeridade na entrega.

O acidente foi registrado às 1h38 do dia 6 de abril de 2019, quando uma balsa clandestina, carregada com rejeitos de dendê, bateu em um dos pilares de sustentação da ponte e destruiu parte dela, que fica próxima do município de Acará. Logo após o ocorrido, o governador do Estado pediu uma força-tarefa para dimensionar os prejuízos causados. Não houve vítimas. 

A ponte tinha 19 pilares, com 868 metros de extensão e 23 metros de altura. Cerca de 300 metros de ponte e quatro pilares caíram no rio após o choque. A construção do novo trecho custou R$ 104 milhões, pagos pela empresa dona da balsa causadora do acidente. A obra não teve custos para o Estado.

O projeto da ponte União foi elaborado pela Setran com a consultoria de dois especialistas. Foi utilizado o sistema de estais - cabos de aço de sustentação - que reduzem o número de pilares e viabiliza a formação de distâncias maiores entre eles, o que facilita a navegação.

O recurso é bastante empregado, por exemplo, no cruzamento de rios ou canais que necessitem de espaço para passagem de embarcações, como é o caso da região da Alça Viária, que tem agora dois vãos de 134 metros cada.

A partir do acidente, cinco peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves trabalharam no caso para produzir o laudo que determinou o tipo de desenho da nova ponte e a gravidade da batida. Foi feita a perícia de engenharia aplicada em obra de arte especial, com análise no local utilizando auxílio de veículo aéreo não tripulado, VANT/Drone e embarcações.

Os drones, por exemplo, ajudaram a identificar pontos de colisão e danos causados, mostrando detalhes que seria muito difícil de serem detectados sem a presença do aparelho. Também foi realizada a perícia de constatação de dano ambiental com exames complementares de toxicologia ambiental, ou seja, os efeitos nocivos das substâncias químicas derramas no rio após o acidente.

image Ligação é retomada nove meses depois de acidente (Igor Mota)

Apuração


O inquérito aberto pela Polícia Civil (PC) para investigar o acidente na ponte rio Moju apontou que a embarcação que colidiu com a estrutura não tinha licença para o transporte da carga e estava com excesso de peso, aproximadamente duas toneladas de dendê. Segundo a Capitania dos Portos, estava proibida a navegação de embarcações naquela região no horário do acidente.

A Justiça por meio da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), deferiu e determinou o bloqueio de R$ 185 milhões das empresas necessários para adoção de medidas à contenção dos danos e reparação dos prejuízos causados pela colisão da embarcação.

A decisão foi proferida pelo juiz Raimundo Rodrigues Santana, titular da 5ª Vara de Fazenda Pública dos Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, contra as empresas Biopalma, Jari, CJ da Cunha, IC Bio Fontes, Agregue e Kelly Oliveira.

O desafio preliminar da reabilitação da ponte foi a limpeza dos escombros do fundo do rio Moju, necessária para a cravação das 45 estacas metálicas de 1,2 m de diâmetro, a 55 m de profundidade no fundo do rio para suportar o mastro da ponte que tem 95 m de altura. Depois do desabamento súbito, já foram retirados 9 mil toneladas de destroços, emaranhados com o comboio (balsa e empurrador), que foram assoreados com os rejeitos de palma transportados pela balsa, do fundo do rio. 

Diante dessa situação a engenharia da obra decidiu pela construção do bloco da ponte em duas etapas, com a primeira de 21 estacas para suportar a construção dos pilares do mastro, executada de junho a agosto, e a segunda para dar estabilidade em serviço com 24 estacas, concluída em dezembro. A limpeza preliminar demandou dois meses e 14 dias devido à forte correnteza.

Frentes de trabalho


Visando a celeridade da construção para normalizar o tráfego na Alça Viária, a Engenharia da obra abriu três frentes de trabalho: construção do mastro central no meio do rio Moju, construção pré-fabricada da estrutura de aço do tabuleiro da ponte, feita em Fortaleza-CE, e a remoção dos escombros do rio para liberar os dois novos canais de navegação da ponte, com vão entre eixos de 134 metros cada um.

Outra preocupação foi a travessia temporária do rio Moju visando diminuir o impacto socioeconômico gerado pelo desabamento da ponte. O escoamento, por exemplo, foi prejudicado no setor pecuário e produtos agrícolas, como o dendê. Por isso, para garantir a mobilidade, o Governo do Estado implantou, gratuitamente, serviço de travessia por balsas na área da ponte. Essa quarta frente de trabalho foi idealizada e materializada sem interferências nas atividades de construção da ponte.

Foram construídos, em tempo recorde, dois portos temporários na margem esquerda e direita do rio, região jusante da ponte, onde estão operando diariamente 2 balsas dentro de uma rota hidroviária de travessia do rio.

Depois de inaugurada a ponte União, a estrutura de rampas flutuantes instaladas pela Setran será transformada em um porto público. A decisão visa beneficiar a população local, que utiliza os rios Guamá, Acará e Moju para transportar açaí dos municípios de Abaetetuba, Acará e Moju, do Baixo Tocantins.

Pontes atendem um milhão de pessoas ao dia


A ponte sobre o Rio Moju faz parte do complexo de quatro pontes da Alça Viária – a rodovia PA-483, que tem mais de 70 quilômetros de extensão – e é a principal artéria rodoviária do Norte do Brasil, integrando a Região Metropolitana de Belém ao sul e sudeste do Pará.
Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), cerca de 10 mil veículos utilizam a Alça Viária diariamente. Por mês, aproximadamente um milhão de pessoas passam pelo local.

A rodovia PA-483 (Alça Viária) é um complexo de pontes e estradas que totaliza mais de 74 km de rodovias e 4,5 km de pontes, construídas para integrar a Região Metropolitana de Belém ao interior do Estado. Ela tem início na rodovia BR-316, na altura do município de Marituba e termina no município de Barcarena, permitindo acesso às rodovias PA-475 e PA-150 rumo ao sul e sudeste do Pará.

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