Limpeza urbana de Belém e projeto de recuperação do Aurá são discutidos em evento nacional
A Ciclus Amazônia, responsável pela gestão de resíduos sólidos urbanos de Belém, participou do 24º Seminário Nacional de Limpeza Pública (Senalimp)

A Ciclus Amazônia, empresa responsável pela gestão de resíduos sólidos urbanos de Belém, participou do 24º Seminário Nacional de Limpeza Pública (Senalimp) nesta quinta-feira (18). Na ocasião, foi apresentada a palestra “A evolução da limpeza pública em Belém, e a recuperação ambiental do Aurá”. No próximo sábado (20), os participantes farão uma visita técnica à base operacional da empresa, no bairro da Pedreira.
O evento foi promovido pelo Instituto Valoriza Resíduos, no Auditório de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA), e reuniu autoridades, gestores e empresas de todo o país para discutir soluções e experiências na área. “É uma grande satisfação participar de um evento que reúne os principais atores da limpeza pública no Brasil. Foi uma oportunidade de mostrar como Belém está avançando nesse tema e de compartilhar as ações estruturantes que estamos implementando”, afirmou Victor Hugo Reis.
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A empresa assumiu a gestão e o manejo de resíduos sólidos na cidade em abril de 2024. Desde então, a Ciclus Amazônia executa o contrato de prestação dos serviços com mais de 2.500 colaboradores e 290 equipamentos. Mais de 700 mil toneladas de resíduos foram coletadas até o momento, entre domiciliares, recicláveis, entulhos e resíduos de saúde. Além da coleta domiciliar, inclusive em áreas de difícil acesso e coleta fluvial, na ilha do Combu, por exemplo, a concessionária é responsável por serviços de varrição, capinação, raspagem, roçagem, limpeza de praias e feiras, além de manter ações permanentes de educação ambiental.
Em agosto deste ano, cerca de oito mil pneus inservíveis foram recolhidos das ruas de Belém e doados para reaproveitamento na indústria do cimento, após o processo de trituração. A empresa também encaminha mensalmente cerca de 200 toneladas de recicláveis para cooperativas parceiras, estimulando a coleta seletiva e apoiando programas de educação ambiental.
Recuperação do Aurá
Em junho de 2024, a concessionária protocolou o pedido de licenciamento ambiental do projeto de recuperação do Aterro do Aurá. Atualmente, são 35 colabores no Aterro, além de oito servidores da Prefeitura Municipal de Belém (PMB), da Secretaria Municipal de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel/Belém), e servidores da Secretaria Municipal de Saneamento de Ananindeua (Sesan/Ananindeua), que também atuam no local.
A operação da Ciclus no espaço é realizada apenas no Pátio 1, com 14 equipamentos, dentre eles: escavadeira hidráulica, trator de esteira, retroescavadeira, motoniveladora, rolo compactador, pá carregadeira, caminhão basculante e caminhão pipa. O volume médio mensal de resíduos inertes depositados pela empresa é de 28 mil toneladas apenas com seus caminhões. Outras 24 empresas privadas utilizam o Aterro do Aurá, com a medição feita pela Prefeitura de Belém.
Algumas melhorias já foram implementadas no local, sendo elas:
- Cercamento e controle de acesso;
- Reforma e informatização do prédio da balança;
- Instalação de novas balanças (em fase de testes);
- Pavimentação e sinalização da Estrada Santana do Aurá;
- Implantação de lombadas;
- Instalação de placas de sinalização;
- Reforma do espaço administrativo para colaboradores e servidores;
- Pavimentação de vias internas;
- Pavimentação do pátio de estoque;
- Organização e cobertura de pneus descartados;
- Construção de estacionamento;
- Revitalização de drenagens pluviais;
- Paisagismo;
- Aplicação de bloqueios laterais de concreto na entrada do aterro.
O projeto de recuperação do Aterro do Aurá segue critérios técnicos e ambientais rigorosos. A primeira etapa prevê a regularização geométrica do maciço com materiais inertes, o que permite que as águas pluviais escoem sem contato com os resíduos, reduzindo a formação de chorume. Nesse processo, as obras de terraplanagem incluem o retaludamento do terreno, a instalação de canaletas e dissipadores, além do plantio de grama.
Para garantir estabilidade, o solo receberá camadas compactadas de até 20 cm de resíduos inertes da construção civil, conferindo resistência contra erosões. Um robusto sistema de drenagem também será implantado, composto por drenos horizontais e verticais, barreiras hidráulicas, tapetes drenantes e poços de bombeamento, assegurando a proteção ambiental. E sobre o maciço, será aplicada uma camada de argila compactada e solo, com cobertura de vegetação rasteira nativa. Esse acabamento contribui para a regulação das emissões de gases e reforça a estabilidade do terreno. O entorno passará por reflorestamento, priorizando espécies nativas.
O acompanhamento da área será feito por, no mínimo, dez anos, período em que será avaliada a viabilidade de uso público, com possibilidades de transformação em espaços de lazer e atividades ao ar livre. “O projeto de recuperação do Aterro do Aurá é um marco de sustentabilidade. Estamos buscando transformar uma área que por décadas simbolizou degradação em um exemplo de recuperação ambiental, respeitando normas técnicas e com a visão de futuro para a cidade”, acrescentou Victor Hugo Reis.
Percepção pública
Segundo pesquisa de satisfação, realizada pela AtlasIntel em junho deste ano, 75% da população afirmou que os serviços melhoraram após a entrada da Ciclus Amazônia, enquanto 70% destacaram avanços em equipamentos e uniformes das equipes. Além disso, o estudo reforçou o cenário de melhorias: apenas 19,2% dos entrevistados citaram a limpeza urbana como um dos principais problemas da cidade, colocando o tema na 8ª posição do ranking. A coleta e a destinação de resíduos aparecem em 10º lugar, com 14,2% das menções. Criminalidade e saúde lideram a lista, ambas com 53,6%.
O levantamento também mostrou que apenas 0,5% dos entrevistados afirmaram não ter coleta em suas ruas, indicando cobertura praticamente universal. Para 86,8% dos entrevistados, a recuperação ambiental do Aurá deve ser tratada como prioridade alta, e 83% relataram ter sido afetados pela crise do lixo em 2023. A maioria defende também a criação de um aterro público com regras claras de regulação e reversibilidade ao município, no final da concessão. “Nosso compromisso é reverter um cenário de crise e consolidar uma nova história para a limpeza pública de Belém. A percepção da população mostra que estamos no caminho certo”, destacou Victor Hugo Reis.
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