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Incêndio atinge área do antigo 'Lixão do Aurá', em Ananindeua

O fogo foi registrado na noite de domingo (31/8), conforme afirmou o Corpo de Bombeiros Militar

O Liberal

Um incêndio foi registrado dentro do Aterro do Aurá, popularmente conhecido como ‘Lixão do Aurá’, na noite de domingo (31/8), em Ananindeua. A equipe do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) foi acionada e realizou o combate às chamas. Imagens da área pegando fogo foram compartilhadas nas redes sociais por moradores.

“O Corpo de Bombeiros Militar do Pará informa que controlou um princípio de incêndio na área do antigo lixão do Aurá, em Ananindeua. Não houve vítimas”, comunicou nesta segunda-feira (1º/9).

Incêndio no Lixão do Aurá causa fumaça em Belém

A empresa informa que o incêndio no Aterro do Aurá foi identificado pela equipe de vigilância por volta das 23h de domingo (31). O Corpo de Bombeiros foi acionado imediatamente e conseguiu controlar o fogo. Não houve vítimas. A empresa permanece à disposição das autoridades para colaborar no esclarecimento do ocorrido.

A Ciclus Amazônia, empresa responsável pela gestão do aterro do Aurá, confirmou que a equipe acionou o CBM após constatar o fogo no local.

“O incêndio no Aterro do Aurá foi identificado pela equipe de vigilância por volta das 23h de domingo (31). O Corpo de Bombeiros foi acionado imediatamente e conseguiu controlar o fogo. Não houve vítimas. A empresa permanece à disposição das autoridades para colaborar no esclarecimento do ocorrido.

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No entanto, a fumaça continua a afetar a população e o combate aos focos de fogo continua com o apoio do Corpo de Bombeiros Militar

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Ainda não há previsão de quando a fumaça, que pode ser vista pelos céus da Grande Belém, vai ser controlada. População segue sentindo efeitos nos olhos e sistema respiratório.

image A fumaça no lixão do Aurá chega até Belém e prejudica os moradores (Foto: Ivan Duarte/O Liberal)

Moradores reclamam problemas causados pela fumaça

Mas, na manhã desta segunda-feira (1º), a Redação Integrada de O Liberal esteve no local e constatou que ainda havia fogo e fumaça em alguns pontos do lixão, que é uma área extensa. E quem vive no entorno do lixão afirmou que a fumaça é frequente e prejudica a saúde da população. Aldinéia Santana da Silva, 40, contou que mora na área há mais de 30 anos.

Ela chegou a trabalhar no lixão e, assim, criou os quatro filhos no local. “Essa fumaça afeta nós moradores daqui, porque tem muitas crianças asmáticas. Eu sou asmática. Aqui em casa a gente tem que estar ‘24 por 48’ com o ventilador ligado. Eu não posso ficar sem a minha bombinha”, afirmou.Segundo Aldinéia, os incêndios costumam se repetir. “Eles jogam lama, barro, tentam apagar, mas aí acontece de novo. Não tem o que fazer”, disse. Ela acredita que o fogo seja causado de forma natural, pela ação do sol sobre garrafas de vidro descartadas no lixo.

Outra moradora, Samile Suellen, de 19 anos, vive no local desde o ano passado. Ela é dona de casa e mãe de gêmeas que vão completar oito meses nesta terça-feira (2). “Quando a fumaça está muito forte, eu tenho que colocar ventilador para elas, porque prejudica a respiração. Como elas são prematuras, preciso colocar uns três ventiladores em cima delas para a fumaça não vir. Às vezes a fumaça é preta e enche a casa toda”, contou.

Samile disse que pensa em deixar o local, mas enfrenta dificuldades financeiras. “É o meu maior desejo sair daqui. Mas, como só recebo Bolsa Família e meu marido trabalha lá em cima (no lixão), a única oportunidade foi comprar essa casa aqui”, explicou. Ainda segundo a jovem, moradores afirmam que a combustão pode ter ligação com produtos químicos descartados no lixão. “Os tratoristas jogam muita coisa química, o sol é muito quente, aí as químicas vão se misturando. Tem gente que fuma lá, joga cigarro, e isso pode causar incêndio”, completou.

image Aldinéia Santana da Silva mora na área há mais de 30 anos. “Eu sou asmática. Aqui em casa a gente tem que estar ‘24 por 48’ com o ventilador ligado", disse (Foto: Ivan Duarte / O Liberal)

Especialista aponta causas e soluções para os incêndios recorrentes no lixão do Aurá

Para o pesquisador André Farias, líder do Grupo de Pesquisa Grandes Projetos na Amazônia (GPA), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM), do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA), a recorrência de incêndios na área do antigo lixão do Aurá tem origens estruturais e climáticas.Segundo o ambientalista, uma das principais causas dos focos de queimada está relacionada à presença de gás metano acumulado no subsolo, resultado da decomposição de resíduos orgânicos ao longo de anos.

“Esse gás, em contato com faíscas ou o calor excessivo, pode entrar em combustão espontânea. E, com a chegada do período mais seco e quente da Amazônia, esse risco aumenta consideravelmente”, explicou.Farias também chama atenção para o uso inadequado da área, que ainda recebe descarte irregular de materiais. “Há relatos de que pessoas ainda depositam resíduos e realizam queimadas ao redor do local para retirar materiais como cobre de fios e cabos. Esse tipo de atividade contribui diretamente para o surgimento e a propagação do fogo”, afirmou. Além disso, ele destaca que a fumaça liberada pelas queimadas contém altos níveis de toxicidade, representando um risco sério à saúde da população, principalmente de quem vive no entorno do lixão.

Medidas urgentes e necessidade de política pública

O pesquisador defende uma ação imediata das autoridades para isolamento e fiscalização permanente da área, além da execução de um plano emergencial de contenção e monitoramento. “A Secretaria Estadual de Meio Ambiente, junto com a de Belém, deve atuar de forma integrada com o Corpo de Bombeiros para evitar novos focos. É essencial garantir que a área não continue sendo utilizada de forma irregular”, ressaltou.

No médio e longo prazo, Farias afirma que é urgente a implementação de uma política estadual de resíduos sólidos efetiva, alinhada com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010). “Precisamos de coleta seletiva, educação ambiental e destinação adequada dos resíduos. Hoje, o Aurá continua recebendo restos de construção e poda de árvores, por exemplo, o que indica falhas no sistema de gestão”, avaliou.Por fim, o pesquisador propõe o encerramento definitivo das atividades no lixão e a elaboração de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). “Na minha avaliação, é pouco viável recuperar o Aurá como aterro de bioremediação, como se tentou no passado. A alternativa mais responsável é encerrar completamente o uso da área e iniciar um processo sério de recuperação ambiental, com participação de especialistas em engenharia e tecnologias ambientais”, concluiu.

 

 

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