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Conheça a história da ocupação de Santarém, no oeste do Pará

Evidências da história do local foram registradas por meio de crônicas escritas pelo fundador da cidade, padre Felipe Betendorff, sobre jesuítas que chegaram na região em 1661

Ândria Almeida

Você sabia que o logradouro mais antigo do município de Santarém é a atual Praça Rodrigues dos Santos? De acordo com o historiador e padre Sidney Canto, o local foi o primeiro lugar a ser ocupado no município, com a presença de indígenas e a ocupação colonial portuguesa.

“Sabemos disso pelos artefatos arqueológicos que foram achados no local, que datam a época de 1926 quando o antropólogo Curt Nimuwndajú fez a descoberta da cerâmica que hoje chamamos de cultura Santarém”, enfatizou

O historiador afirma que mesmo antes da escavação de Curt muitas pessoas já sabiam da existência dessa cerâmica, e chamavam de cacos dos índios, por saberem a origem, conforme relatou o historiador.

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“Quando o pesquisador descobriu a pintura que os Tapajó tinham na beira desse rio tão bonito, a praça que na época era um largo, conhecido como largo da república, se tornou uma evidência, um achado para o estudo arqueológico da ocupação da cidade de Santarém”, contou.

Evidências da história do local foram registradas por meio de crônicas escritas pelo fundador da cidade, padre Felipe Betendorff, sobre jesuítas que chegaram na região em 1661. “Ele construiu ali no local uma pequena capela feita de taipa de mão e coberta de palha para que ali fosse celebrado as primeiras missas dele na missão. A missão religiosa dos jesuítas começou no local onde hoje é a praça Rodrigues dos Santos”, disse o histórico Sidney.

Além disso, a praça Rodrigues dos Santos por ser a praça mais antiga da cidade servia também de cemitério para os indígenas porque o costume na época era que os padres enterrassem as pessoas que morriam ou dentro da igreja ou bem próximo a ela para que os entes dos falecidos sentissem que estavam bem perto de Deus.

“A exemplo da Catedral de Santarém, conhecida como Igreja da Matriz, onde ocorreram sepultamentos dentro da igreja até o ano de 1847. O último sepultamento realizado no local foi do juiz da comarca que faleceu em 1845”, conta.

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Descobertas

A primeira escavação na praça foi feita em 1825, mas a área ainda não foi totalmente explorada. O local esconde mistérios da antiga aldeia dos indígenas Tapajó, além da aldeia feita também pelo missionário João Felipe Betendorff e todos os que os sucederam.

“Outro fato importante aconteceu neste espaço. A vila feita pelo Mendonça Furtado foi lá. A instalação do pelourinho também foi lá. Era onde se castigavam os escravos e faziam os enforcamentos. Até meados do século XIV existiam enforcamentos nas chamadas “penas capitais”, destacou.

Outra curiosidade da praça Rodrigues dos Santos é que ainda no século XIV foi cavado um poço para tentar suprir o abastecimento de água, no entanto, por ter um cemitério ao redor, a água foi considerada insalubre.

Tapajó: índios canibais e caçadores

De acordo com o historiador, o povo que habitava o local eram os Tapajó que foram descritos com essa nomenclatura em mapas de 1950. O nome deu origem ao Rio que banha Santarém, o rio Tapajós. “Eram um povo guerreiro, usavam veneno em suas flechas. Tinham o costume de cultivar e preparar alimentos à base de milho e mandioca, além de caçar e pescar. Adoravam o sol (o ser masculino) e a lua (o ser de figura feminina). Tinham especial veneração pelos seus entes falecidos, mumificando os mortos principais de sua aldeia e guardando-os em suas casas, chamando essas múmias de “monhangaripes””, relatou.

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Ainda de acordo com o historiador, os Tapajó eram canibais e praticavam sacrifícios humanos, possivelmente de caráter ritualístico. “Exímios artesãos, fabricavam artefatos de argila, de palha e pintavam cuias. Além dos estudos arqueológicos da cerâmica e outros objetos encontrados em nossos sítios arqueológicos, que retratam a vida e os costumes deste povo, podemos nos valer de relatos deixados pelos colonizadores que devem ser lidos sempre com a ressalva de que foram escritos pelos vencedores e não pelos vencidos”, finalizou.

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