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Catadores de materiais recicláveis ajudam o meio ambiente e geram renda para suas famílias

Duas dessas cooperativas funcionam em um galpão de triagem no bairro da Sacramenta.

Dilson Pimentel

Em um galpão de triagem, que funciona às margens do canal São Joaquim, no bairro da Sacramenta, em Belém, funcionam duas cooperativas de catadores de material reciclável. Uma é de Águas Lindas, em Ananindeua. A outra, da capital. Além de ajudar a cuidar do meio ambiente, esse trabalho gera renda para esses trabalhadores e suas famílias. Muitos desses homens e mulheres trabalhavam, antes, no lixão do Aurá, na Região Metropolitana, que foi desativado.

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image Para os catadores, e dependendo da produção de cada um, a renda mensal varia de meio a um salário mínimo. (Tarso Sarraf)

Como funciona a coleta?

Sarah Reis é presidente da Cooperativa dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Águas Lindas (Coparal), que surgiu da Associação dos Recicladores de Águas Lindas (Aral). A primeira etapa do trabalho é nas ruas de Belém, com a coleta porta a porta nas residências. O material é arrecadado, ainda, nos chamados “grandes geradores” – condomínios, empresas e hospitais.

A coleta nas casas é de 8 às 14 horas. E ocorre na Pedreira, Marco, Marambaia, Médici e Sacramenta, de segunda a sexta. No galpão, o material é pesado e passa por uma triagem diária. É separado por tipo, cor, produto. “Depois ele é prensado e ‘fardado’ e, assim, segue para comercialização”, afirmou Sarah Reis.

Na rua, o trabalho é feito por 30 catadores. Na triagem, são cinco. Em média, a cooperativa recebe de 100 a 120 toneladas por mês de garrafas pet, plástico duro, papéis, papelões, latinhas, caixas de leite, entre outros itens.

O que acontece após a coleta e separação?

O material é vendido para os atravessadores, que dispõem da logística necessária para fazer a mercadoria chegar à destinação correta – as indústrias.

“A gente não consegue mandar direto para as indústrias por causa do frete e do imposto. Aí a gente vende para os atravessadores, que têm esse poder aquisitivo para arcar com esses custos”, explica Sarah Reis.

Renda a partir da ajuda à natureza

Para os catadores, e dependendo da produção de cada um, a renda mensal varia de meio a um salário mínimo. Quem trabalha na triagem ganha um salário mínimo. Em sua maioria, os trabalhadores são mulheres. Algumas com uma certa idade e outras que não têm uma profissão para serem incluídas no mercado de trabalho. E que encontraram, na reciclagem, o meio de sobrevivência delas. “Elas mantêm suas famílias através da reciclagem”, disse Sarah.

Um dos principais desafios enfrentados diariamente é a falta de uma maior adesão da sociedade à coleta seletiva. “É a dificuldade das pessoas em separar os resíduos e nos entregarem. Isso dificulta muito”, afirmou. “A reciclagem se tornou um meio de sobrevivência para muitas pessoas”, disse. A Prefeitura de Belém cede os caminhões para eles transportarem esses resíduos até o galpão. “Todo o operacional mesmo, a parte de educação, tudo mesmo feito pela cooperativa. A gente queria que o poder público pagasse por esses serviços que estamos prestando para o município”, disse Sarah. Aos 43 anos, ela também trabalhou no lixão a partir dos 13 anos e durante duas décadas.

image Um dos principais desafios enfrentados diariamente é a falta de uma maior adesão da sociedade à coleta seletiva. (Tarso Sarraf)

Apoio das cooperativas

Recente, a Coparal existe há três anos. Mas surgiu da associação (Aral), que tem 18 anos e, depois, virou cooperativa. Dona Edna Maria, 59 anos, trabalha nessa cooperativa. “Para mim, é muito bom. É daqui que ganho o pão de cada dia”, disse ela, que faz a triagem dos produtos. “Eles (a sociedade) nos ajudam lá fora e a gente ajuda (a sociedade) aqui dentro do galpão. Fico feliz com o meu trabalho”, disse.

Rosely Rodrigues de Araújo, mais conhecida como Rose, 48 anos, também trabalha fazendo a triagem da mercadoria. Mora em Águas Lindas. “Trabalho aqui há cinco anos. Para mim, é tudo. É de onde tiro para pagar as minhas contas, para sustentar meus filhos”, contou. Rose também trabalhou no lixão do Aurá. “Quando eu trabalhava no lixão, meus filhos eram pequenos. Eu trabalhei lá 18 anos”, contou. “Eu não tenho estudo. Aqui foi um meio que achei para trabalhar”, disse Rose.

Outra cooperativa que funciona no mesmo galpão é a Cooperativa de Trabalho de Catadores da Coleta Seletiva de Belém (ACCSB), formada por 33 trabalhadores. Na rua, trabalham 15 catadores. Os demais atuam na triagem. O trabalho na rua também é diário e envolve vários bairros da capital. Também é feito porta a porta e nos grandes “geradores” de resíduos. A presidente da cooperativa é Maria do Socorro dos Santos Ribeiro, de 51 anos.

Em média, os trabalhadores ganham de R$ 1.200 a R$ 1.600 por mês. Em média, a cooperativa recebe de 120 a 130 toneladas de resíduos sólidos por mês. O material também é vendido para os atravessadores, que são a nossa salvação. Vem para cá plástico, papelão, papel, alumínio, cobre, eletrônico, óleo usado de cozinha, ferro, alumínio”, disse Socorro.

Ela afirmou que, se não existisse a cooperativa, os trabalhadores estariam na rua catando materiais recicláveis, atuando por conta própria e sem estarem devidamente organizados. “Nós ainda estaríamos aí catando na rua porque já não tem mais lixão (do Aurá). E seria mais difícil”, disse. Ela própria trabalhou no lixão, dos 12 aos 25 anos. Depois, foi para a cooperativa.

Roselino Ribeiro, 73 anos, tem muito orgulho de ser catador, que, segundo ele, é como uma outra profissão qualquer, como, por exemplo, médico e policial. “Queremos ter reconhecimento no nosso trabalho. Ajudamos a cuidar do meio ambiente e geramos renda para nós e nossas famílias”, disse. “Tenho orgulho da minha profissão”, afirmou ele, que também é da diretoria da ACCSB.

Como entrar em contato com as cooperativas

Quem quiser ajudar a Cooperativa dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Águas Lindas (Coparal) com a entrega de material, pode ligar para: 98084-5193

Para quem quiser ajudar a ACCSB, os contatos são:

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