Mãe conta como foi viver a primeira gestação em plena pandemia de covid-19
Enfermeira relata os desafios e superações de ser mãe pela primeira vez em meio à crise sanitária da covid-19
Durante a pandemia da covid-19, muitos brasileiros viveram momentos de medo, perdas e isolamento. Mas, para Fernanda Nascimento, de 33 anos, enfermeira, esse período teve ainda mais significados: foi quando ela se tornou mãe pela primeira vez. A chegada da pequena Liz Ferreira, hoje com 4 anos, aconteceu em um dos contextos mais desafiadores da história recente, marcado por incertezas, restrições e riscos constantes à saúde.
Fernanda relembra com clareza o turbilhão de emoções vividas naquela época. Ser mãe, por si só, já é um marco transformador na vida de qualquer mulher, especialmente quando se trata da primeira experiência. No entanto, tornar-se mãe em meio a uma pandemia global trouxe um medo adicional, ainda mais intenso e desconhecido. “Eu confesso que foi uma experiência bem complicada. Porque ser mãe, no contexto geral, antes da pandemia já é algo que a gente já tem aquele medo, de como vai ser a nossa vida a partir daquele momento pra frente, principalmente quando a mulher é mãe de primeira viagem, então se tornar mãe em uma pandemia, o medo é bem maior.” contou Fernanda. “Comecei a pensar no parto, se o bebê vai nascer bem. E com a pandemia, aí já veio um certo pânico maior.”
A principal angústia vinha da incerteza sobre a covid-19. O novo coronavírus era pouco compreendido, e não havia vacinas nem protocolos bem definidos. “Nós não sabíamos de nada sobre a doença. Se caso eu pegasse, o que aconteceria com a minha filha, então, isso tudo foi muito assustador pra mim”, relembra.
Além dos riscos diretos à saúde, outro grande desafio enfrentado por Fernanda foi o isolamento. Com a chegada da pandemia, medidas de distanciamento social foram adotadas e o convívio com familiares e amigos foi interrompido. “Logo que começou a pandemia, eu morava com a minha mãe e com a minha avó. A primeira coisa que nós fizemos foi enviar a minha avó para o interior, com medo dela pegar e acontecer alguma coisa mais grave com ela”, relatou.
Com essa mudança, Fernanda passou a viver a gestação praticamente sozinha. Sua mãe precisava sair para trabalhar e, em casa, restavam apenas ela e Liz, ainda na barriga. “Então foi muito difícil viver a questão da gestação isolada. Eu fiquei isolada de tudo. E quando chegaram as notícias dos amigos, dos familiares, dos colegas da faculdade que vieram a falecer por conta disso, foi bem difícil. Não foi pra ninguém.”
Hoje, ao ver a filha crescer num contexto completamente diferente, com liberdade para brincar e saúde, Fernanda sente gratidão e alívio. Ela reconhece que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, conseguiu superar aquele período desafiador e que, agora, pode oferecer à filha um ambiente mais saudável e leve.
“Eu digo que a minha filha hoje vive, porque seria muito difícil deixar ela dentro de casa naquela época. Porque para uma criança ficar num ambiente fechado deve ser muito difícil”, refletiu a enfermeira. “Então, seria um desafio a mais como mãe manter uma criança dentro de casa. Agora eu agradeço muito a Deus pela oportunidade de estar vivendo o pós-pandemia e a minha filha ter a liberdade de poder ir e vir onde quisermos. Poder passear, brincar, ter contato com outras pessoas, coisa que ela não teria se tivesse nascido no período que foi o auge da pandemia.”
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