Remo: Gustavo Morínigo avalia 45 dias de trabalho, Belém, críticas e pressão sobre Ribamar e Ronald

Técnico do Remo conversa de maneira exclusiva com O Liberal e revela vivência quase que total do ambiente azulino nos primeiros meses de trabalho

Pedro Cruz e Fabio Will
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Gustavo Morínigo chegou ao Remo há cerca de um mês meio. O técnico paraguaio assumiu a equipe com a missão de estancar uma crise no futebol azulino, reorganizar a casa, buscar o título do Parazão, chegar à final da Copa Verde e conquistar o acesso à Série C. Apesar de não ter alcançado todos os objetivos, o trabalho segue firme, levanta certo otimismo da torcida e aprovação plena da diretoria azulina. O segredo é o foco praticamente total no dia a dia e no desempenho dos jogadores.

O compromisso de Gustavo Morínigo na recuperação do time é possível de ser comprovado por meio de dois aspectos. Primeiro, a vivência e a convivência quase que total do clube. Em entrevista exclusiva a O Liberal, Morínigo confessou que praticamente não conseguiu conhecer Belém, a cidade em que está morando desde 5 de março.

“Acho que Belém é uma cidade importante de Brasil. O clima é bastante pesado também. Mas, na verdade, não tive tempo de sair. Não sou uma pessoa de sair muito. Sou uma pessoa de apartamento, de clube, de trabalho, então ainda não aproveitei, na verdade”, revelou o comandante azulino, que nem mesmo a culinária paraense ainda teve tempo de experimentar.

“A verdade é que, como não saio muito, ainda não. É claro que tenho vontade de conhecer. Em algum momento que tenhamos mais tempo seguramente vamos conhecer a cidade e as comidas também, mas agora estamos focados nos jogos, em começar bem a Série C para ter um bom ano”, salientou Morínigo.

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Outro ponto capaz de comprovar o compromisso do técnico com o Leão Azul são os números. Antes da sua chegada, o Remo oscilava em desempenho. Havia vencido quatro dos oito jogos disputados até então, porém com certo “sofrimento” mesmo contra adversário técnica e financeiramente bastante inferiores. A eliminação na Copa do Brasil para o modesto Porto Velho–RO acentuou a crise.

Com Gustavo Morínigo, o Leão mudou de patamar dentro do seu próprio universo comparativo: apenas uma derrota em 11 jogos, tendo antes garantido uma invencibilidade de oito partidas. Mais do que bons resultados, os azulinos cresceram em aspectos físicos e táticos, apesar da rotina castigante de jogos. “Primeiramente, temos que levar em conta que esses meses de trabalho foram, basicamente, meses de jogos. Não foram muito de trabalho, tivemos somente uma semana que pudemos trabalhar e ajustar a parte tática. Nesta semana, sim, estamos aprimorando”, argumentou o paraguaio, para em seguida completar.

“Creio que a compreensão do que queremos, como comissão técnica, e o que achamos melhor para o clube: nisso melhoramos bastante. A parte física também melhorou bastante. Temos menos jogadores machucados no DM. Temos igualado muito a parte física e de jogo, porque jogaram praticamente todos os jogadores conosco, todos tiveram oportunidades - uns mais, outros menos. Ainda vamos seguir melhorando, porque agora começa a Série C, é o foco principal do ano e não podemos o perdê-lo de vista”, reforçou.

Veja outros trechos da entrevista com Gustavo Morínigo:

São cerca de 45 dias de clube. O que mais lhe chamou a atenção no Remo nesse período?

“A verdade é que me chamou a atenção um clube tão grande ter caído até a Série C. Um clube com uma mobilização de torcida muito importante, um clube de paixão, porque a torcida é muito passional e é por isso que vim aqui, é um projeto muito importante, muito grande para mim, de devolver ao clube o seu lugar, claro, passo a passo”.

Como sente as cobranças da torcida após as eliminações na Copa Verde e Parazão?

“Acho que se tivéssemos passado na Copa Verde - e tivemos muitas oportunidades de passar, mas nos pênaltis é muito difícil - e tivéssemos sido campeões estaduais ainda teríamos muita pressão agora, porque este é o objetivo principal. Foram experiências muito importantes contra dois times de Série B [Amazonas e Paysandu] na Copa Verde e o desempenho foi bastante bom. E também na final [do Parazão] fomos bem. Acho que no primeiro jogo, a diferença não foi do time rival, mas todo mundo já sabe sobre o que foi esse jogo. Estou tranquilo por esse lado, mas não estou contente ainda, porque acho que podemos pedir um pouco mais e conseguir objetivos.

Ronald e Ribamar sofreram muitas críticas recentes, principalmente após dos clássicos. Como você aborda isso?

“As críticas sempre vão acontecer sobre um ou outro jogador. O clube e os jogadores vão seguir vivendo. Eles são profissionais. São momentos. Não são maus jogadores, são momentos que estão passando, são decisões que tomaram naquele momento e não posso cobrar pela entrega dos dois porque são dois jogadores que se entregam ao máximo, são os que mais correm no campo e isso vai passar. E as críticas, assumimos todas, não só individualmente. Vamos assumir isso como um grupo, unido, dentro e fora do campo”.

Como é o trabalho diário com uma comissão estrangeira em um clube que convive com pressão diariamente?

“A pressão é de todo mundo, quem não está acostumado à pressão e não convive com essa pressão não serve para o futebol. Nós convivemos diariamente com isso, seja perdendo ou ganhando. Nos acostumamos a trabalhar sempre da mesma maneira, focados no projeto, focados no elenco, a pressão virá em todo momento, isso é normal, mais ainda um clube que está precisando voltar a posição que merece no ranking da CBF. A pressão é dia após dia e nós realmente não nos focamos tanto nisso, trabalhamos para que os jogadores sintam o menos possível a pressão, porque eles, sim, sentem, às vezes, muito [intensamente]. Mas também procuramos que essa pressão que se fala muito retorne como apoio, porque realmente isso é importante quando a gente, do Remo, se foca só em apoiar. É a nossa força mais importante nos jogos, no dia a dia. E pedimos isso, pedimos apoio, isso é em conjunto, temos que estar todos juntos nesse momento porque precisamos dele, precisamos que esse apoio venha das arquibancadas em todo momento e o máximo que puder. E, claro, dentro do campo, o único que posso prometer como treinador é que não vai faltar raça, não vai faltar que o jogador se doe a 100%, isso é uma exigência nossa, sempre foi assim. Vamos fazer isso, depois não podemos prometer resultados, podemos prometer que o time realmente vai se entregar ao máximo”.

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