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Canoagem une pai e filho em aventuras pelos rios do Pará

De Belém ao Araguaia, passando por Santarém e ilhas amazônicas, pai e filho compartilham travessias que moldaram uma parceria dentro e fora da água

Igor Wilson

Pedro Paulo tinha pouco mais de 50 anos quando decidiu aceitar o convite do filho para remar pela primeira vez. Funcionário público, acostumado com a rotina da parte urbana da capital paraense, viu no convite uma forma de acompanhar de perto o entusiasmo de Igor, que sempre falava sobre o rio Guamá como quem descrevia um lugar mágico. Era 2007, e o filho tinha 21 anos.

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“Desde que experimentei a canoagem, eu contava tudo pra ele, os caminhos, as paisagens, os lugares onde a cidade desaparecia e só restava o rio”, lembra Igor Vianna, hoje com 38, professor de canoagem e fundador do clube Canoa Paidégua, no Marine Espaço Náutico, à beira da avenida Bernardo Sayão e de frente para o poderoso rio Guamá.

O pai foi uma vez. Depois, outra. E não parou mais.

 

image Igor e Seu Pedro, juntos, numa bela alvorada no rio Guamá (Igor Mota/O Liberal)

Aos poucos, o que começou como convite virou hábito. E o hábito virou companhia. Uma união que filho e pai ainda não haviam experimentado. Sem dizer muito, Pedro passou a remar ao lado do filho por rotas que a maioria dos belenenses nunca viu — igarapés estreitos, caminhos de rio que só ribeirinho conhece, canais onde os pés de açaí fazem sombra sobre a água barrenta. Ilhas do Combu, de Cotijuba, Mosqueiro, e até mesmo a longínqua Santarém já foram os destinos da dupla.

“A canoagem nos aproximou mais, nos conectou mais, fez a gente viajar, fazer as coisas juntos. É uma coisa que fazemos até hoje”, diz Igor, remando ao lado de seu pai.

Eles nunca se descreveram como uma família esportiva. Não há desejo por competições intensas. O que há são memórias de travessias: pelo rio Araguaia em um caiaque duplo, cruzaram o Tapajós, visitaram Fordlândia, desceram o Arapiuns, remarcaram viagens para Cotijuba, Alter do Chão, Pau D’Arco. Algumas em dupla, outras em grupo.

“Quando a gente planeja uma viagem, sempre que pode, inclui o caiaque. Virou parte da nossa rotina”, resume o filho.

Canoagem une pai e filho em Belém

Entre uma travessia e outra, vieram também os silêncios que acompanham o cansaço. A água parada depois da correnteza. O cuidado mútuo. Em muitos momentos, foi o pai quem puxou o freio.

“Muitas vezes quis ser descuidado, me arriscar. Mas ele me dava as dicas do que fazer. Se não fosse por ele, talvez eu tivesse me exposto a riscos que não precisava. Isso ele me ensina”, diz.

Pedro, por sua vez, pouco fala. Hoje, aos 68 anos, se define como canoísta e jardineiro, um homem totalmente ligado à natureza. Mas o gesto constante de remar ao lado do filho, ano após ano, resume o que não diz.

No ano passado, Igor decidiu fazer a jornada entre Santarém e Belém pela terceira vez, dessa vez sozinho. Foram dias de remada solitária. Ao chegar, no ponto de apoio do clube à beira do Guamá, encontrou duas pessoas esperando: a irmã e o pai.

“E eu não precisava de mais ninguém”, diz.

A canoagem cresceu em Belém nos últimos anos. O turismo também. Mas a história de Igor e seu pai não se explica por nenhuma dessas estatísticas. Ela existe por outro motivo: porque um filho falou demais sobre o rio e um pai decidiu escutar. Depois, remar. E seguir. Juntos. Como o próprio Pedro costumava dizer, diante das dificuldades: “Siga em frente”. Igor seguiu. E o pai veio junto.

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