Inclusão social é escassa nos estádios de Belém

Às vésperas do Parazão, praças esportivas oferecem poucos meios de acessibilidade às pessoas com deficiência

Redação Integrada
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O Paysandu virou destaque nacional. Desde a última segunda-feira (7), todas as entrevistas coletivas concedidas no Estádio da Curuzu terão tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Atitude louvável que aproxima os torcedores. Mas, pensando em acessibilidade, vale refletir sobre o que está sendo feito nos estádios. Afinal, são nessas praças esportivas que a torcida, ao menos nas arquibancadas, é a verdadeira protagonista.

Numa cidade em que poucos locais oferecem condições acessíveis aos que precisam, era de se esperar que não fosse diferente nos estádios de futebol. Acessibilidade para portadores de deficiência é lei (n°10.098/2000). Entretanto é constantemente ignorada, inclusive dentro do mundo do esporte. Assisitir às partidas em Belém é enfrentar obstáculos.

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Caso de Ivan Farias, de 24 anos, jogador de futebol de 5, praticado por atletas cegos. Ele reclama da escassez de piso tátil e da falta de informações. "Eu sempre subi via rampa. No Mangueirão, do portão até o acesso da rampa é muito longe. Já enfrentei dificuldades com pessoas me guiando. Se tivesse mais placas especificando a entrada prioritário, a pessoa não tinha se perdido", conta Ivan, que é torcedor do Clube do Remo.

Falando no Leão, o estádio Baenão está passando por reformas. Muitos torcedores azulinos, que necessitam dessa atenção, podem estar se perguntando como o Remo está pensando o suporte àqueles que precisam desse atendimento especial. A equipe integrada de O Liberal tentou contato com assessoria do clube, mas até o término dessa reportagem, não obtemos resposta.

O rival Paysandu tem apostado em ações inclusivas. Além da tradução em sinais, torcedores de baixa renda terão acesso ao estádio. O projeto Dente de Lobo orienta crianças de escolas públicas sobre saúde bucal. Em 2018, cadeirantes ganharam área exclusiva na Curuzu. No entanto, ainda há reclamações em relação às dificuldades de acesso por parte do público. Também não obtivemos respostas do clube quanto à questão.

Parte do teto desabar é só mais um dos problemas do Mangueirão. O estádio não respeita o manual da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que detalha como as arenas devem atender às pessoas com deficiências – Norma 9050. O que torna o espaço que deveria ser inclusivo, excludente. Tudo isso, à beira do Parazão 2019.
Falamos com a assessoria do Ministério Público do Pará (MPPA). Segundo o órgão, a Polícia Militar (PMPA) e o Corpo de Bombeiros (CBMPA) são os responsáveis pela produção dos laudos sobre acessibilidade nos estádios, em Belém. Somente depois a documentação deve ser enviada ao MPPA. Até a última quarta-feira (9), esses registros ainda não haviam sidos enviados. Ambas as instituições não responderam às nossas ligações.

Enquanto isso, torcedores como o Ivan seguem esperando que o Estatuto da Pessoa com Deficiência de 2015 não seja reduzido a uma fábula pelas autoridade. "Todo órgão público tem que ter piso tátil. Nós queremos que eles fizessem algo pensando em nós. Não nas multas, no dinheiro que eles vão perder", finaliza.

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