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FAQ do esquema de apostas: entenda a Operação Penalidade Máxima em 8 pontos

Tudo o que se sabe até o momento sobre a investigação de manipulação de apostas esportivos envolvendo jogadores de vários clubes do Brasil

Pedro Cruz

O Ministério Público de Goiás está liderando a Operação Penalidade Máxima, que visa combater a manipulação de resultados e esquemas de apostas no futebol brasileiro. A operação tem sido realizada há meses, incluindo prisões preventivas e investigações de muitos jogadores. Até agora, o número de envolvidos chegou a 26, incluindo nove apostadores e 15 jogadores, alguns dos quais já fizeram acordo com o MP.

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A operação se expandiu para incluir jogos de campeonatos estaduais e nacionais, ameaçando a ética esportiva e a credibilidade das principais competições do país. As autoridades apresentaram duas denúncias à Justiça de Goiás nesta semana, pedindo a manutenção da prisão preventiva de alguns dos envolvidos.

Os jogadores arrolados no esquema podem enfrentar punições de acordo com o Estatuto do Torcedor e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), incluindo a prisão de dois a seis anos e multa. A Operação Penalidade Máxima já é considerada um marco no combate à manipulação de resultados e esquemas de apostas no futebol brasileiro. Por isso, O Liberal dividiu em 8 tópicos os principais pontos da operação até aqui:

O que é a Operação Penalidade Máxima?

A Operação Penalidade Máxima é uma investigação conduzida pelo Ministério Público de Goiás para combater a manipulação de resultados e o esquema de apostas no futebol brasileiro. Iniciada em fevereiro de 2021, a operação entrou em sua segunda fase em abril e maio, envolvendo jogadores de times grandes do futebol brasileiro e resultando na denúncia de 9 apostadores e 15 jogadores até o momento. A punição para os envolvidos pode chegar a prisão de dois a seis anos e multa, conforme previsto pelo artigo 41-C do Estatuto do Torcedor.

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Quais jogadores estão envolvidos no esquema de apostas?

Até o momento já foram divulgados pelo MP de Goiás o nome de 15 jogadores envolvidos no caso. São eles:

  1. Allan Godói (zagueiro, Operário-PR),
  2. André Luiz (volante, ex-Sampaio Corrêa)
  3. Eduardo Bauermann (zagueiro, Santos),
  4. Fernando Neto (volante, São Bernardo),
  5. Gabriel Domingos (volante, Vila Nova),
  6. Gabriel Tota (meia, Ypiranga-RS),
  7. Igor Cariús (lateral-esquerdo, Sport),
  8. Joseph (zagueiro, ex-Tombense),
  9. Mateusinho (lateral-direito, ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá),
  10. Matheus Gomes (goleiro, sem clube),
  11. Paulo Miranda (zagueiro, sem clube),
  12. Paulo Sérgio (zagueiro, ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário),
  13. Romário (meia, ex-Vila Nova),
  14. Victor Ramos (zagueiro, Chapecoense)
  15. Ygor Catatau (atacante, ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã).

Entre os apostadores, 9 homens esão sob investigação: Bruno Lopez de Moura, Ícaro Calixto, Luís Felipe Rodrigues, Pedro Gama dos Santos, Romário Hugo dos Santos, Thiago Chambó, Victor Yamasaki, Willian de Oliveira Souza e Zildo Peixoto. A Operação Penalidade Máxima segue em andamento e outras pessoas estão sendo investigadas.

image Grupo criminoso atua mediante a cooptação de jogadores (Divulgação / MPGO)

Quais jogadores já têm acordo com o Ministério Público?

Kevin Lomónaco, zagueiro do Bragantino, Moraes, lateral-esquerdo do Atlético-GO, Nikolas Farias, volante do Novo Hamburgo-RS, e Jarro Pedroso, atacante do Inter de Santa Maria. De acordo com as investigações, os dois primeiros receberam dinheiro para receber cartão amarelo, enquanto os outros dois foram pagos para cometer um pênalti. Além dos jogadores, outras duas pessoas também estão no “Rol de Testemunhas e Informantes”. 

Quais as possíveis punições aos jogadores envolvidos?

Jogadores envolvidos em esquema de apostas podem sofrer punições severas. De acordo com o Estatuto do Torcedor, a pena prevista é de dois a seis anos de prisão e multa para aqueles que solicitarem ou aceitarem vantagem patrimonial ou não patrimonial para alterar ou falsear o resultado de uma competição esportiva.

Além disso, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva também prevê punições. No artigo 242, que trata de "dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva para influenciar o resultado de uma partida", a punição pode ser o banimento do esporte, além de multa estabelecida entre R$ 100 e R$ 100 mil.

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Já no artigo 243-A, que fala sobre atuar de forma contrária à ética desportiva com o fim de influenciar o resultado de uma partida, a pena é menos severa. Os jogadores podem receber uma multa de R$ 100 a R$ 100 mil, seis a 12 partidas de punição e uma suspensão de 180 a 360 dias.

O que os clubes estão fazendo com os jogadores envolvidos?

Após as denúncias do Ministério Público, diversos clubes optaram por rescindir ou afastar jogadores envolvidos. Até o momento, quase todos os clubes com jogadores denunciados tomaram alguma medida.

Os jogadores que tiveram os contratos rescindidos foram: Romário (Vila Nova), Joseph (Tombense), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa, que posteriormente foi contratado pelo Operário-PR), Paulo Miranda (Náutico) e André Luiz (Ituano). Já os jogadores afastados foram: Kevin Lomónaco (Bragantino), Fernando Neto (São Bernardo) e Eduardo Bauermann (Santos).

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Outros jogadores são citados nas evidências do inquérito, mas não foram denunciados até o momento. Mesmo assim, alguns clubes optaram por afastar preventivamente os jogadores, como foi o caso de: Vitor Mendes (Fluminense), Max Alves (Colorado Rapids), Pedrinho e Bryan Garcia (Athletico-PR), Richard (Cruzeiro), Raphael Rodrigues (Avaí), Nino Paraíba (América-MG), Alef Manga e Jesus Trindade (Coritiba).

No entanto, alguns clubes decidiram manter os jogadores em seus elencos, como o Grêmio, que manteve Nathan. Já o Internacional apenas retirou Maurício da partida desta quarta-feira, contra o Athletico-PR, mas informou que confia na inocência do jogador e que ele continuará a rotina no clube a partir desta quinta-feira.

Quais jogos estão sob suspeita de manipulação de apostas?

  1. 10/09/2022 - Palmeiras 2 x 1 Juventude
  2. 18/09/2022 - Juventude 1 x 1 Fortaleza
  3. 16/10/2022 - Ceará 1 x 1 Cuiabá
  4. 28/10/2022 - Sport 5 x 1 Operário
  5. 05/11/2022 - Santos 1 x 1 Avaí
  6. 05/11/2022 - Goiás 1 x 0 Juventude
  7. 05/11/2022 - Bragantino 1 x 4 América-MG
  8. 05/11/2022 - Criciúma 2 x 0 Tombense
  9. 05/11/2022 - Sampaio Corrêa 2 x 1 Londrina
  10. 06/11/2022 - Cuiabá 1 x 1 Palmeiras
  11. 06/11/2022 - Vila Nova 0 x 0 Sport
  12. 10/11/2022 - Botafogo 3 x 0 Santos
  13. 08/02/2023 - Guarani 2 x 1 Portuguesa
  14. 11/02/2023 - Esportivo 0 x 0 Novo Hamburgo
  15. 12/02/2023 - Caxias 3 x 1 São Luiz

Como funciona o esquema de manipulação de apostas?

De acordo com as investigações, os contatos entre os apostadores e jogadores acontecem principalmente através de redes sociais, como Instagram, e são feitas ofertas para eventos específicos durante o jogo, como a distribuição de cartões amarelos. O pagamento da aposta é feito após o evento, com a promessa de uma vantagem financeira aos jogadores envolvidos.

Após combinar com os jogadores, os apostadores realizam uma aposta múltipla, em que vários acontecimentos são necessários para acertar a aposta. Esse tipo de aposta oferece um retorno muito maior do que uma aposta comum. Um exemplo é a aposta em cartões para cinco jogadores em que há suspeita de manipulação. Nessa operação, o apostador colocava R$ 300 e teria um retorno de mais de R$ 110.000, ou seja, um retorno de mais de 36.667%.

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Bauermann teria recebido R$ 50 mil para levar um cartão amarelo no jogo entre Santos e Avaí, pela Série A do ano passado

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As investigações levaram a prisão de pessoas acusadas de participar do esquema de apostas. Alguns clubes optaram por rescindir o contrato ou afastar preventivamente os jogadores envolvidos. No entanto, é importante destacar que alguns jogadores citados nas evidências do inquérito não foram denunciados até o momento.

Algum jogador recusou oferta de participar do esquema de manipulação de apostas?

Sim. A investigação revelou que alguns atletas recusaram as ofertas. Rafael Vaz, ex-zagueiro de Vasco e Flamengo, é um dos exemplos citados. Ele teria sido contatado via Instagram para uma parceria de roupas, mas quando o interlocutor mudou o rumo da conversa e propôs a aposta, Vaz recusou.

Além dele, outros jogadores também recusaram as ofertas. Quatro deles, Jean Martim, Willian, Van Basty e Riquelme, jogadores do Vila Nova (GO), se tornaram testemunhas e informantes da operação. Riquelme, por exemplo, receberia R$ 200 mil caso aceitasse a oferta do denunciado Romário antes de uma partida contra o Sport. O jogo era da última rodada da Série B e terminou empatado por 0 a 0, com seis jogadores do clube pernambucano expulsos.

Apesar de não terem sido implicados nas denúncias, a recusa de jogadores mostra que nem todos estão dispostos a participar de esquemas ilegais de apostas.

 

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