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Veja o que os paraenses precisam saber sobre o mercado antes de investir em criptomoedas

Assessor de investimentos e economista indicam como aplicar recursos nos criptoativos, que têm enfrentado instabilidade nos últimos tempos

Elisa Vaz

Não é de hoje que as criptomoedas têm tido flutuações de preços e passado por instabilidades. Esses produtos, também conhecidos como criptoativos, são todas as moedas que existem de forma digital ou virtual e usam a criptografia para garantir suas transações, sem a existência de uma autoridade central de emissão ou regulação - como é o caso do Banco Central (BC) com o real, no Brasil. Para quem investe, isso garante liberdade e a livre circulação das moedas.

O mercado de criptomoedas, que conquistou milhões de investidores nos últimos anos, agora enfrenta volatilidades significativas em curtos espaços de tempo. O assessor de investimentos Idean Alves diz que existem diversos motivos para que isso tenha acontecido, sendo um deles a alta de juros ao redor do mundo, com o objetivo de controlar a inflação, em especial nos Estados Unidos. Enquanto a taxa estiver elevada, a demanda pelos ativos tende a ser menor.

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“Os títulos da dívida americana são considerados os mais seguros do mundo e estão em um patamar cinco vezes acima do histórico, pagando em torno de 5% em dólar. Isso acaba atraindo dinheiro do mundo todo e de todos os mercados; as criptomoedas não ficam de fora. Bolsas de valores e criptoativos são mercados que dependem de liquidez no mundo, buscando maiores taxas de retorno, principalmente em cenários em que a renda fixa, como no caso das dívidas de países como os Estados Unidos, estão pagando pouco. À medida que o cenário indicar redução dos juros, esses ativos podem voltar a ser bastante procurados e valorizados”, explica o especialista no mercado financeiro.

O principal desafio para quem quer investir em criptomoedas, de acordo com Idean, é driblar informações sem qualidade e a ideia de “dinheiro fácil”. Ele diz que isso tem atrapalhado investidores. “Como se diz no mercado, ‘não existe almoço grátis’, então tudo tem um ‘preço’, e o principal investimento que o interessado em criptoativos pode fazer é estudar bem o mercado antes de investir, buscar instituições confiáveis para negociar e entender que é um investimento com o qual não deve contar no curto prazo”, orienta.

O ideal é que essa aplicação seja uma parcela pequena da carteira de investimentos (cerca de 5%), sobre a qual o investidor aceite oscilação e o risco de perda, não afetando o patrimônio total se isso acontecer. Para entrar nesse ramo, o investidor também deve ter um perfil mais “agressivo”, ou seja, estar mais disposto a correr riscos no mercado - não significa que ele vai alocar todo ou a maior parte do seu patrimônio naquilo, mas, sim, que entende ou tolera mais riscos e oscilações para ter ganhos maiores.

Experiência

Foi em 2019 que o engenheiro civil Denis Ferreira Gomes, de 45 anos, teve o primeiro contato com as criptomoedas e começou a estudar esse mercado, especialmente a moeda digital Bitcoin, considerada a primeira de real sucesso. “Achei muito interessante, porque é uma maneira de ter o dinheiro na sua posse mesmo, não precisa do governo, não precisa de bancos, não precisa de nada. Se você coloca essa criptomoeda em uma carteira digital, pode levar para onde quiser, em qualquer lugar do mundo. É uma liberdade financeira enorme, e a partir daí comecei a olhar e a comprar aos pouquinhos o Bitcoin em 2020. Hoje eu tenho na minha carteira Bitcoin e Ethereum, que são as maiores”, conta.

O que fez o engenheiro investir nessas criptomoedas foi acreditar no potencial de crescimento e na rentabilidade dos criptoativos. “O Bitcoin é como se fosse um ouro digital. Ele é escasso. A cada quatro anos ele diminui pela metade a produção; ao longo de 20 ou 30 anos, ele vai parar de produzir. O total vai ser de 21 milhões de moedas. Ele é muito volátil porque é uma coisa nova, mas acredito que é o futuro”, avalia. Na opinião do investidor, muitas pessoas perdem dinheiro porque compram a moeda quando está muito cara. Mas, esperando o momento certo, existem boas oportunidades.

A dica dele é que os investidores estudem o mercado e entendam os riscos envolvidos. Mesmo que o retorno não seja garantido, Denis acredita que “o mundo está ficando digital” e, por isso, esse tipo de investimento vai ser cada vez mais comum. “Os governos do mundo inteiro estão com muitos problemas de produção de dinheiro, muita inflação e não estão conseguindo controlar. Acredito que muita gente vai migrar para esse dinheiro descentralizado. Quem investir no Bitcoin e no Ethereum nesse momento e aguardar um ano ou dois pode fazer um investimento que vai mudar a sua vida”, declara.

Cenário negativo

Economista, Sérgio Melo afirma que as criptomoedas têm várias fragilidades que as tornam “potencialmente problemáticas” para a economia como um todo. Segundo ele, uma das principais vulnerabilidades é a falta de estabilidade, marcada pela alta volatilidade, o que torna difícil para as pessoas usarem criptomoedas como uma forma confiável de pagamento ou como uma reserva de valor. Outro ponto crítico, na avaliação do especialista, é a alta especulação, já que grande parte da demanda por criptomoedas vem de investidores que estão buscando lucros rápidos por meio de apostas na alta do ativo.

“Durante períodos de expansão econômica, a demanda por criptomoedas pode aumentar à medida que mais pessoas têm dinheiro para investir em ativos arriscados, como as criptomoedas. Isso pode levar a uma maior demanda por criptoativos e, consequentemente, a um aumento nos preços. O contrário pode ocorrer em momentos de recessão. Além disso, em momentos de alta do mercado financeiro, os investidores podem estar mais propensos ao risco, assim como em momentos de baixa, a aversão ao risco aumenta”, detalha.

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Esses movimentos de instabilidade das criptomoedas são originados por vários fatores, diz o economista. “No mercado de ações, por exemplo, a lógica predominante é o desempenho das empresas na economia real. No mercado de criptomoedas, não existe essa vinculação. Qualquer movimento externo, como uma notícia, pode levar a uma alta ou baixa do mercado. É difícil prever se essa volatilidade será normalizada em breve, pois depende de muitos fatores. Para normalizar ou atenuar, é importante que o mercado aumente, tenha maior regulamentação e de alguma forma ganhe maior credibilidade. Para as moedas tradicionais, essa credibilidade é transmitida pelo Estado, que garante confiança sobre a manutenção do valor da moeda”.

A falta de centralização pode ser um dos fatores que influenciam nesse comportamento. Diferentemente das moedas e investimentos "comuns", no segmento de criptomoedas, a única legislação a seguir é a lei do mercado, de oferta e demanda, sem interferência de reguladores centrais. Outros investimentos, segundo Idean Alves, “emanam de emissores de dívida, no caso da renda fixa, de empresas, vide ações, ou imóveis, como nos fundos imobiliários, e todos estão sujeitos a regulação e a fiscalização do mercado, em especial da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), então se algo der errado, o investidor tem a quem recorrer”, pontua.

No fim do ano passado, a lei nº 14.478/2022, conhecida como o marco legal das criptomoedas, foi sancionada. Para o economista Sérgio Melo, a legislação foi um avanço parcial para o mercado de criptoativos brasileiro, pois trouxe conceitos, definições, vinculações ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) e ao Código Penal, mas diz que alguns tipos de fraudes possíveis não foram cobertas, como o uso de informação relevante não divulgada no mercado (insider trading).

O especialista ainda acredita na importância de ressaltar que cada investidor possui um perfil de apetite ao risco e a escolha de um investimento se dá a partir da expectativa criada sobre o desempenho da economia e do mercado financeiro. “Mesmo com informações de qualidade, um investimento de alto risco pode não ser bem-sucedido e impactar o orçamento do investidor, levando em alguns casos a perdas irreversíveis. Existem opções de investimentos menos arriscadas que podem não trazer os maiores ganhos, mas garantem alguma rentabilidade com maior segurança”, afirma. Ele indica os títulos do Tesouro e Certificados de Depósito Bancário (CDBs).

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