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Paraense tem mudado hábito de comer em restaurantes devido a alta nos preços dos alimentos

Dos itens que fazem parte do café da manhã até o feijão com o arroz, a inflação soma altas que chegam em quase 29%

Camila Azevedo
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O hábito na rotina dos paraenses de fazerem refeições em padarias ou restaurantes tem dado lugar à necessidade de opções para economizar. Isso porque a inflação sobre o preço dos alimentos é sentida e, em Belém, o feijão e o arroz alcançaram, juntos, uma alta de 30%. Os itens que compõem o café da manhã também foram afetados: em 12 meses, o pão, por exemplo, teve um reajuste de 28,9%. Os números foram levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Pará.

Rosielen Costa, de 29 anos, trabalha com a distribuição de panfletos no centro comercial de Belém e precisou adaptar a alimentação. Ela conta que, com as despesas de casa, aproveitar a comida que já é feita para os filhos acaba sendo um gasto a menos. “Está tudo muito alto. A parte das proteínas e os mais básicos do dia a dia, como os pães, estão com preços salgados. Trago a comida de casa porque é mais em conta, já deixo lá e aproveito. Na rua, fica sem condições”, conta.

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A economia que Rosielen faz durante a semana chega a R$ 90, uma vez que o preço médio de uma refeição que ela consumia no local em que trabalha está nos R$ 15. Porém, esse valor já esteve mais baixo e é um dos reflexos da inflação vivida. No final do mês, são cerca de R$ 360 poupados para outras despesas. “E esse é o preço de uma básica. Antes, eu comprava por R$ 10 e, até mesmo, por R$ 12. Quando se soma tudo, no final, fica pesado”, afirma.

Dividir comida tem sido opção

Devido aos altos preços que as refeições estão alcançando, a autônoma Kelly Matos, de 37 anos, encontrou alternativa tanto na divisão da comida com amigos, quanto no aproveitamento do que é feito em casa. “Trago mais de casa do que compro aqui. Quando compro aqui, racho com alguém. A refeição melhorzinha está em R$ 15, a que dá para comer mesmo. E isso, todos os dias, fica pesado. Temos que ter o café da manhã, o almoço e o lanche, não podemos ficar com fome”, relata.

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Kelly trabalha com a venda de água e biscoitos caseiros em um ponto fixo no centro de Belém desde 2002. Além dos preços, ela diz que não se sente satisfeita com a quantidade do que é servido nos restaurantes. “Está tudo muito caro, ainda mais pra gente que tem uma família em casa, a gente tem que ter só um gasto, comprar e deixar lá porque aqui está muito caro e não sustenta, não sacia nossa fome. Acaba que fica mais alto no custo e não podemos desistir”, lamenta a autônoma.

Empreendedor tenta reduzir impacto da inflação no preço final

Há 18 anos trabalhando com a venda de café da manhã nas ruas da capital, o empreendedor Márcio Miranda sentiu um aumento de 10% no preço do açúcar. Apesar disso, ele ressalta que não observou tanto a alta em outros itens. “Para mim, está normal, não achei que aumentou muito, tenho achado itens mais baratos do que no ano passado, como o ovo e o café, mas o açúcar aumentou e reflete no preço final”.

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Por dia, Márcio recebe aproximadamente 80 clientes. Ele serve pão com queijo, manteiga e ovo, além do café com leite. A estratégia, então, é tentar reduzir o impacto das altas no preço do produto. “Aqui, a movimentação não caiu. Eu tento não repassar um valor muito caro, porque lembro que meu consumidor também passa por dificuldades”, completa.

Dona de restaurantes de Belém adota alternativas para não perder clientes

Foi por sentir um aumento de 46,6% no preço final das compras semanais para os restaurantes em que é dona que Lúcia Torres, de 58 anos, precisou adaptar a quantidade de comida servida aos clientes. Os pratos, então, passaram a ser servidos em quantidades menores, mas mantendo o mesmo preço. “O arroz aumentou, o óleo… O feijão, nem se fala. Agora a gente só manda o feijão se o cliente pedir. Por isso, o que eu fiz para não aumentar o preço, foi diminuir um pouco a porção, a farofa, tudo foi diminuído”, explica.

Antes, R$ 1.500 eram suficientes para o estoque de alimentos, que durava de terça-feira a domingo nos estabelecimentos. Hoje, Lúcia paga, no mínimo, RS 2.200. “O óleo voltou para mais de R$ 10. O feijão, que eu estava comprando de R$ 5, agora varia entre R$ 9 e R$ 10. Isso tudo gera um aumento de quase R$ 600 de despesas a mais, fora o que gasto com camarão, peixes e carnes. Então, diminuo um pouco a quantidade e mantenho o preço”, finaliza.

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