Pão mais caro no Pará: alta do trigo pressiona preços e desafia rotina de consumidores em Belém

Com a valorização do dólar e aumento nos preços de insumos como trigo, margarina e fermento, panificadoras da capital paraense reajustam valores de pães, salgados e doces; consumidores mudam hábitos para manter o “pão de cada dia”.

Jéssica Nascimento
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A rotina dos paraenses que começam o dia com pão fresco está mudando. O aumento no preço do trigo, impactado pela alta do dólar e pelo custo das importações, levou a reajustes nos produtos de panificação em Belém. Panificadoras se veem obrigadas a repassar parte do aumento ao consumidor, que, por sua vez, já sente no bolso e na mesa os efeitos da inflação nos insumos básicos.

image (Foto: Carmem Helena)

Trigo em alta e dólar pressionando

Segundo Naldo Tavares, gerente de uma panificadora no bairro do Umarizal, o trigo — principal insumo dos produtos de panificação — está mais caro principalmente por ser cotado em dólar. “A compra do trigo é em dólar. Isso pesa. Quando o aumento é pequeno, seguramos o preço. Mas com aumentos maiores, infelizmente temos que repassar”, explicou.

image Naldo Tavares. (Foto: Carmem Helena)

Produtos derivados do trigo, como pão francês e salgados, registraram aumento médio de 5% nos últimos quatro a cinco meses. O quilo do pão passou de cerca de R$ 17 para R$ 18, enquanto salgados como coxinhas tiveram salto de R$ 7,90 para R$ 8,90.

Além do trigo, outros insumos que compõem o custo final, como manteiga, margarina, queijo e fermento, também registraram altas — muitas vezes por motivos semelhantes, como dependência de importações e oscilações no mercado internacional.

Na ponta, o consumidor aperta o cinto

Para quem consome pão diariamente, como Cristina Brito, pensionista de 52 anos, a elevação no preço tem efeito direto no orçamento familiar. “O pão que eu comprava por R$ 0,50 agora tá saindo a R$ 0,70. Parece pouco, mas no fim do mês pesa”, relata.

Fernando Jarbas, trabalhador autônomo de 55 anos, tem a mesma opinião: “O pão disparou. O croissant e o misto quente quase dobraram de preço”. A solução tem sido cortar gastos e adaptar os hábitos. “Antes levava seis pães, agora levo quatro. E evito comprar salgado. Tá ficando pra ocasiões especiais”, afirma.

Reajuste, mas sem queda nas vendas (ainda)

Apesar dos aumentos, o pão segue firme na rotina dos belenenses. “A cultura paraense consome muito pão. Não tivemos queda de vendas, só algumas reclamações no início”, pontua Naldo. A exceção fica por conta dos bolos, cujo consumo caiu levemente fora dos períodos festivos.

image (Foto: Carmem Helena)

O cenário ainda é de incerteza. “Esperamos que os preços se estabilizem. Mas se houver novo aumento, vamos ter que reajustar de novo. Tudo depende do mercado externo”, alerta o gerente.

Expectativa é de estabilidade, mas risco de nova alta existe

Tanto comerciantes quanto consumidores demonstram preocupação com os próximos meses. A instabilidade do mercado internacional e a valorização do dólar mantêm o risco de novos aumentos no radar.

“Espero que estabilize. Se continuar subindo desse jeito, vai ficar difícil até pro pão de cada dia”, desabafa Cristina. Para Fernando, a situação é clara: “Padaria vai virar luxo. Se subir mais, vai ser só em data especial”.

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