Pará exportou US$ 15 mi de pescado para EUA em 2025 e tarifaço ameaça setor com contratos suspensos
Setor estima perdas de milhões de dólares e paralisação de barcos após EUA imporem tarifa de 50% sobre produtos do Brasil; pargo, principal espécie exportada, é a mais afetada.

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada pela gestão Donald Trump, já causa impacto direto nas exportações de pescado do Pará. Setores da indústria de pesca paraense disseram ao Grupo Liberal que o estado vê contratos suspensos, barcos parados e demissões no horizonte. A principal espécie de peixe paraense do tarifaço é o peixe pargo, carro-chefe das vendas para o mercado norte-americano.
EUA: destino nº 1 do pescado paraense
De acordo com Eloy Araújo, diretor técnico da Associação dos Produtores de Pescados da Amazônia Azul (ABRAPPAA), os Estados Unidos são o principal destino das exportações paraenses.
De acordo com Araújo, em 2024, foram enviadas aproximadamente 7 mil toneladas de pescado, gerando um faturamento de US$ 60 milhões.
No primeiro semestre de 2025, a exportação alcançou 2.300 toneladas e US$ 15 milhões em receitas - valor que poderia ser superado no segundo semestre com a entrada da temporada de pesca do pargo, iniciada em maio, segundo o diretor.
No entanto, a notícia da tarifa interrompeu esse cenário positivo.
“Desde o anúncio, os importadores suspenderam as compras de contêineres que não chegassem antes do dia 1º de agosto nos Estados Unidos. Os barcos que capturam pescados para os EUA, que concluíram seus cruzeiros, já estão parando”, afirma Araújo.
Setor pede socorro e prevê demissões
A situação é tão crítica que a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) solicitou ao governo federal a liberação de R$ 900 milhões em crédito emergencial para tentar conter o colapso.
Para Araújo, a tarifa de 50% é "bastante significativa em qualquer negócio" e "não permite ser absorvida".
“Com a suspensão dos contratos, os faturamentos previstos não ocorrerão e a demissão de marítimos e pessoal da indústria se tornam inevitáveis”, alerta o diretor técnico da ABRAPPAA.
Empresas podem fechar até dezembro
A preocupação também é compartilhada por Apoliano Oliveira, presidente do Sinpesca (Sindicato das Indústrias de Pesca do Pará). Segundo ele, os contratos com compradores norte-americanos foram cancelados imediatamente após o anúncio da tarifa.
“Os compradores já fecharam as portas. Já desfizeram os contratos. Vamos ter empresa fechada com certeza até dezembro se não chegarem a uma solução sobre o tarifaço”, afirma Oliveira.
O executivo destaca que, embora outras espécies regionais estejam menos afetadas no momento — por serem exportadas para outros mercados — o impacto sobre o pargo é devastador.
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China e Europa viram alternativas
Diante do novo cenário, o Sinpesca tenta redirecionar o foco das exportações.
“Vamos tentar exportar mais para a China e tentar abrir o mercado de exportação para a Europa”, diz Oliveira.
Ainda assim, ele reconhece que adaptar toda uma cadeia produtiva a novos mercados não acontece do dia para a noite.
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