Pará exportou quase US$ 100 mi em madeira para EUA em 2024 e tarifa de Trump pode abalar setor

Tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos pode afetar a economia do setor madeireiro do Pará, que depende em grande parte do mercado norte-americano para exportações do produto.

Jéssica Nascimento
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A recente imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações de produtos do Brasil para os Estados Unidos pode ter efeitos para o setor madeireiro do Pará, que, no último ano, exportou US$ 97 milhões em madeira para o mercado norte-americano, dentro de um total de US$ 241 milhões em produtos florestais. Representante da indústria ouvido pelo Grupo Liberal alerta que a dependência desse mercado, que compõe uma parte significativa das exportações brasileiras, deixa a indústria local vulnerável a flutuações nas políticas comerciais internacionais. O impacto não será apenas financeiro, mas também poderá afetar a sustentabilidade da produção e a manutenção de empregos na região.

Riscos de concentração no mercado norte-americano

Dados da Secretaria de Comércio Exterior apontam que, em 2024, o Brasil exportou US$ 1,6 bilhão em produtos florestais para os Estados Unidos, sendo a madeira o principal item - respondendo por mais de 40% do total das exportações brasileiras do produto.

Deryck Martins, diretor executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), afirma que essa concentração do mercado em um único país pode fragilizar os produtores locais e gerar incertezas.

"Quando há aumento de tarifas ou mudanças nas regulamentações, o impacto financeiro pode ser significativo, como estamos vendo agora com a tarifa de 50% imposta pelos EUA", comenta.

No caso do Pará, segundo Deryck Martins, as exportações de madeira para os Estados Unidos somaram US$ 97 milhões no último ano, dentro de um total de US$ 241 milhões em produtos florestais

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Estratégias de diversificação e busca por novos mercados

Diante da ameaça da tarifa, o setor madeireiro do Pará tem se empenhado em diversificar seus mercados. Já há iniciativas para ampliar as exportações para Europa, Ásia e Caribe, mercados com grande potencial, mas que exigem esforço em termos de marketing e parcerias estratégicas.

"A FIEPA tem incentivado a participação em feiras internacionais e buscado parcerias com importadores dessas regiões. Este ano, inclusive, temos uma missão para a China, que pode se tornar um mercado promissor", explica Martins. 

Essa diversificação é uma tentativa de minimizar os danos econômicos caso as exportações para os Estados Unidos sofram uma queda abrupta.

O custo da tarifa sobre práticas ecológicas

Com o aumento do custo dos produtos exportados devido à tarifa de 50%, o setor pode enfrentar uma pressão crescente para reduzir custos, o que pode resultar na adoção de práticas menos sustentáveis

Martins alerta que, para se manter competitivas, algumas empresas podem optar por materiais mais baratos e poluentes, o que comprometeria os esforços para garantir uma produção ecologicamente responsável.

“A tarifa de 50% cria um cenário em que muitas empresas podem priorizar a redução de custos à sustentabilidade. O risco é que o mercado acabe substituindo a madeira certificada por materiais de pior qualidade ambiental”, diz o presidente do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da FIEPA.

O impacto na cadeia de produção 

O impacto da tarifa também será sentido em toda a cadeia de produção, desde os pequenos fornecedores até as grandes exportadoras. Martins afirma que, se o setor não conseguir adaptar seus preços e continuar exportando para os Estados Unidos, a redução nas vendas pode resultar em demissões e problemas de liquidez.

“Esse cenário pode afetar negativamente a manutenção das florestas, uma vez que o manejo florestal sustentável é, em grande parte, financiado pela atividade madeireira. Sem essa receita, a preservação das florestas pode ser comprometida”, destaca. 

Segundo Deryck Martins, a FIEPA está articulando ações diplomáticas e jurídicas junto ao governo brasileiro, juntamente com a CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e demais federações para contestar essas tarifas.

 

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