Vigia de Nazaré vira passarela a céu aberto e celebra a moda autoral amazônica

Evento reúne moda autoral, dança, música e performance para valorizar a produção local e reafirmar Vigia de Nazaré no mapa criativo do Pará

O Liberal
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O desfile “Costurando Culturas”, que ocorre no próximo domingo, 21 de dezembro, a partir das 19h, Vigia de Nazaré, propõe um encontro entre moda autoral, biojoias, dança e audiovisual, valorizando artistas e artesãs da cidade em uma experiência coletiva aberta à comunidade. O evento conta com o suporte da Secretaria Municipal de Trânsito, responsável pela organização do fluxo no local.

Idealizado pelo multiartista vigiense Junior Clever e pela estilista Jucilene Alves, o projeto nasce do desejo de descentralizar o olhar da moda autoral, levando a criação para além da capital e reafirmando que a produção cultural pulsa diariamente nos territórios. “A proposta surge do desejo de valorizar o lugar onde a criação acontece todos os dias: nas casas, nos ateliês e nas ruas de Vigia”, disse Jucilene Alves.

Impulsionado pela criativa dos idealizadores e das mulheres envolvidas, o evento estende o tapete vermelho para que modelos desfilem peças criadas especialmente para a ocasião unindo moda, dança e identidade amazônica.

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“Tenho me dedicado a criar iniciativas que avivam a cultura da minha cidade, porque acredito que Vigia possui riquezas culturais que também precisam se manifestar por meio da moda autoral”, disse Junior.

A programação dialoga ainda com o audiovisual ETNOCENAS, dirigido por Junior Clever, que valoriza o ofício das costureiras e artesãs da cidade. A produção lança um novo olhar sobre essas mulheres, antes vistas apenas como prestadoras de serviços, mas que agora protagonizam a criação e costuram histórias e memórias por meio de seus saberes tradicionais.

No centro da passarela estarão as biojoias criadas pelo Coletivo “Em mim a Amazônia Vive”, produzidas a partir de escamas de peixe, sementes e outros elementos naturais do território. Cada peça carrega referências do rio, da floresta, do cotidiano e da ancestralidade amazônica. 

“Sou mulher de pescador e sempre digo ao meu esposo, quando vai para o alto-mar, para trazer uma gurijuba graúda, porque é a partir das espinhas que consigo criar peças ainda mais bonitas”, disse a artesã Loiane Barata.

Ao lado dela, a artesã Anaile Kravo assina peças exclusivas para o desfile e reforça outra dimensão do cuidado com o território amazônico. “Vou até a floresta e seleciono as sementes que serão transformadas em biojoias”, disse.

O uso consciente das escamas de peixe e a escolha criteriosa das sementes revelam uma ética de sustentabilidade e respeito ambiental, onde as artesãs mostram que criar biojoias é também uma forma de preservar, valorizar e cuidar da floresta, dos rios e dos ciclos da natureza.

As camisarias de moda autoral criadas por Jucilene Alves também terão presença marcante no desfile. Há mais de três décadas, a estilista cria peças que acolhem diferentes corpos e trajetórias, incorporando símbolos da cultura vigiense, como a gurijuba, o Círio de Nazaré, as vendedoras de doces no tabuleiro e os espaços históricos da cidade, transformando cada camisa em uma narrativa visual.

“Minha intenção é construir uma vitrine viva. Quem veste uma camisa carrega consigo as marcas identitárias de Vigia, divulgando a cidade pelo corpo das pessoas e reafirmando que ser fashion é valorizar a nossa gente e vestir a identidade local”, disse Jucilene Alves.

A curadoria do evento é assinada pela professora e pesquisadora de moda Alcimara Braga, que destaca o papel da moda como ferramenta de visibilidade social. “Uma curadora de moda não escolhe apenas o que entra ou sai da passarela. Ela organiza narrativas, aproxima trajetórias e ajuda a tornar visível aquilo que, muitas vezes, permanece à margem. Aqui, quem protagoniza são mulheres que criam, bordam, costuram e pesquisam. Meu papel é iluminar essas histórias e mostrar que a moda feita em Vigia fala de território, identidade e futuro”, disse.

O encerramento da noite contará com a performance de dança do Studio Rosa Marciel, que entra como um fio sensível entre corpo, música, rua e regionalidade. 

Agende-se

Data: domingo, 21
Hora: 19h
Local: Travessa Vilhena Alves, 429. Vigia/PA - Bairro: Centro
Evento será aberto, com cadeiras.

 

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Cultura
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