Professor da UFPA, Breno Baía recomenda obras sobre Direitos Humanos
O docente explica que suas indicações possam servir para um entendimento maior sobre o tema

No último domingo (10), foi celebrado o ‘Dia dos Direitos Humanos’, uma data proclamada pela Assembleia Geral da ONU a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em 1948. O Professor de Direitos Humanos da UFPA, Breno Baía, indicou um livro, uma série e um filme, para que se entenda melhor sobre o tema.
“É inegável a relação existente entre os direitos considerados inerentes à humanidade e a produção cultural de um período histórico específico. Os padrões de proteção e interpretação que formam o conjunto de direitos humanos são informados pelo substrato cultural adquirido nas lutas empreendidas por grupos marginalizados em busca da concretização de seus projetos emancipatórios. Mais do que nas normas inscritas em tratados internacionais assinados por instituições que nos parecem sempre tão distantes e estrangeiras, podemos encontrar o verdadeiro significado dos direitos humanos, aqui, bem próximo de nós, ao nos debruçarmos sobre as experiências vivenciadas por grupos e povos que recorrem a ideias e estratégias políticas forjadas ao longo de quase um século de construções políticas que visam a fazer frente a opressões conjunturais, institucionais e estruturais. Nesse contexto, nenhum compêndio legislativo ou obra jurídica teria melhores condições de explicar a importância dos direitos humanos do que a arte. Penso que as modestas indicações servirão como um veículo para que, por meio da sensibilização e empatia, vocês se tornem ativistas de Direitos Humanos”, disse o professor.
VEJA MAIS
Vejas a indicações do “Eu Recomendo”:
"O Conto da Aia" (2017): Esta série, disponível nas mais importantes plataformas digitais e baseada no romance de Margaret Atwood, nos apresenta, por meio de uma narrativa distópica, o aprofundamento da subjugação das mulheres em uma sociedade totalitária permeada pelo fanatismo religioso e pela estruturação de relações sociais hierárquicas. Recomendo, fortemente, especialmente as primeiras temporadas.
"Quarto de Despejo" de Carolina Maria de Jesus (1960): O livro retrata o dia a dia da autora em uma comunidade pobre de São Paulo, a antiga Favela do Canindé, desocupada em 1961 para a construção da Marginal Tietê. Escrito no período de 1955 a 1960, o diário aborda as dificuldades e angústias vividas pelos habitantes da favela, em sua maioria pessoas negras e pobres. O livro demonstra a importância de nos atentarmos para os diversos marcadores que intensificam as violações de Direitos Humanos em nossa sociedade, tais como gênero (mulher, mãe solteira), raça (negra), classe (pobre) e o espaço (comunidade periférica).
"Pajerama" de Leonardo Cadaval (2006): Lançado com o respaldo do Ministério da Cultura, este filme, por meio da observação meticulosa da fria arquitetura urbana de São Paulo, nos leva a uma reflexão acerca da sobreposição da cidade ao terreno natural e às suas raízes históricas indígenas, insistentemente apagadas e invisibilizadas. O curta critica o intenso processo de urbanização, que não apenas moldou a paisagem da capital, mas também impactou de maneira incisiva a vida das pessoas que a habitam e a dos povos indígenas.
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