Premiado escritor paraense Daniel Munduruku também estará na Feira Literária Infanto Juvenil de Belém
Daniel Munduruku escreve obras recontando mitologia indígena para crianças e jovens
Um dos homenageados da 1ª Feira Literária Infanto Juvenil de Belém (Flib), que começa hoje, é o professor e escritor Daniel Munduruku. O autor, que tem vários livros sobre a cultura indígena, em especial sobre a etnia munduruku, a qual pertence, ressalta que iniciou a carreira literária "conversando com as crianças". Ele lembra que ao lecionar Filosofia, recontou as tradicionais histórias dos povos indígenas para escapar da narrativa mitológica grega. "Vi que não tinha muito sentido em falar de mitologia grega sem falar da mitologia originária do Brasil", relembra. "Além de professor, que transmitia conteúdos, eu também passei a ser um contador de história, ou seja aquele que transmitia a imaginação. E por incrível que pareça, vi que as crianças, sobretudo jovens, gostavam dessas histórias", acrescenta.
Para ele, a diversidade da cultura brasileira o leva a produzir escritos que ressaltam a tolerância e respeito. "A minha mensagem é de olhar o outro não como a gente quer que ele seja, mas como de fato ele é, como esse outro se apresenta, com suas peculiaridades, com suas particularidades, com suas organizações, com sua forma de olhar pro mundo e dar respostas pra esse mundo", comenta. O escritor já recebeu Menção de livro Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e teve na publicação "Meu avô Apolinário" escolhida pela Unesco para receber Menção honrosa no Prêmio, além de ter recebido o Prêmio Jabuti de 2017 na categoria Prêmio Jabuti de Livro Juvenil.
Deborah Miranda, umas das curadoras da feira, comenta que o cenário local ainda é carente de escritores voltados ao público de crianças e adolescentes. "Temos uma produção infantil muito legal, mas ainda falta. Tanto que uma das diferenças, além do público, é que a FliPA consegue fazer só com autores locais, é uma feira da amazônia, ou paraense. Com a FLIB a gente não consegue só com autores locais, existe produção, mas não suficiente", explica.
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Para ela, é importante aproveitar a magia infantil para aguçar o interesse pela leitura. "Precisa desse incentivo, desse momento voltado pra eles. Eles têm outras curiosidades, sobre como escreve um livro, como aquilo foi feito, da feitura do livro. É todo um universo que não compreende. Nós temos um outro olhar, mas pra criança tem toda uma coisa mágica, então é isso que a gente quer nesse momento, tornar uma criança leitora. É uma descoberta do livro, da ilustração, do autor, ilustrador... É muito bacana despertar isso", comenta Déborah, que também é sócio-proprietária da FOX Belém.
A FLIB conta com a chancela da Secretaria Especial de Cultura – Ministério da Cidadania, uma realização da Namazônia e Livraria FOX, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), Movimento dos Contadores de Histórias da Amazônia e Fundação Cultural do Pará (FCP).
SERVIÇO - 1ª Feira Literária Infanto Juvenil de Belém - FLIB
De hoje, 29, até domingo, 31, a partir das 9h
Fox Belém (Tv. Dr. Moraes, 584 - Nazaré)
Informações: (91) 4008-0007
Entrada franca
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