Exposição 'VerAmazônia' conecta bioma amazônico e Portugal em programação internacional da COP 30
A mostra será inaugurada no próximo dia 3 de julho, na praia de Oeiras, na Grande Lisboa, em Portugal

Se você não vai à Amazônia, a Amazônia vem até você. Com esse espírito, a maior floresta tropical do planeta será apresentada ao público europeu por meio da arte fotográfica na exposição “VerAmazônia – Edição Especial COP 30”, que será inaugurada no próximo dia 3 de julho, na praia de Oeiras, na Grande Lisboa, em Portugal. O local escolhido é a Praça dos Poetas, onde estão as estátuas de escritores portugueses, como Fernando Pessoa.
A exposição foi lançada oficialmente na quarta-feira (11), durante o Congresso da Federação Nacional de Jornalistas e Comunicadores de Turismo (Febtur), em Belém — cidade que sediará a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), em novembro. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Instituto VerAmazônia e o grupo hoteleiro Vila Galé, com apoio do vice-consulado português em Belém. Ela integra uma agenda internacional que antecipa e simboliza a presença da floresta no cenário global da conferência.
Quatro décadas de registros fotográficos da Amazônia
A mostra reúne quatro décadas de registros do fotógrafo brasileiro João Ramid, reconhecido por seu trabalho autoral na Amazônia, com imagens captadas nos nove estados que compõem a região.
“O formato da exposição permite que o público caminhe pela Amazônia através das imagens dos povos da floresta, além das paisagens únicas que são totalmente desconhecidas da maioria dos europeus”, explica o artista.
VEJA MAIS
O público é convidado a ver, ouvir e sentir a Amazônia brasileira como um território vivo e diverso, a partir dos olhares dos povos que habitam a floresta. A exposição contará com 42 imagens em grande formato, instaladas ao ar livre e em diálogo direto com a cidade e com as pessoas.
“A Amazônia precisa ser vista com tempo, escuta e respeito. Mais do que floresta, ela é território de povos, de cultura e de sabedorias que resistem”, afirma Ramid.
Curadoria e novos olhares
Com curadoria de João Ramid e da fotógrafa portuguesa Ângela Berlinde, a mostra reúne imagens captadas ao longo de mais de 40 anos de imersão nos rios, aldeias e florestas da Amazônia.
Nesta edição especial do projeto em Portugal, somam-se os olhares das fotógrafas convidadas Ângela Berlinde e Lucília Monteiro, que constroem um diálogo visual entre Portugal e a Amazônia, traçando pontes afetivas e simbólicas entre os territórios.
Experiência imersiva na floresta
A participação das artistas portuguesas na exposição foi resultado de uma experiência intensa de escuta, travessia e criação no território amazônico. Durante dez dias, elas percorreram cidades e comunidades do Pará, acompanhadas por João Ramid, em uma imersão visual e sensorial pela floresta.
“Foi uma experiência profundamente marcante, não apenas enquanto fotógrafa e curadora, mas enquanto corpo sensível atravessado pela intensidade daquele território”, afirma Ângela Berlinde, uma das mais respeitadas artistas visuais portuguesas da atualidade.
Cotidiano e fé popular na narrativa visual
Ela conta que a missão foi muito além do registro técnico: “O cotidiano das cidades, os rostos anônimos, os gestos e os silêncios — tudo foi convocado para construir uma narrativa visual densa, complexa, mas também poética”, destaca.
Um dos momentos mais fortes, segundo ela, foi acompanhar o Círio de Nazaré, tradicional manifestação de fé popular em Belém:
“Foi desafiador e emocionante. Uma explosão de cor, suor e lágrima.”
Conhecimento tradicional e ciência lado a lado
Além das fotografias, a exposição apresenta textos curtos e instalações visuais que conectam ciência e saberes tradicionais. Responsável pela editoria científica da mostra, a jornalista socioambiental e pesquisadora Mariluz Coelho destaca que o objetivo é revelar a Amazônia a partir de quem vive nela:
“Não estamos falando de um grande vazio, como muitos ainda imaginam por desconhecimento. Estamos falando de uma das regiões mais biodiversas do planeta — e, acima de tudo, habitada. São quase 30 milhões de pessoas vivendo na Amazônia brasileira, tanto em áreas urbanas quanto na floresta”, afirma.
Início de uma circulação internacional
A exposição faz parte de um projeto maior do Instituto VerAmazônia, que inclui consultorias, publicações e eventos sobre turismo e sustentabilidade socioambiental, comunicação climática e valorização de saberes locais.
A edição em Portugal marca o início de uma circulação internacional prevista para 2025, com apresentações em outras cidades europeias ao longo do ano da COP — e também após o evento.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA