Exposição em Salvaterra une fé, arte e identidade amazônica
Mostra de Nagib Luka, “Marias de Nós Todos em Terras Marajoaras”, abre dia 13 de setembro no Marajó

A fé, a arte e a identidade amazônica se encontram na exposição “Marias de Nós Todos em Terras Marajoaras”, do artista visual paraense Nagib Luka, que será inaugurada em 13 de setembro, em Salvaterra, no arquipélago do Marajó. A programação começa pela manhã, com oficina de grafite voltada para crianças. À noite, a abertura oficial ocorre no Espaço Cultural Cândida (avenida Victor Engelhard, esquina com a praça Magalhães Barata), das 18h às 22h, com microfone aberto, comidas típicas e apresentações de grupos locais de carimbó.
A mostra reúne obras produzidas ao longo de dez anos de trajetória artística, em diferentes linguagens que vão da aquarela à realidade aumentada. O ponto de partida é a devoção a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Círio de Belém, representada em múltiplas formas.
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Devoção e promessa transformadas em arte
“Sou um artista urbano desde a adolescência, já fiz parte da cena da pixação e atualmente trabalho principalmente com grafite e técnicas diversas. Quando sonhava em cursar Artes Visuais na universidade, fiz uma promessa: se passasse no vestibular, todo Círio faria um desenho em homenagem a Nossa Senhora. A santa sempre foi muito próxima da minha mãe, da minha avó e da minha bisavó, que também se chamava Nazaré”, relembra Nagib Luka.
Aprovado no curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), o artista deu início à promessa, que se transformou em prática contínua. Desde então, a cada mês de outubro, ele cria uma nova representação da santa, explorando referências que vão das matrizes africanas às culturas cabocla, urbana e ribeirinha.
Arte urbana ligada ao Círio de Nazaré
Cada obra apresenta uma “persona” distinta da padroeira, refletindo tanto a devoção religiosa quanto questões identitárias da cultura paraense. Ao longo de oito anos, as imagens ultrapassaram as telas, chegando a camisas, cartazes e adesivos que se incorporaram às celebrações do Círio de Nazaré na comunidade do artista, no bairro da Terra Firme, em Belém.
“A exposição nasceu de uma reflexão sobre esse caminho de sonhos e realizações no qual a santa sempre me acompanhou. Cada imagem é um pedaço de mim”, afirma o artista.
Mostra terá circulação pelo Marajó
O projeto conta com apoio da Lei Aldir Blanc, na categoria de Fomento à Circulação de Projetos Culturais. A mostra circulará por Salvaterra, cidade em que o artista mantém raízes familiares e culturais por parte da família paterna.
Em 2024, Nagib concluiu a graduação em Artes Visuais e realizou, em sua comunidade, a exposição “Marias”, que reuniu matrizes originais e impressões em fine art. Para ele, a arte urbana que nasce das periferias carrega vozes e histórias muitas vezes invisibilizadas.
“A fé na padroeira dos paraenses une todas as classes sociais em uma grande celebração. O Círio é a maior procissão religiosa do mundo e toca os corações de maneira universal e, ao mesmo tempo, pessoal”, resume o artista, de 28 anos.
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