Edilson Morenno grava ‘Cancioneiro da Amazônia’ com artistas do brega
Projeto audiovisual reúne nomes como Wanderley Andrade, Hellen Patrícia e Nelsinho Rodrigues, e celebra a trajetória de mais de 40 anos do cantor e compositor paraense.

Um dos maiores nomes da música paraense, Edilson Morenno, reúne nesta quarta-feira (15) diversos artistas que marcaram sua trajetória para a gravação do primeiro projeto audiovisual da carreira. A produção de “Cancioneiro da Amazônia” ocorre em uma chácara, em Ananindeua, e contará com oito blocos, reunindo 26 músicas autorais e participações especiais de Wanderley Andrade, Hellen Patrícia, Rebeca Lindsay, Benivaldo, Vingadores do Brega, Zaynara, Aninha, e outros artistas convidados. O evento também terá um momento de louvor em agradecimento.
Em entrevista ao Grupo Liberal, o cantor contou que o projeto era um desejo antigo, viabilizado agora com o apoio da TV Liberal e da Cerveja Caribeña.
“Como compositor de mais de 200 músicas gravadas por mim e por vários artistas regionais e nacionais, é natural querer fazer um audiovisual. Sempre achei que nossa música popular paraense — o brega — merece qualidade em todos os sentidos. Depois de várias tentativas por meio de entidades públicas, resolvi guardar recursos e buscar parcerias privadas para fazê-lo”, afirmou.
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Seleção de 26 músicas marca fases da carreira
Para escolher o repertório, Morenno explicou que buscou representar todos os momentos de seus mais de 40 anos de carreira.
“Criar um repertório foi uma escolha difícil, pois teremos 26 canções autorais de um universo gigante pra mim. Tentei buscar um pedaço de cada momento: o romântico, o crítico e o sarcástico, sem nunca esquecer nosso país, a Amazônia”, contou o compositor.
Ele destacou ainda a importância dos artistas convidados, que participaram de diferentes fases de sua trajetória.
“Escolhi alguns artistas que fizeram e fazem parte dessa história, parceiros de palco e de vida. Claro que não deu pra trazer todos, mas teremos outros projetos que os trarão”, revelou.
Da MPB ao brega: trajetória marcada por festivais
Com uma carreira que começou em bandas de baile em Macapá, Edilson Morenno transitou por diferentes estilos antes de se firmar no brega.
“Comecei tocando rock nacional e internacional, depois participei de festivais de música. Voltei pra Belém em 1982 e ganhei o festival da antiga Ficap, o que me abriu as portas pra música paraense. Além dos festivais, fiquei anos na noite, cantando MPB. Minhas influências são diversas, mas faltava o nosso verde grosso do brega”, relatou.
O primeiro disco foi gravado em 1992, com o sucesso “O Ladrão”. Como compositor, Morenno soma mais de 500 músicas gravadas por outros artistas, entre eles Wanderley Andrade e a Banda Calypso.
“A minha banda tem gente que tá comigo sempre — e outros que estão sempre comigo. Tenho muito orgulho em tê-los ao meu lado nesse momento”, afirmou.
Brega paraense: de discriminado a símbolo cultural
Reconhecido como um dos precursores do brega no Pará, o cantor lembrou as dificuldades do início do gênero e a força conquistada ao longo do tempo.
“Assim como o samba no início, o brega também foi discriminado. Quando saí da MPB, senti isso. Mas hoje nossa música está enraizada graças a muitos caboclos e caboclas resistentes. Acredito que temos muito a crescer, pois somos ricos em ritmos e expressões — e isso depende da nossa união e do apoio contínuo do poder público”, ressaltou.
Participações especiais celebram o brega paraense
Outro grande nome do brega, Nelsinho Rodrigues, também participa da gravação de “Cancioneiro da Amazônia”. Ele relembrou o início da parceria com Edilson.
“A nossa relação surgiu em 1999. O Edilson Morenno já era sucesso e tinha gravado vários CDs com Kim Marques, Tony Brasil e outros artistas. Quando lancei meu primeiro disco, nos encontramos em casas de show e daí surgiu a parceria, que continua até hoje”, contou.
Nelsinho destacou a alegria em integrar o projeto.
“É uma honra muito grande. Fiquei muito feliz quando ele me convidou junto com o Kim, Marcelo Wall, Aninha, Hellen Patrícia e tantos outros. Vai ser muito importante, porque vai estar presente uma parte da música paraense — a nata do brega. A gente se sente muito privilegiado e honrado por esse convite”, disse o cantor de “Me Libera”.
Ele adiantou ainda que o público pode esperar muita música paraense.
“Vai ter muito brega, muita música paraense. Além dessa apresentação, virão novos projetos. O Chyco Salles e eu vamos lançar um set com convidados no mês de novembro”, revelou Nelsinho Rodrigues.
(*Gustavo Vilhena, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Abílio Dantas, coordenador do núcleo de Cultura)
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