Cidades do interior recebem quadrilhas que miram os grandes concursos juninos da capital
Movimento aquece cultura popular paraense e antecipa as emoções das finais no Centur e no Arraial de Belém

A partir deste domingo (1º), começa oficialmente a temporada de circulação das quadrilhas juninas pelos interiores do Pará. Ao longo do mês de junho, dezenas de grupos se preparam para encarar as competições mais importantes do calendário cultural paraense. Mas, antes disso, a maratona de apresentações nos municípios serve como um verdadeiro aquecimento para os espetáculos que estão por vir.
Em Belém, dois grandes eventos movimentam o cenário junino: o tradicional Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas, promovido pela Fundação Cultural do Pará (FCP), que chega à sua 21ª edição, será realizado entre os dias 13 e 27 de junho no Centur, com apuração no dia 28 e premiação no dia 29. Já o Arraial de Belém 2025, organizado pela Prefeitura, acontecerá nos finais de semana de 20 a 29 de junho, com apresentações na Praça Waldemar Henrique e, no caso dos Pássaros Juninos e Cordões de Bicho, em espaços teatrais.
Agenda cheia no interior e homenagem a Belém
Enquanto isso, as quadrilhas seguem uma intensa agenda no interior. É o caso da Paraíso Junino, grupo do bairro de Val-de-Cans com 25 anos de história. A quadrilha já tem roteiro confirmado em cidades como Igarapé-Açu, Tracuateua, Benevides, Salinópolis e Terra Alta. A estreia será no dia 5 de junho, em apresentação especial na Praça do Marajó, em Val-de-Cans, voltada à comunidade local. No entanto, a primeira competição oficial será no dia 10 de junho, em Benevides.
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Segundo a coordenadora do grupo, Josi Paraíso, os ensaios começaram em outubro do ano passado. “A gente dá uma pausa em maio por conta dos concursos de ensaio, mas volta com força total na semana anterior à estreia. Ainda não ensaiamos com o figurino completo, isso está marcado para a próxima semana”, explica.
Neste ano, o tema da Paraíso Junino é uma homenagem à capital paraense: “Belém, meu bem, o que é que você tem?”. O espetáculo vai destacar a riqueza cultural da cidade por meio de elementos como o carimbó e as aparelhagens. Além disso, personagens da quadrilha representarão símbolos marcantes da cidade, como o Círio de Nazaré. “São só 20 minutos para apresentar tudo, então fizemos escolhas pontuais que representam muito bem Belém”, conta Josi.
A quadrilha tem presença confirmada em competições consideradas estratégicas, como o concurso estadual no Centur e o disputado festival de Tracuateua, no dia 16 de junho, que, segundo Josi, é um dos mais desejados pelas quadrilhas. A expectativa é alta, e os prêmios também pesam na decisão de participar dos eventos. “Só para montar uma quadrilha como a nossa, a gente gasta quase 100 mil reais. Então, um concurso que oferece R$ 15 mil ou R$ 20 mil realmente chama atenção. Mas o principal é a emoção de estar dançando o São João”, afirma.
Bastidores: rotina intensa e sacrifício das misses
Miss Simpatia da quadrilha Amor de Um Mensageiro, do bairro da Pedreira, Vitória Maciel vive uma rotina intensa nos bastidores do movimento junino. Ela explica que sua preparação começou a ganhar força a partir de janeiro, com ensaios de segunda a sexta. “Em abril, a gente passa a ensaiar de domingo a domingo, porque os concursos já começam em maio”, conta.
Além dos ensaios com a quadrilha, há também a preparação específica das misses, que pode chegar a seis horas por dia. “Eu encaixo os ensaios com o meu coreógrafo Bruno Veloso no fim da tarde e, depois, sigo para o ensaio da quadrilha”, relata Vitória, que destaca o desgaste físico e emocional dessa jornada.
Apesar da exaustão, ela afirma que o sacrifício compensa quando está na quadra. “Viver aqueles 22 minutos é muito gratificante, é quando a gente esquece todos os problemas”, afirma.
O que os jurados avaliam nas apresentações
Com a aproximação dos principais concursos juninos, os olhares se voltam também para os bastidores das avaliações. O ator e dramaturgo paraense Gabriel Bogoevik, que atua há dez anos como jurado em diferentes festivais culturais, revelou quais são os principais critérios que costuma adotar durante as apresentações.
De acordo com ele, o primeiro ponto observado é a harmonia do grupo, fator determinante na pontuação. A sintonia entre os pares, o entrosamento e a energia coletiva são essenciais para uma boa avaliação. “Uma quadrilha que consegue contar uma história com emoção, inovação e coerência se destaca muito”, explica Gabriel.
O jurado também observa com atenção os trajes típicos, que devem manter o respeito às tradições, mas sem abrir mão da identidade do grupo. “Esses concursos são fundamentais para a valorização da cultura junina no Estado, incentivando a participação de diversos grupos e promovendo a diversidade e a riqueza das tradições”, acrescenta.
Premiações em disputa
No Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas 2025, a premiação totaliza cerca de R$ 570 mil, contemplando categorias como quadrilhas, misses, marcadores, coreógrafos e estilistas.
Já no Arraial de Belém, sete quadrilhas infantis e 33 adultas disputam prêmios em dinheiro que variam de R$ 5 mil (1º lugar) a R$ 1 mil (5º lugar), além de troféus. O Concurso de Misses também premiará as vencedoras das categorias Caipira, Simpatia, Negritude, Diversidade e Melhor Idade com R$ 1 mil cada, além de prêmios especiais para melhor marcador, coreografia, traje e autor paraense.
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