‘Buena Onda’ marca encontro musical entre Amanda Pacífico e Layse em coletânea nacional
Single representa a latinidade amazônica e integra o ‘Laboratório Tropical Vol. 1’, que reúne 16 artistas em experimentações musicais pelo país
O 'Laboratório Tropical Vol. 1', coletânea do Lab Dorsal, da produtora DaHouse Audio, chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (31) reunindo artistas de diferentes regiões do país, entre eles as paraenses Amanda Pacífico, Layse e Luê. Com direção musical de João Davi, o álbum reúne 16 artistas de oito estados brasileiros e mais de 30 colaboradores, e propõe resgatar o contato direto entre músicos, promovendo encontros presenciais que resultam em novas fusões sonoras e rompem com as lógicas algorítmicas da indústria.
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Entre as faixas, o destaque é “Buena Onda”, parceria inédita de Amanda Pacífico e Layse, que abre a coletânea em tom de celebração à mulher latino-americana e à musicalidade quente, caribenha e pulsante da região Norte.
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Segundo Amanda, a ideia da música surgiu de uma troca entre as artistas. “A gente já se devia esse feat há muito tempo. Começamos a compor à distância, e um dia marcamos de comer um peixe frito para fechar a música. Nossa vontade era de uma sonoridade que dialogasse com nossos primos latinos, mas com a identidade do Pará presente em cada detalhe”, contou.
A cantora explica que a letra reflete a força das mulheres amazônicas e latino-americanas. “Pensamos em muitas mulheres que nos representam: das nossas famílias matriarcais às erveiras do Ver-o-Peso. Uma figura que sempre me vem à cabeça é Tereza de Benguela, símbolo de resistência e coragem. Todas elas têm essa ‘Buena Onda’, a energia de lançar seus corpos livres pelo mundo”, disse. O single tem produção musical de Érica Silva, bateria de Alana Ananias e percussão de Bolinha.
Conexões
Para Layse, a faixa é um retrato da latinidade viva no Pará e um convite para que o público reconheça essa conexão. “A gente vive essa mistura todos os dias. No jeito de falar, de dançar, de sentir o calor do lugar. Esse álbum mostra que o Pará é um estado latino-caribenho, e que nossa música dialoga com o mundo”, explicou.
A artista destaca que a coletânea amplia o alcance da música nortista e rompe barreiras históricas. “A música do Norte e do Nordeste muitas vezes é vista como algo regional, como se só existisse dentro de casa. ‘Buena Onda’ mostra o contrário: que nossa sonoridade se conecta internacionalmente com a América Latina, com a América do Sul e com o Caribe. É bonito poder abrir o disco com essa faixa que representa essa ponte”, afirmou.
Layse também ressalta a importância do álbum como vitrine para novas formas de colaboração. “O ‘Laboratório Tropical’ é uma coletânea que mostra a força da diversidade brasileira. A gente conseguiu chegar a uma sonoridade que traduz exatamente o que propusemos na composição: uma latinidade amazônica feita com leveza e espontaneidade”, completou.
'Coração Tropical'
A canção “Coração Tropical” é uma parceria entre a cantora, compositora e instrumentista Luê e o cantor e compositor curitibano PECI, nome artístico de Pedro Cini. A composição tem também a autoria dos artistas Jards e Mari DK. Segundo Luê, o processo criativo da faixa foi surpreendente. “Especialmente por ter sido a primeira vez que compus via chamada de vídeo, e tudo fluiu de forma rápida e natural. Jards, Peci e Mari já formam um time muito entrosado, e foi incrível poder somar com eles. Começamos trocando ideias sobre nossas origens e percebemos como nossos territórios influenciam nossas composições e comportamentos. A partir das referências musicais de cada um, lapidamos a música até chegar em algo único, que representa tanto o Peci, do Sul, quanto eu, do Norte, com o amor e suas nuances como ponto de encontro. Afinal, falar de amor sempre será universal”, relatou.
“A canção nasceu de uma conversa entre os compositores, cada um em um canto do Brasil, buscando pontos em comum em suas artes. O tema do amor nos uniu, e das trocas sobre a cultura e os rios do Norte surgiu uma declaração de amor inspirada na natureza brasileira. A música ganhou clima de celebração, com referências à música caipira — o violão imitando a viola e uma afinação que evoca o ‘chuá’ das cachoeiras e um toque tropicalista à la Gilberto Gil. Curiosamente, ao gravarmos juntos, percebemos que Pará e Paraná, nossos Estados natais, têm nomes vindos de rios, como se o destino já estivesse traçado nessa canção que celebra o amor e o Brasil”, completou PECI.
O projeto
Fazem parte do álbum também Getúlio Abelha e Louise França com ‘Essa Novela’; Irma Ferreira e Rimon Guimarães com ‘A Voz que Vem Antes do Tempo’; Alienação Afrofuturista e Dr Drumah com ‘Marcapasso’; Dante Oxidante e Zé Cafofinho com ‘Mossa’; 2DE1 e Juliana Strassacapa com ‘Hoje Sinto Medo’; Realleza e Otis Selimane com ‘Três Sóis’.
A ficha técnica do disco reúne nomes de destaque da cena musical brasileira, como Curumin (SP), Érica Silva (PR), Felipe Cordeiro (PA), Juninho Groovador (RN), Lúcio Maia (PE), Mateo (SP) e Rodrigo Lemos (PR).
O diretor musical e idealizador do projeto, João Davi, explica que a proposta é criar novas formas de circulação da música brasileira. “Queremos expandir a música de cada artista, furando bolhas que o algoritmo impõe. O Laboratório Tropical é um convite a experimentar e mostrar que a força está nas pessoas, na arte e nos encontros”, afirmou.
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