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Bloco Afro Axé Dudu valoriza a cultura negra e incentiva a luta contra o racismo

Apresentando o orixá Exu como tema deste ano, o bloco exibe as raízes africanas em seu desfile, valorizando a luta dos negros contra o racismo

Bruno Menezes | Especial para OLiberal
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Um movimento que, além de trazer alegria ao carnaval, também expressa a luta antirracista como um de seus temas principais. Esse é o bloco Afro Axé Dudu, responsável por abrir a programação do carnaval em Belém e levar à avenida os orixás das religiões de matriz africana para serem homenageados.

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Criado em 1987, o bloco se trata de um movimento protagonizado pela comunidade negra, que através da arte, expressa o orgulho de suas raízes africanas na avenida. O desfile do bloco é feito através de músicas que carregam a identidade dos ancestrais e a valorização da cultura dos participantes.

Edilamar Conceição, 62 anos, é uma das integrantes mais antigas do bloco. Trabalhando na comissão organizadora do evento, ela afirma que a comunidade negra se sente representada neste trabalho, que aborda questões muito importantes para o grupo racial.

“Todo o negro que visualiza o bloco tem um sentimento de pertencimento, porque vê a valorização da comunidade negra. Eu mesma, antes de conhecer o bloco, não tinha essa consciência de ser negra, no sentido mais histórico e ancestral de ser reconhecida nessa luta. A emoção de fazer parte disso é muito grande”, relata a organizadora.

O bloco Afro Axé Dudu foi criado através do Centro de Estudo e Defesa do Negro (Cedenpa), uma entidade criada em Belém para trabalhar a superação do racismo e o combate à desigualdade sócio racial. Além da apresentação na avenida, o bloco também promove oficinas e formações profissionais gratuitas à comunidade.

Todos os anos, os participantes do bloco colocam em destaque no desfile um orixá representante das religiões de matriz africana. Neste ano, o escolhido por sorteio foi Exu, o qual é conhecido por ser o responsável por fazer a ligação entre o humano e os outros deuses africanos.

Para Cláudia Peniche, que faz parte da comissão organizadora e também é uma das cantoras do bloco, o desfile apresentado pela comunidade leva uma emoção diferente para a avenida, porque evoca a luta e a resistência dos negros.

“A abertura do evento é feita com um ritual para Exu, antes de sair. Na avenida, a gente desfila, dança, e realizamos o cortejo cantando nossas músicas. Nossas canções são músicas de resistência, que transformam nossa produção cultural em um instrumento de luta”, salienta Cláudia.

Música e resistência

Participante do bloco desde 2011, Cláudia expressa que a emoção toma conta de todos que integram a apresentação e se sentem representados no desfile.

“É um sentimento contagiante, porque usamos a música, a dança afro para combater este sistema racista, para mostrar que o povo preto não veio ao brasil para ser um trabalhador escravizado. É uma emoção que irradia pela avenida e faz nossa luta ser reconhecida por todos os presentes”, pontua a cantora.

A música tema do bloco Afro Axé Dudu neste ano se chama “Mensageiro das Encruzas”, composta por Cezar Atotô. A canção traz nos versos as características de Exu, que é apresentado nos versos como “Senhor de todas as demandas, Giramundo, Marabô e Tiriri”. Essas são algumas expressões africanas contidas na composição, que fazem referência às entidades cultuadas nas religiões de origem africana.

“Quando os europeus chegaram, eles demonizaram todos os deuses africanos. Através da música nós tiramos essa demonização, mostrando que Exu é o nosso orixá que abre o caminho, que encaminha os pedidos entre a Terra e o astral. A canção homenageia ele e denuncia o racismo, buscando sempre a valorização do povo negro”, destaca Cezar.

O ritmo musical apresentado pelo bloco traz também a influência da música africana. Os responsáveis pela canção utilizam instrumentos característicos das religiões afro, como o atabaque, o agogô, xequerê, os tambores, entre outros.

Cezar acredita que o seu trabalho musical não carrega apenas a beleza cultural de uma boa composição artística, mas também, um instrumento para contribuir nas pautas do movimento negro.

“Essas músicas são um reforço positivo para todos que trabalham a questão racial. Ao jogar isso para a avenida, emocionamos as pessoas e saímos com a certeza de que estamos contribuindo com a mudança da sociedade. É uma sensação de satisfação por fazer parte deste movimento”, conclui o artista.

A data oficial para a apresentação do bloco Afro Axé Dudu ainda não foi confirmada, mas ocorrerá no início de março, antes dos desfiles das escolas de samba e blocos carnavalescos de Belém.

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