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Arte indígena contemporânea é tema de exposição inédita e gratuita na Caixa Cultural Belém

Exposição será inaugurada nesta quarta-feira (8) e poderá ser visitada até 25 de janeiro de 2026

Amanda Martins
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Belém receberá, a partir desta quarta-feira (8), a exposição inédita do coletivo MAHKU, intitulada “Espíritos da Floresta: MAHKU”, na Caixa Cultural Belém, localizada no bairro do Umarizal. A abertura ocorrerá das 11h às 20h, e o público poderá visitar as obras a partir de quinta-feira (9), com visitação prevista até 25 de janeiro de 2026. A mostra reúne cerca de 30 trabalhos produzidos pelo coletivo de artistas indígenas originários da Terra Indígena Kaxinawá do Rio Jordão, no Acre, sob curadoria e expografia de Aline Ambrósio. A entrada é gratuita.

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O MAHKU -  Movimento dos Artistas Huni Kuin desenvolve obras que unem dimensão espiritual e ação política, direcionando a venda das telas para a aquisição de terras ao redor das aldeias Huni Kuin, com o objetivo de preservar a floresta e os saberes ancestrais. O núcleo principal da exposição apresenta pinturas sobre tela em grandes e médios formatos, enquanto um mural de 30 metros por 4 metros será pintado na fachada da Caixa Cultural pelos artistas, ampliando o diálogo entre arte, cidade, tradição e contemporaneidade.

Experiência sensorial

A expografia da mostra valoriza a imersão sensorial, conectando pintura, canto e a presença da floresta, com destaque para o painel central em formato de jiboia, que remete à figura mítica do povo Huni Kuin. A exposição coincide com a semana do Círio de Nazaré e com a expectativa para a COP30, que será realizada em novembro na capital paraense.

Segundo a curadora, Aline Ambrósio, a mostra estabelece um diálogo entre diferentes tradições espirituais, evidenciando como fé, devoção e coletividade presentes no Círio se aproximam da espiritualidade, ancestralidade e rituais de cura da cosmovisão Huni Kuin. “Assim como o Círio mobiliza fé e devoção, as obras da exposição evocam espiritualidade e presença dos espíritos da floresta, criando ressonâncias entre a floresta e a religiosidade que move multidões em Belém”, explicou.

Aline afirmou que, na curadoria e na expografia, buscou transformar os cantos huni meka - que não são apenas música, mas também formas de conhecimento e memória coletiva - em pinturas capazes de conectar corpo, território e espiritualidade. “Ao se tornarem pintura, os cantos ganham outra dimensão sensível, mas preservam sua função de conectar corpo, território e espiritualidade”, disse.

A curadora explicou que a inclusão de um mural na fachada do espaço cultural surgiu do próprio espírito do MAHKU, que expande sua arte para o espaço urbano. “Propusemos expandir a exposição para a fachada como forma de romper os limites da galeria e aproximar a arte dos fluxos da cidade”, afirmou.

Arte ligada à preservação ambiental

Aline também destacou que a produção artística da mostra está inseparavelmente ligada à luta por território e preservação da floresta. O coletivo atualiza narrativas míticas e espirituais, enquanto denuncia desmatamento, disputas fundiárias e perda da biodiversidade. “Ao afirmar ‘vende tela, compra terra’, o coletivo direciona os recursos de sua produção artística para a compra de áreas em torno das aldeias, garantindo proteção da floresta, do povo e de seus saberes. É um gesto artístico e político que representa tanto o reflorestamento de territórios quanto o reflorestamento de imaginários”, destacou.

O coletivo já realizou exposições em instituições como MASP, Pinacoteca de São Paulo, Fondation Cartier (Paris) e participou da 60ª Bienal de Veneza, consolidando-se no cenário da arte indígena contemporânea.

Pintura como forma de comunicação

A artista Rita Huni Kuin, integrante do coletivo, explicou que as pinturas do grupo funcionam como múltiplas formas de comunicação. Segundo ela, além de traduzirem os cantos sagrados do Huni mêka, as obras expressam a espiritualidade do povo Huni Kuin e refletem a resistência pela preservação do território e da floresta. 

“Ainda vivemos a resistência através da nossa cultura nativa. Além das falas, dos rezos e da dança, há também essas pinturas, que são traduções da linguagem do Yuxibú”, afirmou.

Rita destacou que a arte se tornou uma aliada importante na comunicação das causas do coletivo. “Hoje a nossa maior arma é a nossa voz, mas a arte também se torna esse aliado dentro dessa comunicação. Através dessas artes, podemos trazer uma mudança, um olhar positivo sobre temas como a floresta, os animais, a cultura e os povos originários”, disse. 

Ela ressaltou que essas pinturas funcionam como tradução dos cantos sagrados, preservados e transmitidos de geração em geração pelo povo Huni Kuin, especificamente da aldeia Chico Curumim, no Acre.

Sobre o coletivo

O MAHKU é um coletivo de artistas indígenas originários da Terra Indígena Kaxinawá do Rio Jordão, no Acre. Suas obras traduzem visualmente os cantos sagrados huni meka, transformando a oralidade em pintura e estabelecendo diálogos entre mundos. 

SERVIÇO:

  • Exposição ‘Espíritos da Floresta: MAHKU’
  • Dia e horário de abertura: quarta-feira, 8 de outubro, das 11h às 20h;
  • Visitação: 9 de outubro de 2025 a 25 de janeiro de 2026;
  • Local: Caixa Cultural Belém, localizado na Av. Mal. Hermes, S/N, no Armazém 6, no bairro do Umarizal, em Belém;
  • Horário de funcionamento: terça a sábado, das 11h às 22h; domingo e feriado, das 12h às 22h;
  • Entrada gratuita.
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