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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Scorsese preserva seu talento e sensibilidade em seu mais recente filme

Marco Antonio Moreira
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Assassinos de Lua das Flores comprova Martin Scorsese como um cineasta que atingiu a plenitude de sua expressão artística, ao criar um filme que desvela os trágicos assassinatos de indígenas Osage nos Estados Unidos na década de 1920. Inspirado no livro de David Grann, o filme tece uma narrativa envolvente que revela as complexas dinâmicas de poder dos homens brancos, que exploraram oportunidades de enriquecimento por meio das terras pertencentes à tribo Osage.

Com uma abordagem cuidadosa, o filme ilustra de maneira paciente e perspicaz as múltiplas formas de manipulação, seja no âmbito financeiro, emocional ou político, em relação aos indígenas. Essa abordagem revela imagens e palavras com um profundo respeito pelo espectador, por meio de uma linguagem que permite a progressão gradual da trama. Ao contrário das produções contemporâneas que muitas vezes cedem à pressa, Scorsese entrega um filme de longa duração no qual cada minuto é precioso, proporcionando ao espectador uma compreensão profunda e necessária dos horrores desse triste capítulo da história dos Estados Unidos.

A atuação de Robert De Niro, Leonardo DiCaprio e Lily Gladstone é magistral, com cada um deles incorporando seus personagens de forma visceral. A câmera e a montagem de Scorsese destacam cada cena, movimento e diálogo, permitindo ao espectador desvendar pacientemente os horrores de uma história que merece ser contada, debatida e compartilhada. Isso serve como um meio para questionar não apenas este episódio de violência nos Estados Unidos, mas também episódios semelhantes em outros países, onde a violência foi usada como um meio de alcançar poder político e financeiro.

Assassinos da Lua das Flores culmina de maneira intrigante, apresentando uma cena que utiliza imagens e sons de um programa de rádio para informar o espectador sobre o destino de cada personagem. Martin Scorsese detém a última palavra ao revelar que, de alguma forma, todos os envolvidos enfrentaram algum tipo de punição e, posteriormente, foram libertados. No entanto, os assassinatos de diversos indígenas parecem ter recebido pouca atenção nos desdobramentos das investigações que se seguiram.

Martin Scorsese é um apaixonado pelo cinema, e em seus filmes, podemos perceber vestígios constantes desse amor pela sétima arte. Assassinos da Lua das Flores é mais uma obra magistral em sua carreira que merece a admiração e respeito daqueles que compartilham o mesmo amor pelo cinema que ele.

Além de enaltecer a direção e atuação neste filme, é crucial destacar outros elementos cinematográficos que contribuíram para elevar essa obra ao status de reverenciada. A trilha musical, composta por Robbie Robertson (parceiro musical de Scorsese em vários filmes e que, recentemente, nos deixou aos 80 anos), acrescenta profundidade emocional à narrativa. A direção de fotografia, a cargo de Rodrigo Prieto (renomado profissional mexicano que colaborou com Scorsese em obras como Silêncio e O Irlandês), oferece uma estética visual impressionante. A montagem, realizada por Thelma Schoonmaker (colaboradora de longa data do diretor desde Touro Indomável), habilmente teceu diferentes períodos da história para enriquecer a narrativa.

Para uma experiência cinematográfica excepcional, recomenda-se assistir Assassinos da Lua das Flores em uma sala de cinema. É uma oportunidade rara de apreciar o talento de um dos poucos cineastas contemporâneos que verdadeiramente compreende a arte do cinema.

Parabéns e obrigado, Martin Scorsese!

Mubi

Estranha forma de Vida de Pedro Almodóvar está disponível para os assinantes do canal MUBI. O curta-metragem mostra a relação de dois homens que se reencontram 25 anos depois de terem vivido um romance na juventude. Os protagonistas do filme são interpretados por Ethan Hawke (conhecido por Antes do Amanhecer) e Pedro Pascal (The Mandalorian).

Dicas da Semana

Exibição dos curtas metragens Rua da Paz, O Balneário e O Aventureiro dirigidos por Charlie Chaplin. Acompanhamento musical ao vivo de Paulo José Campos de Melo (Cineclube SINDMEPA. Terça-feira, dia 31/10, às 19h. Entrada gratuita).

Mostra de Cinema Italiano. Segunda edição do festival realizado pelo Grupo Liberal. Exibição de 18 filmes italianos, entre comédias clássicas e títulos inéditos (Cine Estação e Cine SESC Ver-o-peso. Entrada gratuita).

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