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Waraos vivem drama no centro comercial de Belém

Em condições insalubres, indígenas estão há uma semana sem energia elétrica

Dilson Pimentel
fonte

É precária a situação dos indígenas venezuelanos da etnia warao que moram em uma casa na rua Campos Sales, no centro comercial de Belém. O imóvel está sem energia há uma semana. E, como o local é quente, abafado e úmido, eles foram para a Praça da Bandeira, no bairro da Campina, onde dormem. Quando chove, e como não têm como se proteger, o jeito é retornar à residência, onde vivem em condições degradantes.

Na manhã desta terça-feira (26), a reportagem encontrou um casal de indígenas, com dois filhos pequenos, de quatro e cinco anos, na praça da Bandeira. Eles estendiam roupas para secar. O homem, de 30 anos, disse que, à noite, é muito quente a casa na Campos Sales. Por isso, eles vão para a praça. "Estamos sem luz. Água, tem", afirmou. Nesta manhã de terça-feira, a reportagem também encontrou, naquele imóvel, que fica entre as ruas Aristides Lobo e Riachuelo, as mulheres cozinhando.

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image A reportagem encontrou um casal de indígenas, com dois filhos pequenos, de quatro e cinco anos, na praça da Bandeira, secando roupas (Igor Mota)

Há 13 crianças na casa. Tudo é muito precário - há roupas espalhadas pela casa e, nos fundos do imóvel, sujeira.

Os indígenas disseram que querem ir para um lugar melhor. Em frente à residência, há muito entulho, incluindo restos de comida, o que atrai ratos. 
Integrante do grupo Venezuelanos Belém, Sofia Paz esteve na casa na manhã desta terça-feira. Ela disse que levou nove crianças para serem medicadas. "Elas estão com problema de pele gravíssimo", disse.

"Fui na Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), na Vigilância Sanitária, e denunciei o fato de que eles, mesmo sabendo dessas condições, não interromperam o funcionamento desse local. Eles (os indígenas) estão pagando um absurdo de aluguel (cada um paga R$ 25 por dia). A mulher que aluga subloca o imóvel e ela ganha R$ 10 mil nesse espaço. Mesmo assim, ela desligou a luz deles. Ninguém fez nada. Quarta-feira (hoje) faz sete dias que eles estão sem energia, morando do jeito que está lá, um lugar úmido. E, à noite, não conseguem respirar, porque é muito quente. E vão morar na praça. E a gente, junto com a sociedade civil, está tentando conseguir um espaço. Conseguimos, na verdade, uma casa. E pretendo mudar eles hoje à tarde", afirmou Sofia.

image A precariedade salta aos olhos de quem entra na casa alugada pelos indígenas (Igor Mota)

Segundo ela, essa casa na rua Campos Sales "tem que ser fechada e não pode receber mais ninguém aí, enquanto não tiver apto a receber pessoas. Hoje, eles estão sem luz há seis dias". Ainda conforme Sofia, 55 indígenas já se mudaram para uma outra casa, na rua General Gurjão, também no centro comercial.

"Nessa casa (a que está sem energia), tem 32 pessoas, sendo 13 crianças. As 13 estão doentes. E nove delas estão com problema de pele causada por exposição a animal de rua", disse. Sofia recebeu a informação de que a mulher não pagou energia, na semana passada, dizendo que eles, os indígenas, estavam atrasados no pagamento do aluguel. "Por isso, ela não pagou energia, para eles aprenderem a não atrasar o valor do aluguel. O valor da conta de energia deu R$ 800. Pra gente, ela disse não ter dinheiro, que ela conseguiu depois. Mas disse que só ia pagar amanhã (quarta-feira)", contou.

image Os indígenas contam com a ajuda de voluntários, mas precisam de apoio institucional ()

Criado há oito meses, e atualmente com 180 integrantes, o "Venezuelanos Belém" é um grupo organizado da sociedade civil. "A gente que leva para o hospital quando eles têm filho no abrigo. Levamos para tomar vacina. Nossa equipe vai diariamente levar frutas e verduras para ajudar a sanar a desnutrição", disse Sofia Paz. Ela acrescentou que estão sendo feitos reparos no imóvel que o grupo alugou, para o qual eles pretendem levar os indígenas da Campos Sales o quanto antes.

Por telefone, a Redação Integrada tentou, mas não conseguiu, falar com a responsável pelo imóvel.

Em nota, a Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), diz que "segue em busca de residências para abrigar os indígenas Warao. Recentemente, foram apresentados três imóveis para a análise do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que acompanha a situação dos Waraos em Belém, mas os locais não atendiam as recomendações do órgão."
 
Ainda segundo a nota, a PMB diz que a verba repassada pelo Governo Federal ao município é para atender 300 indígenas. 

A Prefeitura acrescentou em sua resposta que dispõe um abrigo, localizado na avenida Perimetral, para acolhimento dos indígenas Warao. E que "fornece alimentos tanto para os venezuelanos que estão no abrigo municipal, quanto para grupos que estão no bairro da Campina e no distrito de Icoraci."

Já a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) informou que desenvolve um cronograma semanal de atendimento em saúde aos índios venezuelanos, desde a chegada deles à capital. O acompanhamento é realizado pelas equipes do Consultório na Rua.
 
"Todos os grupos que chegam ao município recebem vacinação contra sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela, gripe e hepatite B. As crianças seguem calendário vacinal recomendado nas unidades de saúde e são acompanhadas pela equipe do Consultório na Rua.  Também são tomadas todas as medidas de controle para impedir a disseminação de doenças, inclusive com atendimentos técnicos e encaminhamento à rede de saúde.
Atualmente, o Consultório de Rua vem monitorando cerca de 543 venezuelanos, que estão espalhados por principais nove pontos na cidade, sendo três deles os abrigos da prefeitura e do governo do estado", conclui a nota.

 

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