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Treze bairros de Belém apresentam poluentes acima do recomendado, aponta pesquisa

Além disso, segundo a pesquisa da Uepa, 5 bairros apresentam concentrações de materiais particulados suspensos na atmosfera, como a fuligem

Fabyo Cruz

Fluxo intenso de veículos, engarrafamentos e épocas chuvosas são os principais fatores que incidem para a poluição do ar em Belém. Uma pesquisa realizada entre os anos de 2020 e 2021, pelo Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da Universidade do Estado do Pará (Uepa), constatou que 5 bairros da capital têm concentrações de materiais particulados suspensos na atmosfera, como a fuligem, e 13 bairros apresentam concentração de chumbo acima do recomendado.

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Apesar da centralização de materiais particulados, os poluentes não ultrapassaram os valores determinados pela Resolução do Conama 491 / 2018, afirma a professora doutora Eliane Coutinho, responsável pelo estudo. Os cinco bairros apontados pela pesquisa foram: Pedreira, Reduto, Cidade Velha, Nazaré e Sacramenta. “Bairros com maiores tráfegos e congestionamentos são os que possuem mais poluentes, mas com o último trabalho feito com amostradores passivos e análise laboratorial podemos dizer quais pontos foram mais afetados”, diz a pesquisadora.

image Áreas com tráfego intenso e congestionamentos são as que possuem índices mais altos de poluição (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Ela explica que os veículos contribuem para a poluição do ar, sobretudo, durante a queima incompleta do combustível, que ocorre quando carros, ônibus e motos estão parados no trânsito com o motor ligado. Em relação às condições atmosféricas, a especialista diz que “na época menos chuvosa, a dispersão dos poluentes é maior, então eles não se concentram próximos da população. E locais com muitas edificações dificultam a dispersão”.

O que dizem os frequentadores do bairro da Pedreira?

O fluxo de veículos na Pedreira, primeiro colocado na pesquisa, é intenso, principalmente nas avenidas Pedro Miranda e Marquês de Herval, assim como em suas transversais. Fernanda Amora, 44 anos, é fisioterapeuta no Pronto Socorro Municipal do bairro, ela diz que sente o ar “mais pesado", sobretudo na área ao entorno do Mercado local. “Acho que talvez o descarte irregular de lixo e os veículos que passam aos redores da feira podem influenciar a poluição do ar aqui no bairro. Já fui moradora da Pedreira, tenho rinite e sinusite, não sei se esses problemas daqui, é bem capaz”, disse a Fernanda.

A aposentada Cristina Antunes, reside no bairro há 63 anos. Para ela, o ar está do mesmo jeito que sempre foi desde quando ela passou a morar no local. Consumidora da Feira da Pedreira, a senhora não sabe dizer se já está acostumada com o ar, porém diz que costuma ver fumaça de veículos e dos chamados “churrasquinhos de gato” no bairro. “Graças a Deus aqui o povo não queima lixo. O que a gente ainda vê são as fumaças dos carros e o pessoal que faz churrasquinho. Fora isso, não vejo nada de estranho aqui na Pedreira”, comentou a moradora.

 

O papel da sociedade e do poder público

Para minimizar os impactos, a população e o poder público devem agir juntos, afirma a meteorologista. “O poder público pode melhorar o tráfego, ou seja, melhorar a malha viária, além de aumentar a arborização da cidade, com espécies próprias para esse fim, nem todas são viáveis. A população pode melhorar reciclando seus resíduos e utilizar meios de transporte como bicicletas, porém, para isso correr, as ciclovias devem ser melhor estruturadas e ter mais segurança para trafegar”, assegura a pesquisadora.

 

Locais com elevação de chumbo em Belém

Existem áreas na capital paraense que apresentaram concentrações de chumbo acima do permitido, afirma a pesquisadora Eliane Coutinho. O chumbo é um metal pesado, comumente utilizado em canos de água, adicionado a tintas para evitar corrosão devido ao tempo, assim como na gasolina para ajudar a manter a durabilidade das peças do veículo, entre outros. Os principais danos à saúde são no sistema nervoso (encefalopatia crônica, alterações cognitivas e de humor, neuropatia periférica) e nos rins (nefropatia com gota, insuficiência renal crônica e síndrome de Fanconi). Em casos mais graves, os danos cerebrais e renais podem levar à morte.

 

Bairros com concentração de chumbo acima do permitido

 

  • Bairro Curió: avenida João Paulo II, na área do Parque Estadual do Utinga
  • Bairro Val-de-Cans:  avenida Júlio César, na área da Praça do Marex
  • Bairro Sacramenta: avenida Pedro Álvares Cabral, no Barreiro
  • Bairro Telégrafo:  avenida Senador Lemos, na área de uma loja de materiais elétricos
  • Bairro Pedreira:  avenida Pedro Miranda, na área da Aldeia Cabana
  • Bairro Umarizal:  avenida Alcindo Cacela, na área de uma universidade particular
  • Bairro São Brás:  avenida Governador José Malcher, na área de um supermercado
  • Bairro de Nazaré:  avenida Nossa senhora de Nazaré, na área da Basílica
  • Bairro Guamá:  avenida José Bonifácio, na área do cemitério
  • Bairro Batista Campos: avenida Conselheiro Furtado
  • Bairro Cidade Velha: avenida 16 de Novembro, na área do Ministério Público
  • Bairro Campina: avenida Presidente Vargas
  • Bairro Reduto: avenida Visconde de Souza Franco, na área de uma farmácia

 

O que diz a Sema 

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belém (Semma) informou, por meio de nota, que “tem atuado no controle da poluição do ar na capital paraense, intensificando as atividades de educação ambiental, a fim de ajudar na conscientização da população sobre o que pode ser feito pelos moradores da cidade para ajudar a evitar a degradação ambiental”. Além disso, a Semma afirma que “tem trabalhado no projeto de plantação de 150 mil mudas de árvores ao longo desses quatro anos de governo, que é uma das principais formas de combater o aquecimento global, além de melhorar a qualidade do ar”.

 

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