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Sino marca a vitória de 51 crianças contra o câncer no hospital oncológico infantil Octávio Lobo

O 51º paciente a receber alta e a tocar o Sino da Vitória foi Mikael. E sempre que isso acontece, o hospital vive um momento de festa e celebração da vida.

Ana Carolina Matos

A plena recuperação é o momento mais aguardado de quem trava a longa batalha contra o câncer. No caso de Mikael Oliveira da Silva, de 12 anos, foram oito anos até ouvir a badalada que cravou a cura no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, na última terça-feira, 26. A unidade hospitalar tem uma maneira especial de celebrar a alta do tratamento dos pequenos pacientes: o projeto "Sino da Vitória", cujo tilintar de um pequeno sino dourado ecoa a mais doce das vitórias de quem anseia por celebrar a vida. 

O projeto consiste em uma pequena cerimônia, em uma sala de convivência e recreação, que antecede uma caminhada por todos os andares do prédio localizado no bairro de São Brás. O paciente, então, anuncia as boas novas soando o sino por todos os corredores, atraindo olhares curiosos e emocionados por parte de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, servidores, outros pacientes e familiares. 

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Emocionada, a mãe do adolescente, Geiciane Santos de Oliveira, de 33 anos, conta que o filho teve o diagnóstico de leucemia ainda muito pequeno, com apenas quatro anos. Foi então que uma infinidade de consultas, quimioterapias e internações tiveram início.

"Não foi fácil. Foi uma luta muito difícil, não só pra mim, mas principalmente pra ele, ainda criança. Ele não entendia isso. Lembro que ele dizia: 'por que eu tenho que ir? eu não aguento mais'. Eu vim pra uma consulta pra realmente saber se o que a médica do posto de saúde desconfiava se confirmaria. Então a dra. Rita Carneiro disse que ele ficaria internado. Achei que seriam apenas alguns dias. Ele ficou um mês. Eu pensei que quando acabasse, a gente iria pra casa, mas a gente teve que vir para o hospital todos os dias", detalha ela, que ainda tinha que conciliar os cuidados com outro filho dois anos mais novo que Mikael. "No final eu tinha que passar força para o Mikael, mas quem me deu forças foi ele", conta, com os olhos marejados.

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Mikael foi o 51º paciente a participar do projeto, após receber alta do tratamento. Cheio de desejos a realizar, o adolescente vislumbra apenas um enorme mundo à frente: aquele em que ele conhecerá andando de avião, pela primeira vez. Questionado sobre o destino que mais tem vontade de conhecer, o pequeno, um pouco tímido, dispara: "Estados Unidos".  

Oncologista pediátrica do Octávio Lobo, Renata Barra explica que o tratamento da leucemia dura em média três anos. Depois, a fase do acompanhamento tem início para, então, o paciente receber alta do tratamento.

"No caso das leucemias, se vão aí 36 meses, que são três anos de tratamento. A partir do momento em que o paciente termina as quimioterapias, ele passa para uma outra fase do tratamento, que é o acompanhamento em um ambulatório que se chama 'Fora de Tratamento', em que a gente realiza exames e consultas de rotina, mas não realiza mais nenhum tratamento. Ele é apenas acompanhado por mais cinco anos. Quando ele finaliza, a gente considera esse paciente curado, sendo que a gente vai considerá-lo curado se não houver mais nenhuma intercorrência relacionada à doença oncológica", detalha.

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Cerimônia da vitória emociona pacientes e funcionários

O alarde feito pelo sino só não é mais alto que os aplausos de comemoração da equipe de saúde e outras famílias que estão no hospital. Jaasai Ribeiro, analista de humanização do Oncológico Infantil, que conduziu a pequena cerimônia do "Sino da Vitória" de Mikael, explica que a iniciativa é um marco na vida dos pacientes e também das equipes de saúde que acompanharam todo o processo de recuperação. Segundo ela, o projeto é essencial para a humanizar a experiência de quem passa pelo tratamento e também das famílias.

"O 'Sino da Vitória' vem traduzir exatamente essa trajetória do paciente com a instituição e com o profissional. O processo é doloroso, longo e a gente sempre busca prestar um serviço de qualidade por meio da humanização, porque a gente entende que não é só do medicamento que ele precisa, precisa também do acolhimento espiritual, de um acolhimento lúdico, precisa brincar", aponta.

image Feliz com a vitória, Geiciane abraça o filho Mikael, que deixa o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Igor Mota / O LIberal)

A profissional destaca ainda que o programa também é motivo de emoção para a equipe de profissionais de saúde. "Os colaboradores, quando escutam a badalada do sino, conseguem entender onde contribuíram, ver a trajetória que estiveram, que passaram com aquele paciente e então eles conseguem entender a importância deles nesse processo", destaca.

Enfermeira assistencial do ambulatório, Vanúbia Lima já acompanhou centenas de pacientes e vários dos que participaram do programa "Sino da Vitória". A profissional de saúde foi uma das que se emocionou com a alta de Mikael. "Cada história é diferente. A gente vive essa emoção junto com eles, a gente vibra porque é um momento histórico, é um momento que vai fazer parte da vida dele e também que a gente se sente pertencente nessa história, porque a gente faz parte do processo, a gente se doa, cuida deles, então acaba que a gente cria um vínculo com eles e nos emociona", pontua.

Esperança de ouvir o som do sino

A expectativa de ouvir de perto o soar do sino da recuperação é grande para Mirlene Rodrigues Rocha, de 38 anos. A dona de casa acompanhava o filho, Felipe Dennis, em uma consulta ambulatorial de rotina quando ocorreu a cerimônia de recuperação de Mikael. "Eu não vejo a hora (da recuperação). Já estou contando os dias para que isso aconteça com ele também. Eu já me emocionei com o episódio de agora a pouco e espero que a recuperação total dele venha em breve", conta, animada.

A mãe explica que o filho está em tratamento desde 2015. "O Felipe fez o tratamento durante três anos e nove meses e, em novembro de 2018, ele fez o transplante de medula óssea. São seis anos... No início foi bem difícil, complicado, mas a gente segurou, foi firme e forte, com muita fé em Deus e Nossa Senhora. Graças a Deus a gente conseguiu o doador pra ele e ele está aqui bem graças a Deus. Por enquanto, agora, só está em acompanhamento pós-procedimento", detalha a mãe. 

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