Semana dos Povos Indígenas inicia hoje (18) com pautas sobre território e meio ambiente em Belém

O evento, que vai até 21 de abril, chega pela primeira vez à capital paraense com debates, feiras, serviços e manifestações culturais

Eva Pires
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As demandas prioritárias dos povos indígenas, incluindo a demarcação territorial, o protagonismo em questões ambientais e a busca por direitos sociais foram destaques na abertura da Semana dos Povos Indígenas, iniciada nesta quinta-feira (18) no Hangar Centro de Convenções, em Belém. Esta é a primeira vez que a capital paraense sedia o evento, que vai até 21 de abril.

Com o tema “Pará é Território Indígena”, a programação começou com o " Seminário Gestão Socioambiental e Mudanças Climáticas: Governança, Proteção e Sustentabilidade das Terras Indígenas do Pará". Os próximos dias do evento contam com debates, feiras, atrações culturais e serviços, em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado no dia 19 de abril.

A Semana dos Povos Indígenas é realizada pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi). Ela reunirá lideranças indígenas, autoridades estaduais e federais e artistas engajados na causa dos povos originários, com programação que afirma potencial econômico e artístico dos povos, além do protagonismo em questões climáticas.

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Demarcação do território é prioridade

imageSheyla Yakarepi Juruna, presidente da associação Yarikayu, destaca a pauta sobre demarcação territorial e protagonismo feminino indígena (Foto: Fernando Assunção)

Para Sheyla Yakarepi Juruna, presidente da associação Yarikayu, entre várias demandas, destacam-se a demarcação do território e o reconhecimento do trabalho coletivo das mulheres dentro da comunidade.

"Tudo depende do território e, em primeiro lugar, da demarcação. Sem o território eu não sou ninguém, não sei para onde vou e o que faço, o território é a nossa vida. A construção de empreendimentos nos impacta, precisamos pensar em uma forma de desenvolvimento sustentável dentro do nosso território. Isso é possível, então estamos aqui para propor. Não há nada que possa ser feito sem nós, então precisam nos ouvir", diz.

"Além disso, eu estou aqui representando o trabalho de uma mulher que leva o protagonismo feminino e a expressão da moda indígena. Nossa história precisa ser reconhecida", completa.

Plano de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas

imagePoy Kayapó é do povo Kayapó e faz parte da Associação Floresta Protegida (Foto: Maiza Santos | O Liberal)

Poy Kayapo é do povo Kayapo e faz parte da Associação Floresta Protegida, que é conhecida internacionalmente e representa aproximadamente 3 mil indígenas, de 31 aldeias situadas nas Terras Indígenas Kayapó, Mekragnoti e Las Casas, no sul do Pará.

Poy menciona que o povo Kaypo está elaborando o Plano de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PGTA) pela primeira vez, o qual se tornou uma das principais iniciativas em pauta para eles.

O PGTA é um documento que visa destacar os estilos de vida e práticas adotadas pelas mulheres e homens indígenas na preservação de seus territórios e do meio ambiente. "Buscamos a solução para a comunidade. Os governos Federal e Estadual querem a floresta em pé, então nossa realidade precisa ser vista. Estamos aqui para reivindicar igualdade e que sejamos nossos próprios representantes. Esse evento é muito importante para o povo brasileiro", compartilha.

Uma luta diária por direitos e reconhecimento

imageXawan Kririn ressalta que a luta dos povos indígenas é feita todos os dias (Foto: Maiza Santos | O Liberal)

"Para os povos indígenas não se trata apenas de um dia, a nossa luta é diária. Nossos territórios vêm sendo desmatados. Estamos aqui para manter a nossa cultura e tradições valorizadas. A visibilidade dos nossos povos é muito importante porque a nossa existência significa que ainda temos uma resistência muito forte", diz Xawan Kririn, jovem de liderança da etnia Xikrin.

imagePuyr Tembé, secretária de Estado dos Povos Indígenas (Foto: Maiza Santos | O Liberal)

A secretária de Estado dos Povos Indígenas Puyr Tembé ressalta as demandas indígenas para a garantia de direitos sociais. "Nossa principal reivindicação é ter acesso a serviços e direitos sociais, por meio da construção de escolas, acesso à saúde, habitação e também à demarcação dos territórios indígenas", declara.

"É um leque de coisas que garante outras. Uma semana de evento não se trata apenas de uma semana, mas é também um processo de afirmação da nossa existência. E é por isso que o governo do Estado super decidiu acatar a demanda de realizar o evento no Pará, pois estamos aqui para afirmar que o Pará é território indígena", completa.

Puyr Tembé finaliza com a mensagem de que a diversidade e resistência dos povos tradicionais deve ser valorizada para além do mês de celebração dos povos indígenas. "O mês de abril é um mês de muita força, resistência e ancestralidade. Mas não queremos nos restringir a falar só em abril. A gente quer falar de um país que tem uma diversidade rica e que precisa todo dia ser valorizada, reconhecida e apoiada", conclui.

Confira a programação completa: 

19/04 (Sexta-feira) - Hangar Centro de Convenções & Feiras da Amazônia

09h - Abertura da Feira de Artes dos Povos Indígenas;

Abertura da Mostra Cultural: Soberania Alimentar e Sabores nos Territórios Indígenas do Pará.
14h - Projeto Originários (Justiça Eleitoral)

• Lançamento do Guia Eleitoral em Línguas Indígenas;

• Audiência Pública: Direitos Políticos dos Povos Indígenas.

17h - Abertura oficial da Semana dos Povos Indígenas com entregas de serviços:

• Anúncio da construção de escolas indígenas;

• Lançamento do Curso Reflorestar Mentes (EGPA);

• Anúncio do edital para a pesquisa sobre a população indígena do Pará.

20/04 (Sábado) - Usina da Paz do Icuí-Guajará

08h - Ação de Cidadania:

• Emissão de RG / CPF / 2ª via de Certidão;

• Cadastro da Agricultura Familiar (CAF);

• Cadastro e emissão da Carteira Nacional do Artesanato Brasileiro;

• Oferta CNH Pai D'égua;

• Enxoval / Cestas Básicas / Programa Sua Casa.

Atendimento Itinerante do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Atividades culturais e esportivas (intercâmbio entre os povos):

• Torneio esportivo;

• Apresentações culturais.

Serviços de Saúde e Cuidados:
• Atendimento Médico, Odontológico e Psicológico;

• Testes rápidos;

• Vacinação;

• Triagem de enfermagem;

• Auriculoterapia;

• Cuidado e beleza pessoal.

Rodas de Conversa:
• Saúde Mental dos Povos Indígenas (UFPA);

• Prevenção a violência contra a mulher indígena (SEGUP).

Atividades de qualificação:
• Oficina de empreendedorismo para mulheres indígenas.

20/04 (Sábado) - Hangar Centro de Convenções & Feiras da Amazônia

10h - Recepção com Artistas.

15h - Diálogo com Artistas: Qual o papel da arte em defesa dos Territórios Indígenas?

17h - Encontro dos povos indígenas: Reflorestando mentes e demarcando o estado em defesa da vida.

19h - Mostra da Beleza Indígena Ancestral.

21/04 (Domingo)

09h - Concentração para Caminhada.

Escadinha do Cais do Porto (Av. Pres. Vargas)

10h - Início da Caminhada pelo Clima em Defesa da Terra - Rumo à COP 30 em direção ao Complexo Feliz Lusitânia

13h - Palco Encantaria na Praça Dom Pedro II com Atos de Celebração em alusão ao Dia dos Povos Indígenas;

Apresentações culturais com participação de artistas indígenas e aliados da causa indígena.

Eva Pires (estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo  de Atualidade)

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