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Retrospectiva 2022: fim das máscaras contra a covid-19 e a doença de Haff

Combate a doenças e retorno de eventos presenciais marcaram 2022

Ana Laura Carvalho/ Camila Guimarães/ Dilson Pimentel

O ano de 2022 foi marcado por uma série de acontecimentos que exigiram dos paraenses uma dose extra de paciência, fé e otimismo. Chuvas torrenciais, surtos de doenças e o retorno de grandes eventos presenciais, como o Círio de Nazaré, que ficou na memória. Alguns casos também movimentaram as forças de segurança, como o da morte da modelo Luma Bonny após um 'exposed' feito por Maurício Mendes Rocha Filho, que ficou conhecido como Hétero Top, e o naufrágio que vitimou 23 pessoas próximo à Ilha de Cotijuba, em Belém. Relembre alguns dos principais acontecimentos do ano:

Janeiro

Ainda com graves reflexos da pandemia da Covid-19, o Pará começou o ano com 74% dos leitos de UTI ocupados devido à proliferação da nova variante do vírus, a Ômicron. As aglomerações das festas do final de 2021 também colaboraram para o aumento do número de pessoas doentes. Voos chegaram a ser cancelados na capital por conta de casos de covid-19 e de influenza. No mesmo mês, o Pará começou a receber as vacinas pediátricas para a imunização de crianças de 5 a 11 anos.

Enchentes assolaram diversos municípios. Só em Marabá, 4.296 famílias foram atingidas. As águas do Rio Tocantins atingiram o pior nível dos últimos 20 anos, chegando a subir mais de 14 metros. O Governo do Pará decretou situação de emergência em 17 municípios. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil contabilizaram 55.022 pessoas afetadas.

E sobre o rio, na ilha de Outeiro, a ponte Enéas Martins foi interditada depois que uma balsa atingiu um dos pilares de sustentação e inviabilizou o uso pleno da estrutura de travessia entre Outeiro e Icoaraci por mais de 9 meses. O acidente aconteceu dia 17 de janeiro. Cerca de 80 mil pessoas foram afetadas e a ilha sofreu com falta de serviços básicos e desabastecimento.

No dia 9, uma loja de autopeças foi destruída por um incêndio de grandes proporções, no bairro do Telégrafo. No dia 18, o advogado Leonardo Felipe Giugni Bahia foi preso em flagrante após esfaquear e matar a própria mãe, Arlene Giugni da Silva, também em Belém. A irmã dele também foi presa pelo crime, mas apenas em outubro.

Fevereiro

O mês de fevereiro, no Pará foi de expectativa pela retomada do carnaval de rua – o que acabou não acontecendo, uma vez que as prefeituras decidiram cancelar as comemorações.

Março

A Grande Belém também sofreu com as fortes chuvas. No centro da capital, casos de malária assustaram os moradores. Belém chegou a contar 19 pessoas com a doença desde janeiro até março (Sesma). No Pará, 900 casos foram notificados em menos de um mês (Sespa).

A Deltacron, variante do coronavírus chegou ao Pará. O primeiro caso foi identificado em Afuá e, junto com o caso do Amapá, foram os primeiros casos do Brasil. No dia 29, o Governo do Estado fim da obrigatoriedade do uso de máscara. Belém foi a última capital do país a tomar essa decisão.

No dia 15 do mês, moradores da Terra Firme viveram o terror da explosão de cilindros de hidrogênio na subestação da Eletronorte. Após três dias de vistoria na área, a Defesa Civil conferiu 188 imóveis atingidos. Quatro trabalhadores da subestação ficaram levemente feridos. Uma pessoa também se feriu no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT), na UFPA, que fica em uma área próxima.

Abril

O fim do estado de emergência para covid-19 foi decretado em 17 de abril pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mas autoridades em Saúde municipais e estaduais continuaram incentivando os cuidados contra a infecção pelo vírus e também a buscarem a vacinação.

Maio

Na contramão da alegria das celebrações coletivas, o Pará viu a chegada da Mpox. O primeiro caso surgiu dia 29 de maio, na Alemanha, e logo começou a se espalhar pelo mundo. No estado, o primeiro caso foi em 2 de agosto, em um morador de Ananindeua e o ano terminou com mais de 100. A doença foi considerada, pela OMS, emergência mundial em saúde.

No dia 15, Wanderson Alves Carvalho, mais conhecido como "Dentinho", é recapturado em Belém. Ele é acusado de cometer mais de 100 estupros em Goiás, que lhe renderem a pena de 196 anos de prisão. No dia 17, o corpo da juíza Monica Maria Andrade Figueiredo de Oliveira é deixado na Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Belém, no bairro de São Brás. O companheiro dela, o também juiz João Augusto Figueiredo de Oliveira Júnior, foi quem a levou. O corpo da juíza tinha um ferimento por arma de fogo. Segundo as investigações, foi suicídio.

Junho

A comemoração das festas juninas voltaram a contar com o Arraial do Pavulagem. Os cortejos aconteceram a cada domingo até dia 3 de julho, arrastando multidões. No campo religioso, a Arquidiocese de Belém retomou as peregrinações com a Imagem de Nazaré nos bairros, aumentando as expectativas dos fiéis católicos pelo Círio 2022.

Na noite do dia 8, começou a segunda etapa da reprodução simulados fatos que levaram à morte de Yasmin Fontes Cavaleiro de Macêdo no dia 12 de dezembro de 2021. E, no dia 11, o corpo da menina Amanda Ribeiro, de 10 anos, desaparecida desde 7 de junho, foi encontrado, à tarde, amarrado e brutalizado num trapiche às margens do rio Anajás.

No campo da saúde, paraenses ficaram assustados com casos da doença da urina preta, ou síndrome de Haff. Começou com três casos suspeitos em Óbidos, no dia 25 de junho e a morte de um paciente no dia 27.

Julho

O mês das férias teve lotação nos balneários paraenses. Como possível consequência das aglomerações do veraneio, Belém registrou o aumento de síndromes respiratórias e a busca intensa pelo serviço de testagem para covid-19. Uma unidade do serviço no Umarizal chegou a contar 400 testes realizados em um único dia. Ao mesmo tempo, o Pará começou a apresentar um problema que se estenderia pelos próximos meses: falta de medicamentos e vacinas.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), 80% dos municípios paraenses enfrentaram desabastecimento de medicamentos e insumos. No dia 13 de julho, os estoques de vacinas BCG e Pentavalente ficaram zerados, apesar de racionamentos. Ainda na Saúde, um morcego foi diagnosticado com raiva ainda no dia 13 do mês, no bairro da Marambaia. Outros casos assustaram o Pará, como em Itaituba, com 18 registros.

Andressa Kelly Pinto Damasceno, 28 anos, foi atropelada e morta na madrugada do dia 8 de julho, na avenida Arterial 18, bairro da Cidade Nova, em Ananindeua, na região metropolitana de Belém. Outras três pessoas ficaram feridas. O suspeito do atropelamento estava em uma caminhonete prata. Câmeras de segurança registraram o momento em que ele passa em alta velocidade e atinge um grupo de amigos, por volta das 5h. O motorista causador do acidente nunca foi preso.

Agosto

A expectativa de retorno do Círio de Nazaré foi tanta, que os ingressos das arquibancadas esgotaram em 30 minutos. O mês também foi marcado pela volta das peregrinações de imagens de Nazaré nos lares. No mesmo período, a Grande Belém viveu dias de vendavais. Cerca de 83 imóveis de Belém e Ananindeua sofreram prejuízos. Ventos de 100 km/h foram registrados.

Um caso chamou atenção da polícia e sociedade de Belém: Luiz Reginaldo Santos Mendonça, de 45 anos, e Jessyca Aniele de Araújo Silva, 28 anos foram presos, no dia 17 de agosto, por envolvimento na morte da professora Maria Mendonça dos Santos, de 72 anos. Ambos são o sobrinho da vítima e a ex-companheira dele. O corpo da idosa foi encontrado debaixo de um calçamento construído no quintal da casa dela, no bairro da de São Brás, em Belém. O caso ficou conhecido popularmente como “professora cimentada”. O motivo do crime teria sido uma casa deixada pelo avô de Luiz que, supostamente, seria somente dele, mas acabou sendo dividida entre a família.

Setembro

Vendavais assolaram o interior do Estado. Os municípios de Moju e Tailândia ficaram 72h sem energia elétrica devido à queda de uma Linha de Transmissão, derrubada pela ventania no dia 18. Durante o apagão, moradores sofreram com desabastecimento, falta de serviços essenciais e preço alto de produtos básicos, como gelo. Muito alimento estragou por falta de condicionamento adequado.

O naufrágio da lancha “Dona Lourdes II” deixou 23 pessoas mortas na baía do Marajó, próximo da ilha de Cotijuba, no dia 8 de setembro. Outros 66 passageiros conseguiram sobreviver, depois de terem sido resgatados por pescadores da região. No dia 18 de outubro, mais de um mês após a tragédia, o corpo da última vítima do naufrágio, Sofia Loren, de 4 anos, foi identificado, após passar por exame de DNA. O comandante da embarcação, Marcos de Souza Oliveira, foi preso no dia 13.

Apenas 28% do público-alvo havia sido vacinado contra poliomielite. Depois de extensas campanhas, o Pará atingiu, já no final do ano, 67% da cobertura vacinal.

Outubro

O Círio de Nazaré voltou às ruas de Belém depois de dois anos de pandemia, com 13 procissões oficiais, incluindo a primeira edição da procissão dos Carros de Promessas, que homenageou os profissionais da saúde que lutaram contra a covid-19. Todas as romarias contaram com grande público. A Diretoria da Festa avaliou que o 230º Círio foi o maior de todas as edições. O Arraial de Nazaré também foi retomado.

Também em outubro, um homem de 49 anos, identificado como Aldo Furtado de Lacerda, foi preso transportando R$ 2.508.500​​ em espécie no porta-malas de um carro, em Ulianópolis, no Pará. O homem é natural de Brasília e, com ele, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontraram credenciais de acesso ao Congresso Nacional. A principal suspeita da polícia é de lavagem de dinheiro.

Novembro

O mês começou com a informação sobre o aumento de 58,9% nos casos de dengue no Estado, contando de 1º de janeiro a 4 de novembro de 2022 (4.060 novos casos). O alerta fez os municípios fortalecerem campanhas de prevenção contra a doença. A Vigilância em Saúde de Belém também precisou reforçar a atenção contra a Doença de Chagas, após confirmação de 9 casos no bairro da Pratinha, nas primeiras semanas do mês.

Neste mês, o Grupo Liberal celebrou o centenário do seu idealizador e fundador, Romulo Maiorana, e também os 76 anos de existência do jornal O Liberal. O lançamento de um documentário sobre a vida do ‘Seu Romulo’ fez parte das celebrações, destacando o legado dessa figura que marcou a história da comunicação no Pará.

O mês começou com a prisão do empresário Lucas Magalhães de Souza, dono da lancha envolvida no caso da morte da influenciadora e estudante de medicina veterinária Yasmin Fontes Cavaleiro de Macêdo. Ele é acusado dos crimes de homicídio por dolo eventual, fraude processual, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo.

O réu Lúcio Magno do Espírito Santo Quadros, que responde pelo assassinato da modelo Geordana Natally Sales Farias, foi condenado a 23 anos de prisão, em regime inicialmente fechado. A vítima foi morta a facadas no dia 1º de setembro do ano passado, em Ananindeua. Na noite do dia 30, uma tentativa de assalto a um supermercado localizado na Feira da 8 de Maio, em Icoaraci, terminou com a morte de cinco pessoas, sendo três trabalhadores e dois bandidos.

Dezembro

Com a cidade enfeitada para a Copa do Mundo do Catar, uma crise na Saúde se instalou em Belém. Falta de medicamentos, insumos, pagamentos de funcionários da saúde, limpeza e portaria fizeram vários serviços na cidade ficarem comprometidos, prejudicando a população. Houve protestos e greves.

Já no fim do mês, moradores de Belém tiveram que conviver alguns dias com fumaça e odor de lixo proveniente da queima de resíduos no antigo Lixão do Aurá, atingindo diretamente cerca de 2 mil pessoas próximas ao lixão e mais incontáveis pessoas no centro na Grande Belém.

Maurício César Mendes Rocha Filho, 25 anos, que se autointitulava “Hétero Top” nas redes sociais, foi preso no dia 9 de dezembro, em Belém. Ele é acusado de vazar um vídeo íntimo da influenciadora Luma Bony, 23 anos, e de outras mulheres para a prática de extorsão. A jovem cometeu suicídio no dia 9 de novembro. Segundo a família da jovem, o acusado teria embebedado, drogado, abusado e filmado Luma, que estava desacordada. Os parentes afirmam ainda que ele é responsável pela morte da influenciadora.

Belém