Próximos dias serão de fortes chuvas no Pará; meteorologista alerta para maré alta

Semas aponta que o volume de chuvas está dentro da média climatológica esperada para o m~es de março

Laís Santana
fonte

Como é típico do mês de março, quando chove bastante na região amazônica, os primeiros quinze dias do mês foram de intensas chuvas em todo o Pará. De acordo com o Núcleo de Monitoramento Hidrometeorológico (NMH), da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), o volume de chuvas está dentro da média climatológica esperada para essa época do ano e se manterá para a próxima quinzena, podendo coincidir ainda com a maré alta. 

VEJA MAIS

image Ruas se transformam em 'rios' durante fortes chuvas em Santarém; vídeo
Ruas dos bairros da Marinha e Santarenzinho foram tomadas pela água

image Belém registra 10 horas de chuva contínua, diz Inmet
Ruas sofreram efeitos das águas. Capital poderá ter mais precipitações semelhantes no mês

image Pontes desabam e moradores ficam isolados na zona rural de Altamira
As estruturas teriam sido comprometidas pelas fortes chuvas que caíram na cidade

O maior volume de chuvas está sendo registrado na região Oeste do Pará, como nos municípios de Santarém, Juruti, se estendendo até a região do Tapajós, nas cidades de Itaituba, Aveiro e Belterra. Já na área Leste, as chuvas têm sido diárias, porém, em menor volume de água, apesar de ser intensa. A previsão do NMH é que toda região Oeste registre chuvas acima do normal e nas demais regiões a média climatológica deve ser mantida, respeitando o regime de cada região. 

O aumento no índice pluviométrico é consequência da Zona de Convergência Intertropical, como explica José Raimundo Abreu de Sousa, coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)/2º Distrito de Meteorologia de Belém.

Segundo o coordenador, o período se torna preocupante pela ocorrência de chuvas com 12 horas consecutivas com poucas interrupções. 

Chuva em Belém 

Na capital paraense já choveu cerca de 256 mm, o equivalente a 54% da média climatológica, que é de 470 mm. Saulo Carvalho, coordenador do NMH pontua que municípios do nordeste também estão tendo uma certa quantidade de chuvas.

"No geral, a gente ainda prossegue com aquele clima típico de período chuvoso, que o dia começa com sol entre nuvens, um pouco de calor, mas logo o cenário vai sendo tomado por bastante nebulosidade e céu encoberto. Isso fica ao longo do dia, com chuvas ocasionais que preferencialmente podem acontecer no final da manhã e início da tarde e no final da tarde e início da noite. Apesar da questão da chuva em si a gente vê que a temperatura nessas condições costuma abaixar, ficando em torno de 25º a 27º, o que já dá um alívio no dia a dia", pontua. 

Cuidados com o tempo chuvoso

As chuvas desse período do ano têm característica contínua, são chuvas moderadas que se estendem por horas. O NMH tem verificado um comportamento diferente, as chuvas tem ocorrido em forma de pancada que são comumente geradas pelas nuvens Cumulonimbus, causando raios e trovoadas.

"É importante a gente manter esse cuidado de não operar aparelhos eletrônicos conectados a rede elétrica no momento da chuva ou estar fora de abrigos no momento de fortes chuvas, evitar árvores e locais abertos", orienta Saulo Carvalho. 

Maré alta 

No período chuvoso, a população precisa estar atenta também à maré alta. Carvalho chama atenção para a combinação de chuva com a elevação do nível dos rios, principalmente nas cidades litorâneas e na capital, que acaba gerando transtornos.

"A maré por si só, como é um fenômeno astronômico, tem uma regularidade ao longo do ano e a maré alta aqui fica em torno de 3,5m. Isso a gente observa até nos meses mais secos. Como estamos no período chuvoso existe um incremento de chuva, tem água a mais presente nesse período", afirma. A estimativa é que até meados de abril a população tenha dias de chuva e maré alta e, consequentemente, bastante alagamentos. 

Prejuízos 

Morador da avenida Generalíssimo Deodoro, entre rua Eng. Fernando Guilhon e rua São Miguel, há mais de 10 anos, o comerciante Miguel Diniz já vivenciou muitos alagamentos causados pela chuva no local. Dono de uma pequena mercearia, ele já teve prejuízo de mais de 5 mil reais em mercadorias, eletrodomésticos e prateleiras, tudo por conta da água da chuva que invadiu sua casa. Sempre que o inverno chega vem também a preocupação de perder os bens conquistados com trabalho árduo. 

"No ano passado, a mercadoria chegou no sábado, mas não tive como arrumar. quando foi no domingo veio uma grande chuva, essa chuva chegou numa proporção que não teve fim. Eu fui levar a mercadoria na cozinha quando eu voltei a água já foi levando tudo na minha frente, saca de feijão, arroz, açúcar, macarrão, molhou tudo. Aqui dentro de casa foi quase um metro de altura [de água]. Botijão ficou no fundo, geladeira bateu no teto, foi muita água", relembra.

Devido o alagamento constante, Miguel Diniz precisou investir na casa levantando o piso, mas se diz "acostumado" com a realidade, principalmente quando a chuva vem junto com a maré alta. "A gente também está se readaptando com a chuva e com a enchente. Quando dá a gente já vai levantando tudo, deixando as coisas em cima que daí a gente só abaixa no verão. Pra quem não convive pensa que é fácil, mas pra quem convive é difícil porque você vê os seus bens indo [para o fundo] de uma tal forma, é muito rápido", revela o comerciante. 

Diniz acredita que os alagamentos na rua onde mora melhorariam se o canal, que passa bem em frente à sua casa, fosse dragado:

"Além da natureza, a população também não ajuda a recolher o lixo e não jogar no canal. Eu espero um dia sair dessa situação". 

Construções são necessárias para escapar dos alagamentos

Para fugir dos constantes alagamentos na rua Augusto Corrêa, no bairro do Guamá, a dona de casa Sulamita Nascimento precisou investir na casa onde mora, antes que tivesse mais prejuízos. Foi necessário fazer um aterro com cerca de um metro de altura na tentativa de combater o volume de água quando chove na área. 

"Quando cai uma chuva, na Augusto Corrêa não passa carro porque as placas ficam todas espalhadas pelo caminho, aqui na casa da minha vizinha que ainda é baixo alaga tudo, é uma coisa horrível. Ali no canal, os carros passam direto porque é tão alta a água quando chove, que a maré vem junto. Ninguém vê e acaba caindo no canal", conta a moradora que convive com os problemas desde a infância. 

Os alagamentos afetaram até mesmo a mobilidade urbana no perímetro:

"O ônibus que passava aqui na frente não passa mais por causa disso, alaga tudo e eles não conseguem passar. Nesse período a preocupação aumenta muito porque é muita água", afirma. 

Confira a previsão de maré alta para este final de semana em Belém

Dias: 19 e 20 de março 

3.5 metros

Previsão de que possa coincidir com chuvas, principalmente no período da tarde e noite 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM