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Página na internet conta histórias sobrenaturais de Belém e do interior; vídeo

Além das histórias mais conhecidas como a de Josephina Conte, "a moça do táxi", a página já postou mais de 5 mil histórias sobrenaturais

Emanuele Corrêa

As lendas e o folclore - tradições, crenças, mitos e formas de manifestações artísticas, define Eunice Durham - amazônico chamam atenção e não é de hoje. Viraram objetos de estudo e entretenimento. O livro "Visagens e Assombrações de Belém", de Walcyr Monteiro, o filme "Matinta" estrelando Dira Paes e com direção de Fernando Segtowick, e mais recentemente a série Cidade Invisível, de Carlos Saldanha, retratam essas narrativas. O paraense tem apreço por histórias "sobrenaturais", que refletem as memória dos municípios, por isso a página "Belém de Arrepiar" tem despertado interesse e ganhado visibilidade entre os amantes de histórias de assombração e soma mais de 16 mil seguidores nas redes.

O escritor José Maria Brito de Moura, 50 anos, é mais conhecido pelo pseudônimo "Nathan de Moura" nas redes sociais da Belém de Arrepiar. Há 13 anos começou a postar em um blog e Facebook e conforme os seguidores aumentaram, criou o canal no Youtube, Instagram e recentemente o Tiktok. Ao todo, além das histórias mais conhecidas como a de Josephina Conte, A Moça do Táxi, já postou mais de 5 mil histórias sobrenaturais de Belém e interior do Estado.

Outros escritores e historiadores paraenses auxiliam no grupo de WhatsApp e também nas visitas "Caça-fantasmas". Segundo Nathan, as histórias não são só reproduções de relatos enviados pelos seus seguidores, também afirma presenciar algumas manifestações. "Já vi fantasmas, visitei lugares mal-assombrados. Convivi com uma paranormal fantástica por anos. Tenho muitas experiências nesse sentido. Acho que isso faz ter bastante empatia quando um seguidor me procura querendo relatar uma experiência", reflete.

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"Ao incorporar-se como narrativa de assombração e registrada em livro por Walcyr Monteiro, é uma história que coloca em destaques aspectos importantes: a noite de uma cidade, o protagonismo de uma mulher, o território paisagístico de uma cidade, e o ofício de taxista. Sua força narrativa é tão grande que seu túmulo, no cemitério Santa Izabel, passou a ser local de culto. Na história, uma cidade passa a ganhar paisagens, mistérios, fortalecimento de gênero etc. num momento em que a derrocada econômica frente às conquistas da Belle Époque é marcante", destaca.

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"Casas assombradas são lugares esquecidos, importantes, nos quais a sua materialidade e memória são tombadas por contos hiper-reais. As histórias de assombração afastam e atraem ao mesmo tempo o grande público. Mas, no final das contas, o que permanece são locais, memórias e patrimônios públicos em risco nos tempos modernos de comercialização de absolutamente tudo", concluiu.

Uma história de terror em pleno Carnaval 2020 de Abaetetuba

O ator Dante Monteiro, 27 anos, não acreditava nas histórias, até vivenciar um fato sobrenatural no Carnaval de 2020, em Abaetetuba, quando foi a convite do melhor amigo. No bloco de rua, o amigo foi ao banheiro e quando voltou Dante estava com ferimentos no corpo, além de o joelho perfurado e sangrando.

"Ele entrou em desespero ao me ver naquele estado. Eu permanecia imóvel, não falava. Uma prima dele apareceu e o levou para casa, mas pediu pra alguém me reparar, pois não dava conta de levar os dois. Acabei me afastando do local, e a mãe dele foi atrás de mim. Viu que estava fazendo 'profecias' para as pessoas. Percebeu que eu falava coisas desconexas: 'eu conheço esse lugar, muita gente sofreu e morreu aqui', 'eu conheço todo mundo que tá aqui, sabia?'. Ela foi me conduzindo de volta pra casa tranquilamente", relembra.

O jovem diz que a situação foi muito traumática. Ao chegar na casa, parecia que tinha despertado de um transe e ficou muito nervoso, até que a mãe do amigo o colocou para dormir e quando acordou a única lembrança que tinha era do amigo indo ao banheiro.

"Não lembrava de nada. Até hoje não lembro. Tudo o que eu sei foi porque meu amigo e a mãe me contaram. Outro detalhe é que os ferimentos simplesmente desapareceram, exceto a perfuração no joelho. Sempre fui muito cético, mas fiquei com medo do que estava acontecendo. Desde lá percebo que minha sensibilidade aguçou. Estar no meio de multidões me deixa inquieto, como se eu absorvesse a energia do ambiente", finalizou.

Belém