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Padre Bruno Sechi é lembrado por sua luta por justiça social e infância digna, em Belém

Um dos momentos simbólicos ocorreu em frente ao Solar da Beira, no tradicional complexo do Ver-o-Peso, na noite desta quinta-feira (29/5)

O Liberal
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A presença de padre Bruno Sechi continua viva entre aqueles que seguem seu legado de luta por justiça social e dignidade para crianças e adolescentes em situação de rua. Nesta quinta-feira (29), data que marca os cinco anos de sua morte, uma série de homenagens ao religioso envolveu educadores sociais, integrantes de movimentos populares e representantes da sociedade civil em Belém.

Um dos momentos simbólicos ocorreu em frente ao Solar da Beira, no tradicional complexo do Ver-o-Peso, lugar onde, em 1970, padre Bruno iniciou um trabalho de educação social de rua junto a um grupo de jovens da Escola Salesiana da Sacramenta. O espaço, escolhido por sua importância histórica, reuniu participantes para um debate sobre políticas públicas, um momento de oração e reflexões sobre os desafios da população em situação de rua.

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“Em 1970, o padre Bruno iniciou, no Ver-o-Peso, em Belém, um trabalho de educação social de rua, junto com um grupo de jovens da Escola Salesiana da Sacramenta”, recordou Naraguaçu Costa, membro do Movimento Nacional de Meninas e Meninos de Rua, que participou da homenagem.

A iniciativa pioneira do padre italiano, radicado no Pará, deu origem ao Movimento República de Emaús, organização que há décadas atua na defesa dos direitos das infâncias marginalizadas. “Hoje, esse trabalho se tornou o Movimento República de Emaús, que, a partir da escuta e do diálogo com meninos e meninas em situação de rua, criou o Restaurante República do Pequeno Vendedor. O espaço promove cultura alimentar, jogos pedagógicos, leitura, brincadeiras, ludicidade e formação com temas geradores como: trabalho infantil, violência, cultura, moradia, saúde e escola”, explicou Naraguaçu.

Mais do que acolhimento, o movimento incentivou a organização autônoma das crianças e adolescentes. “Essas crianças e adolescentes passaram a se organizar em grupos e buscar cidadania e direitos sociais. Essa ação da pedagogia social de rua, baseada na cidadania e na afetividade, somada ao apoio do UNICEF, de juristas e de experiências comunitárias com meninos e meninas em situação de rua, contribuiu diretamente para a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, destacou o educador social.

O caminho até a aprovação do ECA foi trilhado com mobilizações em nível nacional. “Foram realizados três encontros nacionais: o primeiro em 1986, o segundo em 1989 e o terceiro em 1992, todos em Brasília. Em 1988, foi aprovado o artigo 227 da nova Constituição Federal, que afirma ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente todos os direitos fundamentais. A partir daí, educadores, juristas e instituições se mobilizaram para escrever uma lei que garantisse a responsabilidade do poder público, da família e da sociedade na proteção integral da infância e adolescência”, relembrou Naraguaçu.

“Padre Bruno foi um dos principais mobilizadores e organizadores dessa luta. Somos educadores sociais de rua, dos rios, roçados, campos e da floresta. Trabalhamos diretamente com meninas e meninos em situação de rua, vítimas do trabalho infantil, da exploração sexual e de várias formas de violência. Fomos formados por ele e carregamos seu legado de luta pela infância e pela Amazônia”, afirmou.

Desde então, o dia 29 de maio passou a ser celebrado pelos educadores sociais como símbolo dessa luta. “Por isso, para nós, todo dia 29 de maio é o Dia da Pedagogia Social das Ruas, Rios, Roçados, Campos e Floresta. Onde houver crianças e adolescentes com seus direitos sociais violados, seja o direito à educação, saúde, cultura, alimentação ou moradia, nós estaremos lá para escutar, organizar e lutar por cidadania e afetividade”, ressaltou Naraguaçu Costa.

Ao retornar ao Ver-o-Peso, cenário do início da caminhada de padre Bruno, os participantes do encontro também fizeram um chamado por mais atenção do poder público. “Hoje, voltamos ao Ver-o-Peso, onde tudo começou, para falar sobre a situação do povo em situação de rua em Belém. E deixamos uma pergunta fundamental: Qual política pública está sendo feita para essa população?”, questionou Naraguaçu.

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