No Pará, câncer de tireoide tem aumento de 45% em dois anos; veja como prevenir
Com 305 casos registrados entre 2023 e 2024 no Pará, o especialista reforça a importância do diagnóstico precoce e da conscientização.

O Pará registrou um aumento de 45,1% de casos de câncer de tireoide em um ano. Em 2023, foram 124 casos. Já em 2024, o número saltou para 181. O cirurgião oncológico José Gabriel Paixão, de Belém, recomenda que levar um estilo de vida saudável é uma das principais formas de se prevenir da doença. O tema ganha maior visibilidade neste domingo, 25 de maio, quando é celebrado o Dia Internacional da Tireoide
O câncer de tireoide atinge a glândula responsável pela produção de hormônios fundamentais para o metabolismo e é mais comum em mulheres, especialmente entre 30 e 50 anos.
Tratamento e prognóstico
O cirurgião oncológico José Gabriel Paixão, especialista em doenças da tireoide, explica que esse tipo de câncer, na maioria dos casos, os sinais não ficam tão evidentes. “Na maioria das vezes, o câncer de tireoide não é aquele que imaginamos como devastador. A pessoa não fica tão debilitada, nem faz quimioterapia. Ele costuma ter um bom prognóstico”, afirma.
Segundo o médico, o câncer de tireoide é pouco agressivo. “Apesar de estar dentro do grupo das doenças chamadas câncer, esse tipo específico tem baixa agressividade. A maioria das pessoas diagnosticadas consegue fazer o tratamento — seja cirurgia, seja iodoterapia — e seguir bem”, completa.
O que é tireoide
A tireoide é uma pequena glândula no pescoço que regula o metabolismo e o crescimento. Segundo o especialista, alterações na produção hormonal podem causar sintomas inespecíficos como sonolência, dificuldade para acordar, ganho de peso não planejado e palpitações.
Outro sinal de alerta importante é o aparecimento de nódulos na região do pescoço. “Esses nódulos costumam ser endurecidos e indolores. Podem indicar alterações na glândula que precisam de investigação médica”, alerta.
Fator de risco
O principal fator de risco para o câncer de tireoide é o histórico familiar. “É uma doença geralmente ligada a alterações genéticas. Ter um parente de primeiro grau — como pai, mãe, irmãos ou filhos — com esse tipo de câncer, aumenta significativamente o risco”, destaca o especialista.
Prevenção e hábitos saudáveis
Exames de rotina, como a ultrassonografia de pescoço, são essenciais para identificar alterações precoces na tireoide. Além disso, manter uma alimentação saudável e um estilo de vida equilibrado pode contribuir para a prevenção.
“A maioria dos casos de câncer de tireoide é assintomático. Por isso, a melhor forma de prevenção é manter hábitos saudáveis, com consumo frequente de frutas, verduras e legumes. Isso não apenas ajuda na prevenção desse tipo de câncer, como também de diversas outras doenças”, orienta o especialista.
O desafio da conscientização
Muitos pacientes só buscam ajuda quando os sintomas estão evidentes, como nódulos visíveis, rouquidão persistente ou dificuldade para engolir. Para o médico, a data comemorativa tem papel fundamental.
“Este dia é muito importante para levar informações de qualidade à população e chamar atenção para uma doença que, muitas vezes, passa despercebida”, conclui José Gabriel Paixão.
Realizando o tratamento com fé
A fotojornalista Alessandra Serrão, de 48 anos, de Belém, descobriu nódulos malignos no pescoço durante um exame de rotina. Receber o diagnóstico foi desesperador, mas o apoio da família foi essencial.
“Em 2015, fazendo alguns exames de rotina, eu descobri dois cistos no pescoço. Fiquei alguns anos sem ir ao médico e, quando eu voltei, descobri que tinha evoluído para um tumor. Primeiro eu chorei muito, desabafei. Mas recebi o apoio de amigos e da família, e isso foi me fortalecendo. Eu estava muito tranquila para enfrentar a cirurgia. No entanto, não foi tudo fácil. Houve alguns obstáculos. Durante esse período, meu marido me abandonou, mas,mesmo assim, encontrei forças e consegui vencer essa doença”, relata.
A cirurgia para retirada da tireoide foi realizada em 14 de fevereiro de 2025. Mesmo dividindo-se entre Belém e Brasília por causa do trabalho, Alessandra está pronta para a próxima etapa do tratamento. “Estou tranquila, feliz e pronta para a iodoterapia, com muita fé”, afirma.
A iodoterapia é um tratamento complementar que utiliza iodo radioativo para eliminar possíveis células doentes remanescentes após a cirurgia.
Referências no tratamento da doença
Segundo a Sespa, até o momento, nenhum novo caso de câncer de tireoide foi registrado oficialmente em 2025 no Pará. Os serviços de referência no Estado para o tratamento da doença são as policlínicas, Hospital Ophir Loyola (HOL) e Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), em Belém; Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém; Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP), em Marabá; Hospital Regional de Tucuruí; e Hospital Regional de Castanhal.
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