Idosos em movimento: veja como a atividade física pode mudar a vida de pessoas da 3ª idade
O geriatra Karlo Moreira explica que atividades físicas para idosos podem ajudar a reduzir dores, como as causadas por artrose, fortalecendo a musculatura

A prática da atividade física é importante para os idosos, mas é fundamental levar em consideração das características de cada pessoa. Apesar de sua importância, a prática de atividade física precisa ser individualizada, pois os idosos são muito diferentes entre si. “Há idosos mais robustos e ativos, outros com hábitos sedentários, e também os que são doentes ou têm múltiplos problemas de saúde. Então não posso prescrever uma atividade física igual para todo mundo”, afirmou, em Belém, o médico geriatra Karlo Moreira.
A atividade física é fundamental e importante para qualquer faixa etária, seja criança, adolescente, adulto ou idoso. No caso dos idosos, traz inúmeros benefícios. Ela não é boa apenas para a saúde cardiovascular ou respiratória, mas também melhora a saúde osteomuscular, ajudando a reduzir dores, como as causadas por artrose, e fortalecendo a musculatura. "Isso é muito importante para que o idoso possa desenvolver suas atividades diárias, como carregar uma sacola da feira, empurrar uma gaveta ou puxar uma cadeira. E ele só vai fazer isso se tiver força e saúde muscular", disse.
Além disso, explicou, a atividade física melhora diversos outros aspectos: melhora imunidade, depressão, memória, saúde intestinal (por exemplo, ajuda quem sofre de prisão de ventre), melhora a circulação nas pernas, prevenindo inchaços e varizes. É boa para o corpo como um todo. Ajuda a controlar doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes e artrose
“Em resumo, a atividade física é útil para todos, mas especialmente para as pessoas idosas”, disse. O geriatra Karlo Moreira observou a importância dos diversos tipos de exercícios. Segundo ele, não existe um exercício que seja melhor que o outro. De um modo geral, os exercícios precisam ajudar a fortalecer a musculatura, ajudar no equilíbrio, ajudar na flexibilidade. Precisam fazer alongamentos. “Porém, em não tenho uma atividade física que seja específica para o idoso e que faça tudo isso. Por isso, é melhor diversificar as atividades”, afirmou.
Por exemplo: caminhadas duas vezes por semana e hidroginástica em outros dois dias. Musculação duas ou três vezes por semana. Também pode fazer uma atividade mais aeróbica, como dança de salão. “Pode diversificar. A escolha da atividade física depende de diversos aspectos, inclusive da preferência pessoal e o nível de atividade prévia que ele tinha. Há idosos que ainda praticam karatê ou judô porque sempre o fizeram e o corpo deles está adaptado a isso. Outros preferem acordar cedo e nadar. Outros gostam de dançar e sair. Mas nem todos gostam das mesmas coisas”, observou.
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O geriatra Karlo Moreira comentou que atividades do dia a dia - como subir escadas, fazer jardinagem, arrumar a casa ou caminhar até a padaria - são importantes e saudáveis, pois promovem a socialização. Mas, para o idoso, não traz um benefício específico. Se o objetivo é fortalecer ossos e músculos é preciso fazer exercícios de força. Para melhorar a pressão e a saúde cardiovascular, é necessário fazer exercícios aeróbicos. Para melhorar a coluna e alongamento, Pilates ou natação podem ser mais indicados.
Um aviso: Antes de iniciar qualquer atividade física, é fundamental realizar uma avaliação médica. Isso ajuda a identificar se o corpo está adaptado ao exercício pretendido; se há doenças ocultas que podem representar riscos, como osteoporose (que contraindica atividades de alto impacto), doenças coronarianas (que podem causar dor no peito, angina ou até infarto durante atividades aeróbicas). “A ideia é maximizar os benefícios e minimizar os riscos, mas isso só é possível conhecendo bem a condição de cada pessoa”, disse.
Começar devagar e ouvir o corpo, sugere geriatra
O geriatra disse que é importante começar com intensidade leve e ir progredindo aos poucos, de acordo com o condicionamento adquirido. Ter objetivos e metas ajuda a manter a motivação e evitar frustrações.
“Outro conselho importante: ouça o seu corpo. Dores são alertas. Uma dor intensa, localizada, que não passa - por exemplo, no ombro - pode indicar uma futura lesão ou uma lesão já instalada”, disse. Cansaço excessivo, falta de ar ao ponto de não conseguir falar, também pode ser um sinal de alerta. “Fique atento a essas reações. A gente precisa saber ouvir o nosso corpo. A avaliação médica é importante para detectar coisas ocultas. Mas muitos dos problemas só vamos identificar na hora que faz a atividade física”, destacou.
No Curió-Utinga, projeto melhora vida dos idosos com aulas de dança
Em Belém, no bairro do Curió-Utinga, um projeto social proporciona saúde e qualidade de vida para os idosos. É o Projeto +VIDA, que funciona em um centro comunitário, na praça das Castanheiras. A aposentada Maria Helena da Silva Cordovil, de 75 anos, faz parte da coordenação do projeto, uma iniciativa aberta a toda a. No projeto, são oferecidas aulas de dança com exercícios funcionais, ministradas pela professora Mirley Santos.
A proposta tem como objetivo promover qualidade de vida, especialmente para quem não pode pagar uma academia. “Aqui é tudo de graça. A gente não cobra nada de ninguém. Esse projeto tem trazido muitos benefícios. Temos pessoas que chegaram em situação difícil, com depressão, e que hoje estão rindo, brincando e não faltam nenhuma aula”, destacou Maria Helena.
As aulas acontecem de terça a sexta-feira, das 9 às 10 horas, e o público é bastante diverso. Embora a maioria seja de idosos, o projeto também inclui pessoas com deficiência, autismo e síndrome de Down. “É uma mistura”, afirmou Maria Helena. O Projeto +VIDA está prestes a completar dois anos de existência, o que vai ocorrer neste mês de junho, e conta com cerca de 80 participantes. Nem todos frequentam diariamente, mas, em média, cerca de 40 pessoas comparecem por dia. “Tem pessoas que têm dificuldade, mas tem outras, como eu e a Sandra, que vêm todo dia”, contou Maria Helena.
Ela também relata melhorias visíveis na qualidade de vida dos participantes: “Temos relatos de pessoas que melhoraram, que estão bem. Inclusive, temos pessoas com 82 anos que não faltam nenhum dia, como a dona Ilda".
"A gente se diverte, brinca, dança, faz amizade com todas", diz dona Ilda, de 82 anos
Ilda Ferreira Pinto Monteiro, 82 anos, participa desde o início do projeto. “Eu gosto. Melhora a minha qualidade de vida, com certeza. A gente se diverte, brinca, dança, faz amizade com todas, se sente mais disposta para vir todo dia fazer esse exercício. É uma maravilha. Eu recomendo que as pessoas venham e participem conosco. O projeto é maravilhoso”, disse.
Outro participante, José Antônio Corrêa de Brito, estilista de 57 anos, frequenta as aulas há dois meses. “A gente precisa movimentar o corpo. A idade está um pouco avançada, e a gente tem que caminhar com saúde”, disse. Ele afirmou que sua qualidade de vida melhorou muito e que pretende continuar no projeto.
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