Enem 2025: estudantes de Belém se adaptam ao novo calendário da prova por conta da COP 30
Para alguns vestibulandos, a mudança impacta, de forma positiva, a rotina de estudos e o planejamento para o exame
Por conta da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 terá um calendário diferenciado em Belém, Ananindeua e Marituba. Enquanto as provas serão aplicadas nacionalmente nos dias 9 e 16 de novembro, os estudantes dessas três cidades paraenses farão o exame nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro. Na capital, os candidatos já vivem a expectativa pelas provas e começam a se adaptar às mudanças no cronograma.
Impacto positivo para alguns estudantes
Para alguns vestibulandos, a mudança impacta, de forma positiva, a rotina de estudos e o planejamento para o exame. Na semana em que se iniciou o período de inscrições para a prova, a ansiedade entre os candidatos também já cresce. É o caso do estudante Bryan Barbosa, de 16 anos. Aluno do terceiro ano do ensino médio, ele pretende cursar Licenciatura em Matemática e afirma que já está se preparando para o Enem desde o início do ano. Para ele, a nova data é um ponto vantajoso.
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“Apesar de já ter feito o Enem anteriormente, no primeiro e no segundo ano do ensino médio, o nervosismo continua o mesmo, principalmente porque, neste ano, há aquela expectativa de passar direto — já do terceiro ano para a faculdade. E, com relação ao calendário, mesmo sendo numa data diferente, o nervosismo também é o mesmo. Mas acredito que é um período que vai nos possibilitar aumentar os estudos. Vamos ter essa vantagem. Acredito que há algumas situações que vêm para o nosso bem”, analisa Bryan.
Ainda sobre o cronograma específico na Grande Belém, o jovem completa: “Se a gente fosse fazer a prova durante o período da COP, provavelmente teríamos um transtorno muito grande devido ao movimento intenso que haverá na cidade. Então, isso poderia acabar resultando em pessoas chegando atrasadas ao local de prova, principalmente porque algumas são colocadas em locais muito distantes de suas casas. Os candidatos poderiam ser impedidos de trafegar com tranquilidade pela cidade”.
Treineiro nas edições anteriores do Enem, Bryan relata que essa é uma forma de já se familiarizar com a prova — fator que pode potencializar a preparação. Para este ano, ele diz que já fez a inscrição e que esse momento traz um sentimento ainda maior em relação à preparação para o certame. “Fiz a inscrição no dia 26, logo quando abriu. Só fiquei em dúvida sobre a opção de língua estrangeira, mas eu escolhi espanhol, realmente, porque é a que eu tenho mais facilidade”, conta o estudante.
Alterações no cronograma dividem opiniões
Mesmo que a alteração do cronograma do Enem seja benéfica para alguns, outros candidatos preferem realizar o exame na primeira data, como a estudante Clarice Sales, de 18 anos. Natural de Tucuruí, a jovem, que pretende cursar Ciência da Computação, optou por fazer a prova na cidade onde nasceu. “Ainda vou realizar a minha inscrição quando virar o mês. Estou pensando em fazer a prova na minha cidade, tanto por questões de locomoção quanto por conta das datas diferentes”, relata.
“Ao mesmo tempo em que os estudantes de Belém e cidades próximas vão fazer a prova mais para frente, ou seja, vão ter mais tempo para estudar, pelo que parece, é uma prova totalmente diferente. E ainda vai ser um público totalmente diferente, então, pode afetar o TRI [Teoria de Resposta ao Item]. E, como eu comecei a morar em Belém recentemente, a questão da locomoção pode ser um pouco difícil para mim, principalmente porque eu ainda não tenho tanto conhecimento de quanto tempo leva para chegar a lugares específicos na cidade”, acrescenta a estudante.
Impactos para professores e cursinhos preparatórios
E não é somente o dia a dia de estudos dos estudantes que sofre adaptações devido ao calendário do Enem. Os cursos preparatórios também devem se planejar. O professor de Física, Rômulo Bahia, que leciona no cursinho popular Programa Universidade Aberta (PUA), da Universidade Federal do Pará, enfatiza o impacto desse momento diferenciado. Ele relembra que a preparação deve se manter a mesma: com período de revisões das disciplinas e resoluções de itens, de acordo com a rotina de cada um.
“Vejo a nova data com pontos positivos e negativos. É um pouco exaustiva essa preparação para o Enem. Por isso, quanto mais a gente prolongar isso, mais vai acarretar ansiedade em certos alunos e esse cansaço. Isso porque muitos estudantes precisam fazer um deslocamento difícil até os locais onde estudam; às vezes vêm de longe para participar [das aulas]. E o ponto positivo seria que há um prazo um pouquinho maior para essa preparação em relação aos outros candidatos”, observa o professor.
Com a mudança, professores também poderão explorar de forma específica determinados conteúdos, reforçando a preparação dos vestibulandos. “No cursinho, fazemos o planejamento antes mesmo de iniciar as aulas. Planejamos de forma específica até a data anterior prevista para o Enem. Mas, agora, há mais um período pela frente. Provavelmente, vamos aproveitar para fazer revisões, aplicar provas e até resolver questões. Mas nada que canse o aluno, para que ele não chegue exausto no dia da prova”.
O PUA é realizado há mais de 20 anos na Universidade e oferece material didático e uma estrutura pedagógica para os estudantes, em uma iniciativa do Programa de Educação Tutorial em Física (PET-Física), em parceria com os PETs Letras – Língua Portuguesa, Biologia e Geografia da UFPA. Para o primeiro semestre de 2025, as vagas já foram preenchidas. No entanto, o professor Rômulo lembra que novas seleções podem ser realizadas para a segunda metade do ano.
Adequações na rede estadual de ensino
Na rede estadual de ensino, a aplicação das provas do Enem não afetará o preparatório dos estudantes do ensino médio, garante o secretário de Estado de Educação, Rossieli Soares. “É importante lembrar a importância da COP, que vai acontecer exatamente nos dias de aplicação nacional das provas do Enem. E, para não ter prejuízo, o Inep providenciou seguir o calendário estadual. Belém, Ananindeua e Marituba têm um calendário especial”. “Teremos 15 dias de férias em julho e outros 15 em novembro”, completa Rossieli.
A mudança no calendário escolar letivo, segundo o secretário, é válida não somente para as escolas públicas, mas também para as escolas particulares do Pará. O titular da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) também garante que, com as novas datas, a rede estadual tem “a possibilidade de fazer complementos de estudos”. “A gente vai fazer, inclusive nesse período, aulas extras para os alunos continuarem se preparando”, completa Rossieli Soares ao falar que a medida da nota deu após diálogo entre o governo estadual e federal.
Para além dessa adaptação, a Seduc detalhou, por meio de nota, que, entre as iniciativas preparatórias, destaca-se o projeto Enem Pai D’Égua. A ação oferece aulas preparatórias para o exame, transmitidas pelo canal 7.2 a partir da segunda quinzena de junho, contemplando todas as áreas do conhecimento. As escolas estaduais ainda oferecem reforço escolar em todas as etapas, com foco especial na 3ª série do Ensino Médio. Estudantes também participam de aulas pré-Enem nas Usinas da Paz.
Outras iniciativas, como aulões, são realizados pelas Diretorias Regionais de Ensino (DREs). Também segundo a Seduc, em 2024, a matriz curricular da rede estadual foi ampliada de 1.800 horas para 2.400 horas, com aumento da carga horária de disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática, Biologia, Química, Física, História e Geografia. “A Seduc reforça que também garante a oferta das disciplinas como Inglês, Filosofia, Sociologia, Educação Física e do novo componente de Educação Ambiental, Sustentabilidade e Clima”, finaliza a nota.
Metodologia do Enem segue a Teoria de Resposta ao Item (TRI)
Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palacios, desde 2009, o Enem utiliza uma metodologia para a construção das provas, conhecida como a Teoria de Resposta ao Item (TRI), a qual possibilita que cada questão que entra nas provas tenha sua dificuldade conhecida e o teste, em conjunto, tenha o mesmo grau de dificuldade para todos aqueles que fazem o Enem. “Não há diferença do ponto de vista do nível de dificuldade e do que vai ser avaliado nas provas entre cada edição do Enem, tanto em diferentes anos quanto em diferentes momentos por conta de datas diferenciadas para a aplicação do Enem”, garante.
"Não há diferença do ponto de vista da dificuldade das provas e das habilidades que estão sendo avaliadas para cada edição do Enem. Isso quer dizer que as provas aplicadas em todo o país nos dias 9 e 16 de novembro terão o mesmo grau de dificuldade das provas aplicadas em Belém, Ananindeua e Marituba. A previsão é de aplicação no dia 30 de novembro e 7 de dezembro”, reforça Palacios.
“Fiquem todos tranquilos, se preparem e façam uma excelente prova. E não se esqueçam, as inscrições vão até o dia 6 de junho. Acesse o endereço www.enem.inep.gov.br e faça a inscrição”, orienta o presidente do Inep.
Cronograma e datas do Enem 2025
- Pedidos de isenção da taxa de inscrição e justificativa de ausência da edição anterior: 14 de abril a 2 de maio
- Resultado preliminar da isenção e justificativa de ausência: 12 de maio
- Recursos da isenção e justificativa de ausência: 12 a 16 de maio
- Resultado definitivo da isenção e justificativa de ausência: 22 de maio
- Inscrições: 26 de maio a 6 de junho
- Provas — no Brasil: 9 e 16 de novembro
- Provas — em Belém, Ananindeua e Marituba: 30 de novembro e 7 de dezembro
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