Evento de brechós movimenta Belém neste domingo (1º) com moda circular e consumo consciente
Iniciativa reuniu mais de 50 empreendedores em edição especial do Circular Campina Cidade Velha

Quem escolheu passar a manhã do domingo (1º) em Belém encontrou uma programação diversa e gratuita no Encontro de Brechós Bora Garimpar Belém (BGB), realizado na Sala Vicente Salles, no Memorial dos Povos, bairro de Nazaré. A edição especial integrou a programação do projeto Circular Campina Cidade Velha e reuniu mais de 50 brechós digitais em um circuito cultural voltado ao consumo consciente, à valorização da moda circular e ao fortalecimento da economia criativa na capital paraense.
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O evento começou às 10h e seguirá até às 17h, oferecendo ao público gastronomia com sabores regionais, atrações com músicas juninas e espaço dedicado ao público infantil. A iniciativa teve apoio da Secretaria de Cultura e Turismo de Belém (Setur) e reforça os debates em torno da sustentabilidade, especialmente na preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30).
Idealizado por Ana e Alex Gibson, o BGB é um projeto itinerante há mais de dois anos, e que, hoje, conta com espaço físico no 2º andar da Casa Namata. Para esta edição, reuniu mais de 7 mil peças de roupas e acessórios de segunda mão, garimpadas por empreendedores que apostam em uma moda sustentável, acessível e cheia de estilo.
“Trabalho com brechó há mais de 13 anos e, através do meu próprio brechó, tive a ideia de criar encontros para justamente criar uma identidade com a nossa cidade relacionada à moda circular e sustentável”, explicou Ana, que trabalha também como advogada e é vice-presidente da Comissão de Direito da Moda da OAB Pará.
A empresária do ramo de moda circular comentou, que além da comercialização de roupas e acessórios, o evento também promove a ocupação de espaços culturais com propostas sustentáveis.
Ela enfatizou a importância de repensar os hábitos de consumo. “A moda circular é aquela que retorna para alguém. Já a moda linear termina no descarte. Nosso objetivo é mostrar que o brechó oferece uma alternativa de consumo consciente, com peças únicas, raras e cheias de história”, disse.
Além do aspecto cultural, o evento tem uma forte ligação com a pauta ambiental. “A indústria da moda é a segunda mais poluente do planeta. Levantar a bandeira da COP é parte do nosso compromisso. Precisamos trazer essa reflexão para o consumo de moda”, acrescentou.
“Estamos ajudando a movimentar a economia da cidade e a dar novas chances para peças que, de outra forma, iriam parar em um lixão”, complementou Ana.
Experiência
A estudante Alana Lara Rodrigues, de 16 anos, aproveitou a visita aos museus de Belém para conhecer de perto o evento. Durante a passagem pelos estandes, a jovem destacou o interesse não só pelas roupas, mas também pelo ambiente cultural.
Consumidora recente de brechós, ela diz que ainda está se familiarizando com o universo da moda circular. “É a minha terceira vez vindo em brechó, ainda estou aprendendo”, comenta.
Mesmo assim, já percebe os atrativos do formato. “O que mais chama atenção é a variedade e o preço. A gente fica curioso, porque pode encontrar peças antigas, até mesmo de marcas, por um preço acessível”, disse.
Movimentação da economia local
Marvin Araújo, 33 anos, dono do brechó Conexão Bazar, participou pela primeira vez. Barbeiro e modelo, ele começou o projeto reunindo peças do próprio guarda-roupa e hoje investe na curadoria de itens, principalmente calças de alfaiataria. “O público está curtindo muito. Muita gente vem atrás de calça e camisas. Os preços são acessíveis e as marcas conhecidas. O público masculino também está se identificando com a proposta”, comentou.
O microempreendedor relatou que a iniciativa nasceu da demanda espontânea nas redes sociais. “As pessoas viam minhas postagens e perguntavam sobre as peças. Decidi transformar isso em um bazar e tem dado certo. É uma forma de renovar meu próprio estilo e ainda gerar renda”, contou.
Já a empreendedora Gilanna Falcão Ferreira, 30 anos, é veterana no BGB. Ela comanda o Brechó Florindas, que funciona em um espaço adaptado em sua residência. Participante desde as primeiras edições, ela reforça que os eventos proporcionam visibilidade e fortalecem redes de contato. “Sempre conseguimos vender bem, conhecer novos clientes e expandir nosso alcance nas redes sociais. É uma oportunidade real de crescimento”, disse.
Seu brechó trabalha com peças em sistema de consignação: “As pessoas nos procuram para deixar roupas que não usam mais. Nós vendemos e repassamos uma porcentagem. Isso estimula o desapego consciente e contribui para a economia circular. Temos clientes parceiros que estão conosco há mais de dois anos”.
Gilanna também ressalta o impacto ambiental positivo do brechó. “Nem todo mundo sabe para onde destinar as roupas. Às vezes, não doam por falta de tempo ou opção. Então, o brechó se torna essa ponte. Mais do que comprar barato, é preciso entender que estamos ajudando o meio ambiente”, declarou.
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