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Em Ananindeua, paradas de ônibus ficam na propaganda após licitação de R$ 4,2 milhões

Ao todo, 200 abrigos de ônibus estavam previstos para serem entregues pela prefeitura, mas apenas cinco foram instalados

O Liberal
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Paradas de ônibus sem cobertura e em locais improvisados, deixando os usuários do transporte público sujeitos ao sol e à chuva, são a realidade em vários pontos de Ananindeua, inclusive em áreas centrais da cidade. Para se proteger das intempéries, moradores recorrem a marquises de lojas. Em muitos locais, os abrigos são improvisados, sem qualquer sinalização; em outros, há apenas uma placa indicando que ali é um ponto de ônibus. Nada além disso. Em 2022, a prefeitura de Ananindeua
firmou contrato no valor de R$ 4.279.699,00 para a instalação de 200 novos abrigos no município.

 


 

O cenário atual contrasta com a propaganda feita pela gestão municipal naquela época, quando foi anunciada a implantação de abrigos de ônibus de aço inoxidável, modernos e iluminados, localizados inicialmente na avenida SN 3, que conecta os conjuntos Cidade Nova 2, 3, 4 e 8. À época, a Prefeitura informou que as estruturas seriam adquiridas por meio de licitação pública e instaladas gradativamente em diversos pontos da cidade, totalizando 200 unidades.

De acordo com o contrato assinado em 8 de setembro de 2022, a empresa Avantti Indústria e Comércio de Mobiliários Urbanos, Esportivos e Lazer é responsável pelo serviço. Cada abrigo custaria aos contribuintes cerca de R$ 27 mil, mas, quase quatro meses após o início da execução, apenas cinco pontos foram entregues - todos na avenida SN 3.

Em outubro de 2025, o que se vê é um quadro de total descaso. Moradores relatam que muitas dessas paradas estão abandonadas e com a estrutura comprometida. Na manhã desta terça-feira (21), o universitário Plácido Neto, de 23 anos, aguardava o ônibus sob uma marquise de uma loja na avenida Dr. Nonato Sanova, uma das mais movimentadas de Ananindeua. Ele descreveu a precariedade do local.

Paradas de ônibus seguem precárias em Ananindeua

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“Olha, essa parada aqui em si, ela é improvisada. Ela é meio que improvisada. Mas, por causa do fluxo de pessoas, eu acho que não chega a ser algo muito prejudicial. Agora, as outras paradas ao longo dessa rua aqui, elas são bem complicadas para pegar ônibus”, disse. “Isso porque as paradas são improvisadas. As calçadas não estão no mesmo nível. Elas são todas desniveladas e têm uma diferença muito grande, tanto na altura quanto na largura das calçadas. A maioria das paradas, principalmente para quem tem dificuldade de locomoção, quem é idoso, crianças, fica muito complicado. Principalmente porque os motoristas não param”, contou.

image “Está um caos nessas paradas”, diz aposentado Manoel Matias, de 74 anos (Foto: Thiago Gomes/O Liberal)

O universitário fez um apelo às autoridades. “Olha, acho que poderiam pelo menos finalizar onde ficam as paradas, porque a maioria dos pontos de ônibus é por ‘convenção’. Muitas pessoas ficam naquele ponto. Então vai se criando um acordo não verbal entre as empresas e os passageiros, porque são poucas as paradas que têm realmente ponto de ônibus. Dá para contar a da Praça da Bíblia, que foi reformada recentemente, e em frente ao shopping (na avenida Mário Covas). Fora essas, são paradas sem cobertura”, afirmou.

Na mesma avenida, mas do outro lado da via pública, usuários enfrentam a mesma situação: um ponto sem abrigo, apenas com a placa indicativa. A calçada é estreita e irregular. Enquanto aguardam o ônibus, pedestres passam pelo local, reduzindo ainda mais o espaço.

“Está um caos nessas paradas”, diz aposentado de 74 anos

Sob o sol forte, seu Manoel Matias, aposentado de 74 anos, esperava o ônibus em meio a esse desconforto. “Tem que ficar no sol e na chuva. Sem falar o problema do transtorno: também não tem muito conforto aqui, essa parada aqui também não. Você vê que é muito estreita, é passagem de pedestre, é passagem de tudo aqui. E a calçada está irregular. Para mim, que sou idoso, isso atrapalha. Uma buraqueira medonha. Está um caos nessas paradas”, desabafou. Seu Manoel também cobrou providências do poder público: “É para eles reverem e fazerem a obrigação, porque nós colocamos eles lá no poder deles. Eles têm que cumprir o papel, até porque prometeram, e a promessa não apareceu até agora. É o nosso direito de ir e vir com dignidade. É um direito nosso, como é o direito deles de fazer também”.

image Para se proteger do sol, Heledi Monteiro (com o celular na mão): "Bora colocar uma parada de ônibus aqui. Uma parada original, com cobertura e tudo" (Foto: Thiago Gomes/O Liberal)

Sem proteção contra o sol, passageiros usam guarda-chuva

Na avenida Mário Covas, a situação é a mesma: sol, chuva e calçada irregular Em outro ponto, desta vez na avenida Mário Covas, um pouco depois da passagem Santa Lúcia, em direção à rodovia BR-316, o cenário se repete. Sem cobertura e expostos ao sol e à chuva, passageiros que utilizam o transporte público enfrentam dificuldades diárias enquanto aguardam o coletivo. No local, há apenas uma placa indicando que ali é um ponto de ônibus, mas nenhuma estrutura que ofereça abrigo ou conforto.

Para se proteger do sol forte, o jeito é usar guarda-chuva. É o caso, por exemplo, da dona de casa Heledi Monteiro, de 53 anos. Moradora do município, ela contou que o problema é antigo. “A gente fica sofrendo debaixo desse sol aqui e da chuva. Quando tem chuva, molha todo mundo”, contou. Para tentar amenizar os transtornos, Heledi contou que precisa se preparar antes de sair de casa. “Já venho com o guarda-chuva, preparada para pegar esse sol”, afirmou.

Ela também faz um apelo à prefeitura. “Bora colocar uma parada de ônibus aqui. Uma parada original, com cobertura e tudo”, pediu. Heledi observou que o problema se arrasta há anos. “É um problema que vem de muito tempo. Depois que mudou (a parada)... era ali na frente. Lá também não tinha. Passou para cá e continua a mesma coisa”, lamentou, enquanto aguardava o ônibus que a levaria para Marituba. Mais adiante, e já mais próximo da BR-316, há uma parada de ônibus, bem em frente a um shopping, com a estrutura precária. A cobertura está inclinada, parecendo que pode desabar a qualquer momento. O assento para os passageiros também está deteriorado. E isso, também, em uma área bastante movimentada de Ananindeua, onde é intenso o fluxo de pedestres, ciclistas, motociclistas, carros particulares e ônibus, entre outros.

A reportagem do Grupo Liberal entrou em contato com a Prefeitura de Ananindeua, em busca de um posicionamento para o caso, mas não obteve respostas até o fechamento desta edição. Também procurado, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setransbel) informou que "não possui responsabilidade sobre os abrigos instalados nas paradas de ônibus". "As empresas associadas respondem unicamente pela operação e manutenção de suas respectivas frotas", disse a entidade.

 

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